Marca da Besta

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ALEC LIGHTWOOD

Encarei Isabelle sem reação. Mesmo que seja apenas uma teoria, não consigo acreditar nisso. A Evie não é o coruja, ela não pode ser o coruja.

— Não, Isabelle. A Evie não é o coruja — neguei mais pra mim mesmo do que pra ela.

— Alec...

— Eu vou ligar pro Magnus, vamos nos reunir e conversar sobre isso. Não vou descansar enquanto não entender o que tá acontecendo — sai da sala apressado.

EVIE RODWELL

Meus olhos se abriram de forma devagar e soltei um baixo resmungo. Eu estava muito melhor dormindo, sem falar, sem me mexer, sem pensar em nada. Assim que acordei, a culpa voltou a cair sobre minhas costas. Aquele vazio no peito, e como se vozes em minha cabeça diziam que sou culpada por tudo.

Eu me lembro quando Luke avisou que mundanos no mundo das sombras não é algo bom, mas nunca imaginei que eu o levaria para a morte, que eu o mataria.

A única coisa pela qual agradeço é de não lembrar de como matei ele, seria um fardo demais para carregar.

Toda vez que olho para as minhas mãos,  eu lembro das minhas mãos sujas, do meu corpo. Eu me sinto suja, imunda. Eu derramei sangue de uma pessoa inocente. Eu tirei um filho, um irmão, de uma família.

Se eu soubesse que as coisas seriam dessa forma, eu jamais teria deixado que ele viesse comigo para Nova York, ou melhor, eu nunca teria me envolvido com ele e evitaria muita coisa.

Me levantei da cama e fui pro banheiro tomar outro banho. Eu senti as lágrimas voltarem a escorrer pelo meu rosto, e mesmo que eu tentasse não chorar mais, eu não conseguia.

Ateei fogo naquele vestido usando a runa, pois não queria nenhuma lembrança daquele hotel.

Escolhi um vestido preto de manga longa com uma coturno. Parei em frente do espelho e pude reparar nos olhos vermelhos e a minha palidez.

Eu senti aquela força tentando me dominar, aquela força maldita que me fez matar ele.

— NAAAAAAO — Gritei socando a parede. Eu soquei e soquei inúmeras vezes para tentar resistir aquilo, para machucar qualquer coisa que não fosse outra pessoa.

A parede começou a se manchar com meu sangue, e eu sentia aquele incômodo na minha mão. Eu poderia quebrar ela a qualquer momento, mas nada doía mais do que eu estava sentindo. Aquela força estranha apenas aumentava, tentando me dominar. Foi quando uma mão segurou meu braço, me impedindo de continuar a socar a parede.

— Para com isso, Evie.

Eu me desesperei mais ao ouvir a voz de Alec, eu poderia machucar ele e não quero machuca-lo. Eu sentia o meu controle indo e sendo dominada cada vez mais.

— ME SOLTA, ALEXANDER — Me debati para que me soltasse, mas Alec me puxou pra ele e me prendeu.

— Calma, Evie — sussurrou acariciando meu cabelo. Aproveitei sua distração e lhe dei uma rasteira, só que ele me puxou junto pro chão.

— NÃO, ALEC. EU TÔ TE PROTEGENDO.

Tentei me levantar, mas Alec subiu em cima de mim. Ele apertou suas pernas no meu quadril e prendeu meus braços acima da cabeça, me deixando completamente imóvel. Eu continuei me debatendo, mas não havia escapatória.

— Por favor, Evie. Não faz isso com você mesma — havia desespero no seu tom de voz.

Mas como vou explicar pra ele que se continuar em cima de mim, vou acabar matando ele?

𝙈𝙚𝙢𝙤𝙧𝙞𝙚𝙨 ○ 𝓫𝓸𝓸𝓴 3Onde histórias criam vida. Descubra agora