Capítulo 8- Procura por uma desconhecida

7.3K 631 76
                                    


Sophia

Correr, correr, correr, correr, correr. É tudo o que consigo fazer. Está tudo escuro, não dá pra enxergar nada. A cada passo que dou sinto como se estivesse dando três pra trás. "Corra, corra, corra, menina", uma voz fala em meio a escuridão. Não consigo ver de quem se trata, muito menos de que direção vem. Sinto meu corpo dolorido pela corrida, mas não consigo parar, só correr. Caio no chão após tropeçar em algo e sinto a escuridão chegando cada vez mais perto. E, antes que ela me tenha por completo, eu acordo.

  Me sento na cama rapidamente, sentindo todo meu corpo em alerta. Respiro fundo, enchendo meus pulmões. Meu coração pulsa loucamente e o suor frio está escorrendo pelo meu pescoço até as costas. Prendo o cabelo no topo da cabeça, formando algum tipo de nó. O relógio ainda marca cinco horas e o céu mal amanheceu.

 Certa de que não irei mais conseguir dormir, me levanto indo direito para o banho. Assim que o termino, vejo meu celular acender em cima da mesa, mostrando uma nova notificação. Me sento na cadeira, rodando pelo quarto enquanto abro na mensagem da Dalila.

" Saio hoje do hospital. Vamos nos encontrar? E se falar que está ocupada estudando eu mesma te mato"

 Marco com ela por volta das duas horas e coloco o celular em cima da mesa. Não tenho muito o que fazer agora; se eu dormir, não irei acordar para a aula, mas ainda falta quase uma hora para que eu saia de casa.

 Começo a anotar algumas coisa e aproveito para organizar a aula que terei com Luke hoje.

 Em poucos minutos, meu pai entra no quarto. Ele está com o cabelo preto molhado e a roupa azul por baixo do pijama cirurgico. Ele franze a sobrancelha ao me ver acordada e continua se aproximando, até se sentar ao meu lado.

- O que faz acordada tão cedo?- Ele coloca a mão na minha testa, procurando algum sinal de febre ou qualquer outra coisa.- Está se sentindo bem?

- Estou, pai. Não tem nada de errado, apenas tive um pesadelo e não consegui voltar a dormir.

 Ele me olha desconfiado, sem saber ao certo se deve acreditar no que digo. Mesmo sabendo que não sou de mentira, ele ainda parece em conflito, mas parece aceitar que digo.  Então finalmente dá de ombros e só passa a mão pelo meu cabelo.

- Se você diz, filha. Vou tomar café da manhã, quer fazer companhia  para seu velho pai?

- Eu adoraria, irei terminar aqui e já desço para comer com o velho.

- Então, irei tentar cozinhar algo sem colocar fogo na cozinha e no resto da casa e te espero.

   Escreve algumas coisas em uma agenda e aproveito para arrumar a mochila. Meu celular apita algumas vezes, com uma Zoe furiosa por ter esquecido a lição de biologia, já que estava dormindo em aula. Quando desço as escadas, consigo sentir o cheiro de panquecas queimas antes mesmo de entrar na cozinha.

- Ainda bem que você é cirurgião e não cozinheiro- Ele se vira para mim, me ameaçando com uma espátula.

- Engraçadinha. Senta e come o carvão. Mas tem mel no armário, se quiser amenizar o gosto de panqueca fora do ponto.

- Fora do ponto? Papai, tenho certeza que se jogar isso na parede, e a parede que quebra.- Sua cara murcha em uma careta descontente pelo comentário. Ele levanta a frigideira, mostrando sua outra tentativa de comida.- Oh céus, eu faço um ovo pra gente. Se senta.

 Ele larga a frigideira sem contestar e pega o café e me serve uma grande xícara, a deixando do meu lado. Ele pega o celular para olhar as notícias e me encara algumas vezes, me observando fazer uma simples ação.

Tudo culpa da garota do diárioOnde histórias criam vida. Descubra agora