INFINITOS "LIVRO I SÉRIE DESTINADOS"

CAPÍTULO UM | O RETORNO

"Olhando agora, tudo parecia tão simples.
Estávamos deitados em seu sofá.
Eu me lembro"
Out Of The Woods - Taylor Swift.

Dias Atuais

     Ofeguei. Aquela pequena mecha de meus fios de cabelo que insistia em cair sobre meus olhos, começava a me irritar. Já era tarde, muito tarde, a pequena vila parecia agora quase vazia e eu estava ofegante. Voltar para aquele lugar, era algo que eu não imaginava fazer, ao menos por agora e me desconcertava a forma como eu parecia sentir falta da vila, por mais que nunca fosse admitir aquilo em voz alta.

   O taxista que trouxe se recusou a me levar até a casa de meus avós, pelo mal tempo que ameaçava fazer e a estrada ruim, ato grotesco. Com toda certeza em breve seria capaz de processar aquele maldito motorista por me abandonar em frente aquele antigo bar, poucos pareceram me reconhecer, talvez eu realmente houvesse mudado.

  Já eles e aquele velho lugar, não. Tudo estava como me lembrava, era como ter entrado em uma cápsula do tempo e retornado a exatos sete anos atrás. Estrada de barro, casas pequenas e modestas e uma infinidade de diversificadas plantas e flores, exatamente como a sete anos atrás, de forma intrigante eu gostei daquilo. Talvez alguns houvessem envelhecido, mas o que admirava naquelas pessoas do interior, era que o tempo parecia passar com mais lentidão para eles, talvez pela calmaria do lugar e a alimentação saudável, nada de pizza ou hambúrgueres durante as noites de sexta-feira.

  Peguei meu celular sobre as mãos, não havia sinal. "É claro que não haveria de ter sinal, eu estava no fim do mundo, o lugar que nem sequer sabia se existia no mapa"assim que conseguisse ter acesso a internet pesquisaria isto. Por fim, resolvi pedi ao velho Manuel, o dono do bar, para que me deixasse usar o telefone, ele me olhou com espanto. Era um amigo antigo de minha família, sempre ia acompanhado da esposa e filhos aos almoços de domingo em minha casa, minha antiga casa.

–– Anne? Anne Scott é mesmo você? Perguntou-me abismado como se olhasse para um fantasma, talvez houvesse sido aquilo que havia me tornado para as pessoas ali. Consequência da tamanha a rapidez da minha repentina partida. Confesso que ir embora sem dizer adeus a ninguém pudera ter sido uma decisão um tanto precipitada, todavia não era muito boa com despedidas, nunca as tive que fazer, agora é algo contante em minha vida.

–– Sim, sou eu, poderia usar o seu telefone? Pedi desconfortável pela maneira que me encarava.

–– É claro, não acreditei quando seu avô contou-me que voltaria! Sorri para não soar mal educada. Ele colocou sobre o balcão o aparelho de um verde envelhecido e horroroso. Eu liguei uma, duas, três vezes, porém nenhuma resposta.

  O que aconteceu? Eles haveriam de estar me esperando, os avisei que chegariam àquela noite, à surdina. Não queria burburinho sobre minha volta, principalmente que a notícia chegasse aos ouvidos de algum repórter. Para todos eu havia ido para um spa no Havaí, pois estava debilitada demais depois de o fim de meu perfeito relacionamento, revirei os olhos, um ato de indelicadeza que costumava fazer sem nem mesmo notar.

  Ao menos a parte do debilitada demais era verdade, amava Tyler como jamais me achei capaz de amar novamente, desde... Desde que parti.

  Sempre acreditei que ele me amava também, mas... Pelas fotos que pelo menos consegui ver, ele aos beijos com uma cantora, a nova queridinha da música, já não acreditava mais.

  Na verdade, acreditava que Tyler era um homem faminto pela fama. Éramos o casal queridinho da TV e isso alimentava seu ego, todavia quando tivemos de nos distanciar por conta dos filmes que gravavamos serem em lugares distantes demais – já não éramos o foco da mídia como casal – ele apenas dilacerou meu coração, na verdade, eu já havia visto muitas coisas do tipo desde que alavancara minha carreira, muitos desejam ser queridos para ao menos ganhar alguns respingos de minha fama, contudo não esperava tal coisa de Tyler, eu confiava nele.