Para onde iam? Arrastadas como duas crianças birrentas através dos corredores escuros que só podiam ser iluminados pela forte luz da essência angelical que afastava os alaridos e os grunhidos obtusos e acuados que se encolhiam nas sombras a cada passada que dos mais poderosos servos do Senhor, seu Trono, as fazia percorrer e tropeçar no silêncio.
— Solte-nos! — exigiu Innamabel, sem sucesso.
— Redime mi alma, oh, sagrado Trono!
— Devia ter pensado antes em tuas atitudes, cria desobediente.
Um dos terrores de Innamabel era o destino que encontraria ao fim daquela saga, mas não sabia ao certo para onde ou por qual motivo estava sendo arrastada se inocente permanecia e não fazia parte daquele complô inquisitivo e injusto contra quem nada havia feito. Mennefer, ao entendimento de Innamabel, não passava de alguém inocente que foi posto como ímpio naquela disputa entre o bem e o mal que ocorria distante dos olhos de todas as pessoas e parecia afunilar-se a cada nova provação a qual passava.
— Mennefer é inocente!
— Teu dialogo de nada vale fora o juízo do Senhor; o juízo dos Tronos sobre a mentira e a verdade!
Eles rumaram por um longo tempo através da escuridão que, mesmo tendo Innamabel conhecimento e conforto, não a entendia, não sabia para continuavam sendo arrastadas através de trevas, frio e incerteza de se estava ou não sendo observada de longe pelos sussurros e pelo vazio.
Mas então despertou do torpor quando ouviu um grito muito próximo ao seu ouvido e surgiu uma silhueta azul-esverdeada bem diante dela, rindo, debochando.
Então, outras também surgiram de repente como uma manifestação. E em instantes, eles estavam cercados por elas enquanto imersos no vazio.
Mennefer tapou os ouvidos e gritou, incapacitada.
— N-não... — clamou incapacitada de reagir aos gritos. — Afastem-se!
E as sombras a cercavam, dessa vez não como uma ilusão ou uma sensação, e sim tão verdadeiramente medonhas que ela queria gritar e acabar de uma vez com aquela sensação de que as piores criaturas que seguiam a morte estavam junto a ela naquele lugar infernal.
Mas o anjo poderoso não permitiu a desobediência e expurgou as sombras com um pulso de luz que dizimou tudo o que se encontrava ao seu redor e então ele apontou a mão à frente do corpo, revelando um novo cenário, a primeira luz que encontravam depois de horas imersos em trevas.
Elas olharam ao redor, se encontrando dessa vez com um lugar onde as sombras não eram tão densas e se podia ver o teto que se afunilava e o que a cercava. Encontrou-se ante o que se assemelhava a um antigo portal, protegido por um par de estatuas douradas de anjos cruzando suas lanças ante a passagem estreita.
Eles rumaram naquela direção, subindo um lance de três escadas que os deixou ante esse corredor e velas, imbuídas em chamas azuis se acendiam a cada passo que davam, até que as remanescentes criaram um túnel ao acenderem-se e revelarem um outro cenário macabro e impressionante.
Incontáveis gritos faziam com que Innamabel pusesse uma das mãos nos ouvido que sangrava. Eram gritos indecifráveis; de dor, de agonia, de sofrimento, de suplica.
O anjo poderoso as largou ali e seguiu opulento a frente onde havia um altar circular onde as velas completavam o grande círculo.
Quando ela levantou o rosto, se deparou com milhares de pontos azul-esverdeados. Um lugar infernal onde medo e agonia misturavam-se a sensação de culpa, injustiça, vingança. Tudo isso misturado a densa energia que ali circulava e onde um grande círculo de luz que vinha do teto descia sobre uma criatura blasfema que jazia assentada sobre um imenso trono.
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Sirus: Os Outros Vampiros (Vencedor #TheWattys2020)
Vampire[VENCEDOR DO PRÊMIO #THEWATTYS2020 EM PARANORMAL!] Infeliz em vida e atormentada na morte, Innamabel Gertsner reencarnou, trazida por forças das trevas, após o seu fim precoce e misterioso que pode estar ligado a desavença com os homens da sua vida...