cinco

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nota: na coreia, a maioria dos restaurantes que entregam por delivery, entregam também pratos e talheres. Quando as pessoas da casa terminam de comer, deixam a louça suja para fora da porta, e então os motoboys passam buscar para levar de volta para o restaurante.

J I M I N

Eu sempre soube que não sou o melhor quando a tarefa é segurar lágrimas, mas não imaginei que entraria em tanto desespero ao me despedir de vovó Boo.

Segurava duas malas cheias de roupa e pertences pessoais, enquanto uma van preta e provavelmente cara, enviada pela empresa, me esperava do lado de fora de nossa casa.

Minha avó chorava dolorosamente, como se estivesse adiantando as lágrimas de toda a saudade que iria sentir de minha companhia. Ela passou a mão por meu cabelo, meu rosto, beijou minhas bochechas e repetiu milhares de vezes que me amava.

Tudo tinha um clima pesado e trágico, como se eu nunca mais fosse voltar. Eu vou, claro, mas para quem nunca ousou pensar na ideia de abandonar a avó, o que eu estava fazendo era algo um tanto quanto radical, e exageradamente doloroso.

Jihyo também estava ali, e queria até manter a pose de durona que ela sempre tenta forçar, mas não demorou para chorar como um bebê, assim que a abracei.

Uma hora ou outra eu teria que definitivamente dizer adeus e ir, já que já fazia um bom tempo que o motorista estava me aguardando. Envergonhado por ter feito ele esperar enquanto via aquela cena dramática e cheia de choro, eu finalmente entro no carro, e vejo minha casa ficando cada vez mais longe conforme ele dirige.

Panqueca estava agitada em meu colo, por não saber onde estavam nos levando. Foi difícil convencer minha avó a me deixar levá-la comigo. Seu argumento era que ficaria sozinha sem a gata, e o meu que eu precisava dela para apoio emocional na minha nova fase. Discutimos por um bom tempo, mas finalmente a fiz ceder, e mais tarde convenci Jihyo a prometer que iria visitar a senhora todo dia, para fazer companhia.

– Calma, filha – falei baixinho para a bichinha, enquanto fazia carinho em seu pelo – Vai ficar tudo bem.

Rezei para que ela se acostumasse no novo apartamento, já que se isso não acontecesse teria que levá-la novamente para viver com minha avó.

– Você trabalha a muito tempo como motorista? – perguntei, tentando deixar a viagem um tanto menos silenciosa.

– Sim, sr. Park – quase engasguei quando ele me chamou pelo sobrenome desse jeito – Mas atualmente minha tarefa é trabalhar exclusivamente para você e o sr. Jeon. Vocês podem me contatar a qualquer minuto e dia da semana, estarei disponível.

Ele era pago para falar com os passageiros como se fossem pessoas chiques e importantes? Se era, estava fazendo um ótimo serviço, já que senti meu ego se elevando após sua frase.

– Qual é seu nome?

– Lee Seokmin, senhor – ele falou, como se estivesse assustado, tentando pronunciar as palavras da forma mais educada possível.

– Seokmin... Ah, posso te chamar só pelo nome? – não esperei sua resposta para continuar falando – Seokmin, não precisa me chamar de sr, ok? Eu sou só um adolescente... Pode me chamar de Jimin, já tá de bom tamanho!

Vi seus olhos se arregalarem pelo retrovisor. Ele devia lidar com pessoas soberbas e arrogantes o tempo todo, pessoas com quem ele não poderia trocar mais de uma dúzia de palavras. Talvez, tudo que Seokmin precisasse, era alguém para ser gentil com ele.

– Ah... – ele falou, incerto – Tem certeza, sr. Park?

– Tenho – confirmei, sorrindo para ele – e é só Jimin!

THE UNIT • jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora