𝙈𝙚𝙢𝙤𝙧𝙞𝙚𝙨 ○ 𝓫𝓸𝓸𝓴 3

Viva

EVIE RODWELL

Se passou algumas horas desde que eu e meu pai havíamos chegado na Suíça. Ele havia feito biscoitos e chás para nos esquentar, fazia um tremendo frio lá fora e a neve não parava de cair. Nada que eu já estivesse acostumada.

Foi bom ficar ali, apenas sentindo o carinho do meu pai. Mesmo que o vazio que eu sentia tenha sido preenchido pela minha magia, meu coração ainda estava machucado.

Eu praguejei tanto por ter voltado com Alec quando estava sem memórias, eu teria evitado tanta coisa. O que mais me deixa irada, é que apesar de tudo eu ainda amo aquele shadowhunter filho da....Tudo bem, Maryse não merece ser chamada de puta.

Eu realmente não deveria ter me envolvido com um shadowhunter, eu deveria ter procurado um feiticeiro. Eles são mais maduros e compreensivos pelos anos de vida, seria mais fácil.

— Pai, eu vou dar uma volta — avisei alto enquanto arrumava os enormes casacos sobre mim.

— Toma cuidado — gritou da cozinha e sai da casa.

O vento gelado me pegou assim que sai, mas os casacos tão grossos não me faziam sentir tanto frio. Eu comecei a caminhar pela neve, mais devagar do que pretendia com os pés se afundando, mas ainda sim não vi problema. Eu só estava caminhando pra esfriar a cabeça também, e deixar de ser tão burra.

Observei as árvores secas bem decoradas com a neve, uma ótima paisagem de se ver. Havia uma descida enorme mais a frente, e assim que fui até ela, vi que tinha uma pessoa com um capuz azul ali.

Como todo ser que tem compaixão ao próximo, eu desci correndo a descida — quase caindo — e corri até a pessoa com capuz, até que sua cabeleira ruiva.

— É o que tô pensando? — sussurrei me aproximando mais.

Assim que puder ver o rosto da pessoa, quase cai de costa ao ver Clary ali. Seu rosto estava mais pálido que o normal, os olhos arroxeados e parecia com frio. Com certeza estava com frio. A blusa de manga era muito fraca, e só aquele capa não lhe esquentaria.

— Me ajuda — sussurrou antes de apagar.

Movimentei minhas mãos abrindo um portal pra dentro da minha casa. Eu não conseguiria chegar lá a tempo carregando ela. A empurrei pra dentro do portal e entrei em seguida.

Meu pai saiu da cozinha apressado e pareceu incrédulo ao ver a ruiva no chão. Eu a levantei pelos braços e a coloquei no sofá.

— Acredite, também não sei como ela está viva — respondi o seu olhar de interrogação.

Corri pro meu quarto e revirei todo o guarda roupa, voltando com cobertores quentes pra aquece-la. Meu pai já estava perto dela usando sua magia para acorda-la, o que deu resultado. Clary acordou puxando o ar com força.

— Ele, ele estava atrás de mim....ele tava vindo até mim — disse ofegante. Agachei e toquei seus ombros.

— Se acalme, Clarissa. Sou eu, Evie. Lhe encontrei jogada no meio da neve.

Clary respirava de forma descompensada, mas relaxou ao ver que sou eu.

— Beba — meu pai lhe ofereceu uma xícara de chá, o que ela pegou de bom agrado — O que aconteceu com você, menina?

— Todos pensam que você morreu — me sentei no chão, ali mesmo em frente à ela.

— Quando Simon atingiu Lilith com a marca de Caim, antes de ser banida pra Edom, ela fez um feitiço que me transportou até uma casa aqui na Suíça com Jonathan. Sim, Jonathan está vivo. Lilith fez uma runa ligando nossas vidas, se machucar um, machuca o outro também. Essa casa é capaz de nos mandar para qualquer lugar que quisermos ir através das linhas ley, apenas eu e Jonathan podemos utilizar. Ele pretendia me levar para Paris, mas consegui fugir antes disso acontecer. Só que estava tão fria, e eu não havia comido nada que...