THE UNIT • jikook

vinte e três

J I M I N

Eu nem precisei raciocinar direito para entender de quem vinha aquela mensagem. A pessoa que mais tinha me ameaçado e me perseguido por semanas. Miso.

Só não fazia sentido. Como ela havia me enviado mensagem, se, tecnicamente, estava presa?

Aparelhos celulares são confiscados quando a pessoa vai para a cadeia.

Sendo assim, não poderia ser ela. Mas também, eu não tinha ideia de quem seria.

Meu peito apertou ao pensar naquilo. Eu não teria paz nunca?

Sem conseguir desvendar quem seria o autor ou autora, decidi falar com Jungkook sobre aquilo.

－Kook －a preocupação pesava em minha voz －Eu recebi uma mensagem...

Ele colocava um par de meias em seus pés descalços.

－E aí?

Apertei o celular em minhas mãos, que já estavam começando a suar. Minhas sobrancelhas estavam franzidas, e meu olhar vagando pelo cômodo.

－É uma ameaça.

Ao ouvir minha resposta, qualquer tipo de tranquilidade que estava presente em seu ser se desfez, se esvaiu, desapareceu completamente.

－Como assim? －terminou de colocar as meias na velocidade da luz, se levantando para andar até mim －O que a mensagem diz?

Apenas entreguei meu celular para ele, sem conseguir falar em voz alta. Ele fitou a tela branca com a mensagem em cinza, com aquelas três palavras.

O número era desconhecido e não tinha foto de perfil, nem sequer uma conversa anterior.

Porém, Jungkook não pareceu ter dúvidas de quem havia mandado.

－É Miso de novo.

Finalmente o olhei nos olhos, enquanto ele ainda observava a mensagem, como se algo novo fosse aparecer se a lesse várias vezes.

－Também pensei nisso －desabafei －Mas como? Ela está na cadeia, e não tem nem como ter um celular lá dentro.

Seus olhos enfim deixaram a tela, para me observarem. Pareciam carregar culpa. Continuei:

－Ao menos que ela tenha conseguido contrabandear um. Mas eu duvido...

Jungkook não parecia estar escutando, era como se estivesse ocupado demais com seus pensamentos.

－Jimin-ah...

Aquele simples e singelo chamado me preocupou. Era como se ele soubesse algo que eu não sabia, e estivesse prestes a contar.

E minha intuição estava certa, já que ele soltou:

－Ela não foi presa ainda.

Senti como se meu coração tivesse parado por um microssegundo, e realmente deve ter parado, já que o efeito daquela frase em mim foi assustador.

－Do que você tá falando? －me afastei dele, franzindo as sobrancelhas, desesperado para ouvir que tudo aquilo era uma pegadinha.

－Jimin, eu preciso te contar uma coisa －respirou fundo, se preparando para começar －Miso não foi para a cadeia. Está em prisão domiciliar.

Era melhor que nada, claro, mas a garota era tão maluca que eu não duvidava que fosse desrespeitar a prisão domiciliar.

Se tinha mandado uma mensagem ameaçando, foi por ter intenções de não respeitar.