Transfusão de magia

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EVIE RODWELL

Eles ainda não haviam chegado da caçada a Iris, e eu me sentia sozinha ali. Decidi procurar a única pessoa que poderia me fazer companhia, e até mesmo me entender. Meu pai.

Bati na porta do seu quarto, e torci para que ele estivesse ali. Meu pai vive viajando para vários países sem nem ao menos sabermos, tudo através de portal.

Não demorou muito para ele abrir a porta e sorrir pra mim.

— Posso lhe fazer companhia? — perguntei com um sorriso envergonhado.

— Claro que pode, estava justamente lhe pintando.

Entrei em seu quarto assim que me deu espaço. Havia uma tela com uma pintura minha no canto da sala.

— Eu queria conversar com você, tive uma sensação ruim com você mais cedo — disse enquanto voltava até a tela. Eu me sentei em sua cama e continuei meu desenho. Eu também estava me desenhando, como feiticeira.

— Não entendo o que pode ter sido — menti.

Não quero que meu pai sonhe que tentei me matar afogada, não quero que se preocupe comigo.

— Acho que precisa conversar sobre o que aconteceu em Edom — me encarou por alguns segundos, antes de voltar  a pintar — Eu sei que você mudo, Evie. Eu percebi isso. Os demais não, mas eu sim.

Não ousei levantar o olhar para lhe encarar, eu não conseguia.

— Não somos como lobos e vampiros, que eram humanos e se tornam o que são. Nós nascemos assim, com magia e sangue demoníaco, imortais. Shadowhunters não entendem que para nós, é tudo o que somos. Para Alec e os demais, você se acostumaria com essa vida, mas apenas nós sabemos que não funciona dessa forma.

Enquanto meu pai falava, eu senti meus olhos marejarem. Eu não queria chorar na frente dele.

— Eu sinto que Alec está feliz comigo sendo mortal — falei baixo, mas sei que me escutou — Ele sempre quis uma mulher mortal, mas eu não me sinto bem assim.

— Foi sabendo o que sentiria, que não quis que tivesse oferecido isso para Asmodeus. Enquanto Alec ganhava a esposa dos sonhos, eu perdia a minha filha.

As lágrimas começaram a descer pelo meu rosto, e vi meu pai ficar com a postura tensa, mas ele não se virou.

— O único motivo pela qual me manti de pé, foi sabendo que ainda teria você aqui. Mesmo sem a sua mãe, eu teria você pela eternidade, mas perdi isso também.

— Quando chegar a minha hora de morrer, o que irá fazer? — observei as lágrimas molharem o papel na qual estava meu desenho.

— Eu não sei, mas continuarei te amando e fazendo qualquer coisa que honrasse sua memória.

Os soluços escaparam da minha boca. Aquilo já estava suportável, eu não aguentaria mais. Eu precisava fazer algo que amenizasse isso tudo.

— Eu preciso ir — deixei meus cadernos por ali mesmo, e fui para a saída.

— Existe certas coisas que são feitas para acontecer, mesmo que tentemos impedir. Eu não posso impedir, o que sei que irá fazer, mas cuidado com as consequências disso — meu pai sussurrou de cabeça baixo.

Ou meu pai é algum tipo de feiticeiro vidente, ou ele me conhece até demais.

Apenas lhe dei um último olhar e sai dali. Só havia uma pessoa que poderia me ajudar, e terei que deixar meu orgulho de lado.

                           XXX

— A que devo a honra da visita de Evie Rdowell em minha humilde casa? — Lorenzo rodopiou com sua magia, vindo até mim. Exibido.

𝙈𝙚𝙢𝙤𝙧𝙞𝙚𝙨 ○ 𝓫𝓸𝓸𝓴 3Onde histórias criam vida. Descubra agora