CAPITULO DOZE | MAU PRESSAGIO

49 11 15
                                    


"E naquele momento eu seria capaz de jurar que éramos infinitos."(As Vantagens de Ser Invisível –Stephen Chbosky)

O telefone de Mike tocou no bolso da calça jogada ao chão. Eu enrosquei meus braços em volta de seu pescoço, o pressionado com mais força contra mim, eu não queria que ele atendesse. Mesmo que o barulho estridente de seu celular antigo estivesse começando a me irritar.

–– Eu preciso atender! Advertiu

–– Não... Não precisa. Tentei, todavia fora em vão, ele se afastará em busca do aparelho. Olhou fixamente a tela como se começasse a me dar razão. Algo imaginário descera em sua garganta. Contraditório e angustiado direcionará o telefone ao ouvido, mas nada dissera.

–– Pode me dar um segundo? Requereu.

–– Está tudo bem?

Eu tive de perguntar. Sua casualidade se fora, ele voltará a ser o Mike de sempre, só que ainda mais oprimido que o normal.

–– Eu... Eu apenas preciso resolver uma coisa. Continuara ali, queria ouvir o que tinha há dizer a quem quer que fosse ao outro lado da linha, mas o respeitará. Vestindo a camisola branca caminhei até o banheiro. Não podia dizer que não cogitara escutar atrás da porta, pois ficará tentada, ainda assim decidira fazer o certo.

Eu tomei um banho logo depois de realizar minha higiene pessoal. Minha família conversara agitada. Todavia quando chegara a cozinha eles se calaram, estavam a falar de mim e de Mike, nem se quer se esforçaram em disfarçar.

Vovó retirava as espinhas do peixe que pretendia comer. Eu ainda achara aquele café da manha muito pesado. Ceci sorrira para mim de forma acusadora. A mesma forma que por diversas vezes lhe fitei. Rafael continuara concentrado no desenho que se esforçava a fazer, eu tentei identificar a caricatura, mas fora em vão.

Tia Débora soprava uma xícara de café quente de onde vapor ainda lhe escapava. Ela ainda estava um bocado chateada com o cancelamento dos pedidos de Sophia. Parecia um pouco mais aquela manhã. A família Avelar arcaria com os custos dos tecidos, ainda assim não seria nem metade do que de fato a confecção receberia. Titia estava a tentar disfarçar, mas me olhava feio como se me culpasse, de fato era minha culpa. Contudo ela não iria gostar de saber que me sentira muito bem com aquilo.

Mike apareceu logo em seguida com a mesma vestimenta da noite passada. Agora amassada!

–– Então ia a uma festa na praia querida neta? Vovó empenhou-se para mostrar-me ironia em suas palavras, arremessando sobre a mesa um jornal trazido da capital. A foto que tirara com as irmãs gêmeas publicada em primeira pagina. Traidoras!

–– Eu queria fazer uma surpresa para Anne senhora Scott, ela não sabia para onde ia. Mike tomou as rédeas da conversa quando notara o quão hesitante ficara. Aquilo era algo novo. Normalmente eu era a pessoa boa em suavizar uma conversar inquietante. Mike sempre fora o que mal conseguira dizer uma palavra sem gaguejar. Acontecerá uma cena muito semelhante há alguns anos atrás, quando havíamos sido espiados na praia. Contudo os papeis pareciam inversos.

–– Anne também não sabia que iria sair com você?

Vovó não fora nada amigável. Ela ainda não conseguira compreender que estava a tentar mudar? Que não desistiria da vida pacata. Que estava contente com o pouco que tinha bem ali?

Sempre soubera que vovó fora a que mais sentida ficara com minha partida, embora não soubesse que sua magoa pudera ser maior do que podia mirar.

–– Sim eu sabia, mas para que lhe diria? Para dizer que sou egoísta e fútil?

INFINITOS "LIVRO I SÉRIE DESTINADOS"Onde histórias criam vida. Descubra agora