CAPITULO SEIS | FERIDA ABERTA

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"Odeio ter te decepcionado
E eu me sinto tão mal com isso
Eu acho que o carma volta
Porque agora sou eu quem está sofrendo"
Nobody's Perfect- Jessie J

Amá-lo não era fácil, nunca fora antes por causa da ambição que dominará meu ser. Agora por sermos diferentes demais daquele casal que se amará a anos atrás. De todo modo ainda era estranho sentir aquilo, quando um dia tive tanta certeza de que Mike se tornara apenas uma pagina virada no livro de minha vida.

Bem aquele momento provara-me ao contrário. Provara-me que Mike sempre tivera em meu peito, reprimido, talvez apenas como uma forma de não me martirizar, talvez para negar a mim mesma o quão arrependida eu era por tê-lo deixado.

Talvez durante todos estes anos apenas não quisesse aceitar que estava errada, que aquele pedacinho de terra quase invisível no mapa era tudo o que meu coração precisava, que os braços de Mike fora o meu maior porto seguro, que sempre poderia ver um mundo colorido em seus olhos. O paraíso chamado casa.

Meu cabelo agora quase seco estava emaranhado. Os dedos de Mike se agarraram a raiz. A ponta de seu nariz percorrerá minha pele embriagando-se pelo cheiro de seu sabonete.

–– Ah, eu o quero tanto Mike. Meu gemido fora tão firme, não era como se o revelasse algo e sim como se lhe ordena-se. Na verdade era mesmo o que fazia.

–– Não, não... Isso foi um erro! Grunhiu, de certo fora um erro, erro que cometeria de novo sem problema algum. Erro a qual em nada me importaria de pagar pelas consequências. Eu apenas o queria.

–– Eu não me importo. Disse como uma gatinha manhosa. Todavia Mike era correto de mais para dar importância ao que dizia, ele fez com que a blusa voltasse a me cobrir e empurrou-me para fora de seu colo. Eu fiz uma careta quando seu calor não aquecera mais meu corpo dolorido.

–– Eu me importo... Sophia não merece, ela é boa Anne... Boa de mais.

Mike parecia furioso consigo mesmo, a forma como desviara o olhar para todos os lados. Ofegava como se não fosse capaz de respirar, eu o conhecia tão bem. Meus joelhos se afundaram no colchão, eu o fitei com certa decepção, como se ainda houvesse mesmo este direito.

–– Eu não sou boa?

Irritava-me comigo mesma sempre que me encontrara tão chorosa, sempre odiara às vezes ser tão sentimentalista. Gostara mais de agir com a razão, era evidente que Mike não olhara para o passado como eu.

–– Você me deixou Anne, deu-me o direito de seguir em frente... Eu demorei tanto para fazer isto e agora quer mudar tudo de novo.

A face desnorteada, pela primeira vez a vi desde que voltara, a boca seca, os olhos vagos, eu enfim podia observar como realmente se sentira, sempre fora tão resguardado e normalmente fazia-me feliz ver como realmente sentia-se por dentro. Exceto naquele momento. Ele sofria e só então pude me dar conta de o quão doloroso era para mim saber que eu era o motivo de sua dor.

–– Fui... Mas você não foi atrás de mim.

Assim, aquela era a real conversa que devíamos ter desde minha partida, nada de palavras brandas. Nada de silêncio quando não se sabia o que dizer. Apenas lágrimas, fúria e dor. Talvez aquilo o ajudasse, talvez aquilo o libertasse de mim de uma vez por todas. Mas não me ajudava, aquilo me prendia ainda nas correntes imaginárias que criei de remorso e desejo de ter feito diferente.

–– Era o seu sonho Anne- Com o punho cerrado, socou a parede, mas dor alguma parecia ter sentido- Eu... Eu queria ser o seu sonho... Mas você tinha planos muito maiores que os meus, eu não podia impedi-la de vivê-los.

INFINITOS "LIVRO I SÉRIE DESTINADOS"Onde histórias criam vida. Descubra agora