INFINITOS "LIVRO I SÉRIE DESTINADOS"

PRÓLOGO

"Você tem aquele olhar de
James Dean, sonhador
Eu tenho lábios vermelhos, algo clássico que você gostaE quando nós desabamosConseguimos ressurgir, todas as vezes"
Style- Taylor Swift

     26/02/2013

Aquela era com certeza uma das manhãs mais quentes cuja havia presenciado. Eu usava pouca roupa; uma saia curta, regata branca e ainda assim, algumas gotas de suor escorreram pelo meu rosto.

Limpei as migalhas de pão sobre a mesa antes que vovó reclamasse, segundo ela, aquele era um dos meus péssimos hábitos. Eu não era muito organizada. Beberiquei o pouco café que ainda restava na xícara e ao lavar a louça, ofeguei.

Estava um tanto entediada e aquilo era o que mais odiava por viver em uma cidade pequena, não havia muito que fazer, além de ir à praia e como meus vizinhos tanto apreciavam, falar sobre as vidas alheias.

Ao olhar o relógio deduzi que ainda tinha um pequeno tempo antes de ter de preparar o almoço, naquela tarde toda a família se reuniria. Bem, daquilo gostava, era bom ter aqueles que eu mais amava sempre por perto, rodeando a mesa, uma das únicas vantagens de se morar na pequena cidade. Todos criavam raízes próximas aos outros. O que para mais longe havia ido, era tio Beto, foi morar na capital há alguns anos.

Mas sempre que podia nos visitava, como hoje, por exemplo, aquela pequena vila ainda em estrada de barro era o lugar que ele realmente amava e admirava, porém queria dar melhores oportunidades de estudos aos filhos, por isto, agora vivia na cidade, queria que meu pais pensassem da mesma forma.

Fitei os olhos sem foco de tia Débora, queria lhe dizer alguma coisa, seu noivo tinha rompido com ela a poucos dias e ela não era a mesma desde então, só havia alguns dias e eu já sentia falta do brilho no olhar, no sorriso cativante e na empolgação que minha tia costuma ter, ainda assim não lhe digo nada, não sou boa em dar conselhos, nunca fui e eu particularmente nunca acreditei que Rodolfo era homem para ela, ele a trair com uma de suas amigas apenas me confirmou isso.

Eu me deitei sobre a rede na varanda, fones no ouvido não me deixavam escutar nem sequer os pássaros que sempre cantavam com grande fluxo naquele horário, papai dizia que ficaria surda um dia pelo alto volume de meus fones. Eu gostava da explosão que sentia em meu coração quando as notas eram tocadas. Com o balançar da rede, gostava de fechar os olhos, imaginar o que tinha além daquele pequeno lugar em que vivia. Eu sempre fazia isso, todos os dias eu me deitava ali e sonhava acordada.

Devia admitir, era ambiciosa, não tinha os mesmos planos de futuros que meus primos, o que de certa forma, decepcionava meus pais por mais que nunca admitissem.

Eu gostava da música, gostava das melodias, gostava da explosão de cores e sentimentos que invadiam meu ser, quando as ouvia ou cantava.

Gostava das histórias, queria interpretá-las, sempre ansiei dar vida a personagens que costumava ler. Eu tinha alma de artista e as pessoas daquele lugar definitivamente não me compreendiam.

A pouco mais de um mês, creio eu, havia sido aberta as inscrições para escolherem um novo talento. A sortuda ganharia o papel para um filme, um romance que pouco sabia sobre a história. Os produtores ainda mantinha segredo, mas sabia que seria sobre uma jovem talentosa no ramo da música. Era minha chance!

Foi o que pensei no momento em que vi o anuncio na internet, logo corri para preparar meu material, deveria enviar meu portfólio, com algumas fotos e um vídeo cantando, mas não sabia se aquilo seria bom o suficiente para competir com as diversas garotas que também iriam se inscrever. Eu acreditava no meu talento, contudo era insegura às vezes. O material não havia ficado de todo ruim, Mike me ajudou um pouco no investimento para um material profissional, ele não gostava muito deste meio artístico, contudo era um dos poucos que apoiava e eu o amava um pouquinho mais por isso, no final meu portfólio não tamanha qualidade como às das que poderiam investir mais naquilo, mas estava grata pelo homem que gastou tudo que podia comigo.