[12] A INDECIFRÁVEL INSCRIÇÃO

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< Innamabel Gertsner >

Innamabel deslumbrou-se quanto as vistas que tinham ao adentrar no grande santuário dentro da torre, que mais lembrava uma de suas cidades fortificadas por concreto e tijolos. Entretanto, as barreiras que os separavam de inimigos eram outras. A cidade magica era cercada por uma grande muralha de magia celestial e seus guardiões assemelhavam-se a estatuas de barro, ali paradas, sempre e para sempre aptas.

A cidade possuía uma infinitude de entradas e saídas, lembrava bastante um labirinto cujo seu centro estava disposto aos pés da torre que ficava abaixo do céu, pois acima havia uma forte e impressionante luz dourada que forçava suas imaginações e alguns de seus desejos não realizados por sua condição de estarem condenados a uma eternidade e um ciclo de dor e ódio.

Os cativos despertaram a atenção dos cidadãos; homens, mulheres, todos entidades que manavam do espirito de Deus, trazendo paz, equilíbrio e uma incomensurável fonte da magia pura, capaz de frisar seus cabelos e atiçar o que havia em seus âmagos devastadoramente.

Innamabel foi a primeira. Sentia ela que, arrastada por aquelas divindades, que as vozes em sua cabeça, seus medos, seus gritos de suplica para que se fizesse cessar todas aquelas luzes magicas e toda aquela pureza que ali havia, estavam acabando com sua consciência e o que havia restado eram sibilos e um rogo silencioso para que se afastassem as luzes, pois era incomodo aos seus olhos.

Virou o rosto, rangeu os dentes, mas não adiantava; o mal não se afastava de seu corpo.

Dália tocou-lhe o ombro e forçou um sorriso, parecia plácida ante aquela situação.

— Por que de sua fleuma, Dália?

— Veremos Mjeer, explicaremos nossas razões e indagaremos o que está havendo com os Reinos. Estou realmente tranquila... não sinto como se... — ela olhou na direção de Valentin, que apenas ergueu o queixo mas nada disse. — algo ruim fosse acontecer. Gertruida doutrinou-me a manter a serenidade quando... ele, o Sirus, começar a gritar em meu interior. Que posso controla-lo, que posso faze-lo recuar e não assumir o controle do meu corpo. Depois de um tempo é como se... coexistíssemos em harmonia, é isso o que me permite lançar a Corrente Anímica contra os demônios e repreende-los com fogo e as palavras que saem da minha boca.

— Mas eu não consigo, Dália. Para mim não é como se o Sirus estivesse disposto a dividir comigo o meu corpo. É mais como... se mil almas gritassem em meu interior, todas ao mesmo tempo. Tenho medo de ele despertar, igual quando estávamos em minha casa e eu me tornei... aquilo. De machucar mais alguém. O que exatamente aconteceu comigo quando deixei a consciência.

— Você não o viu, mas como relatei, aquela é a Forma Definitiva; um manto de trevas manifestado, loucura e desejo desesperado pela ceifa de almas, de alimentar-se delas e dos seus medos, dos seus pecados, das suas dores. Tornar-se mais forte abdicando do que a torna mortal e manifestando completamente a forma de uma Potestade-caída no mundo dos homens, entende?

— O que houve com o Rio das Almas? — indagou Valentin de repente, ousado, arrastando o amigo pelos ombros porquanto ele não conseguisse andar enquanto sua regeneração avançava e a carne já cobria-lhe grande parte do corpo nu, das roupas estraçalhadas, sujas e fétidas.

Os espíritos seguiam numa impecável formação, vigiando seus membros com afinco a fim de impedir quaisquer desconfortos na ordem daquele reino cujo os olhares abaixavam-se em desconfiança, outros em negação, outros em ódio por estarem a pisar no mesmo chão que aqueles indignos que um dia dividiram o Reino dos Céus com eles.

— Há uma perturbação em Middavir — respondeu aquela cujo nome era Yorassa, quem os conduzia em direção a torre mágica que ligava a terra ao céu. — Vocês, Sirus, voltaram a infestar Agamir com suas peripécias e nós estamos tentando saldar essa questão antes que percamos o controle de tudo. Vocês ficarão diante de Mjeer, nossa soberana e enviada do Senhor, Deus de todos. Ela quem decidirá a punição adequada por irem contra a ordem divina e as divisões; vocês lá, nós aqui.

Sirus: Os Outros Vampiros (Vencedor #TheWattys2020)Onde histórias criam vida. Descubra agora