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Janet

Yeosu, Dezembro de 1685

Meu peito palpitava em euforia. A família Jeon chegaria às terras Jung e, mesmo conferindo várias vezes o preparativos para a recepção, não conseguia deixar o nervosismo de lado. A refeição já estava quase pronta, a mesa devidamente posta e os quartos limpos e redecorados. Até mesmo os jardins foram cortados e aparados.

Dália fez questão de me arrumar junto a senhora Elisa, pois alegavam que a primeira impressão era a que ficava e não podiam cometer gafes justo no primeiro encontro. Muitas indagações vinham à mente e a curiosidade de saber como ele era estava muito forte. Mesmo que houvesse lutado contra os pensamentos, não podia deixar de tentar imaginá-lo.

─ Seu cabelo está brilhante, não acha senhora Elisa?

A donzela desembaraçou os fios com o largo pente de madeira admirando o forte reflexo dele. Os óleos capilares tiveram resultados.

─ Ah sim, está maravilhosa, minha querida. Vai deixá-los embascados com sua beleza.

Senti minhas bochechas arderem de vergonha.

─ Estou muito insegura quanto a isso.

A mulher suspirou encarando-me e se aproximou erguendo meu rosto em suas mãos.

─ Se você tem algum defeito, ele não está em sua aparência. Disso, não tenho dúvidas.

─ O vestido azul de seda ficará perfeito. Já sabe como quer o penteado?

A jovem disse altiva atrás e olhei de relance para a escolha, segundo às duas, perfeita para a ocasião. Esse vestido demorou duas semanas para ficar pronto, sendo que a costureira tinha se dedicado somente a ele. Não poderia nem imaginar quanto as delongas para o vestido de noivado. Que dirá o casamento?

Não discordaria em nada dos elogios a ele. O azul se comportava tão bem com o bordado dourado no corpete e a saia de um volume considerável deixava-o mais bonito. As mangas abertas eram uma novidade no modelo, o que dava-me a liberdade de me mover sem muitas complicações.

─ Talvez com cachos, não gostaria de prendê-lo.

Penteados presos me lembravam os bailes de Seul, onde não tinham muitas boas lembranças.

─ Faça duas tranças de cada lado e deixe o resto solto. Com as presilhas de ouro que seu pai lhe deu combinará com os detalhes dourados do vestido.

Naquela manhã, pude conhecer um lado que não imaginava ver na senhora Elisa. Ela tinha um ótimo gosto até para a moda, já não bastasse a casa e a comida.

─ Oh! Acabei me esquecendo do espartilho.

Minhas mãos correram pela cintura livre e não quis prendê-la.

─ Eu não queria usá-lo hoje. Quero respirar à vontade.

Se pudesse, queimaria todos os espartilhos do meu baú sem remorso algum.

─ Você tem uma cintura invejável, com certeza não perceberão se não estiver usando.

Quase pulei de alegria ao ouvir a permissão da mais velha.

─ Obrigada, Elisa!

Não deixei de dedicar meu melhor sorriso a ela.

─ Fico pensando como deve ser o noivo de minha senhora. Será um homem atraente e charmoso?

─ Dália!

Elisa a repreendeu e segurei o riso. Já havia me acostumado com a curiosidade da donzela. Eu mesma estava assim.

MARQUESA • kthOnde histórias criam vida. Descubra agora