[34] O ADVENTO DA PESTE

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< Innamabel Gertsner >

Desolados, antigos inimigos agora olhavam juntos para o chão sujo que os cercava. Sentiam-se desonrados pela falha, sobretudo Minerva, quem deveria estar acima de todos com o seu dever e pronta para enfrentar todo e qualquer tipo de males que se assomassem a aquela terra de homens.

Ela tomou um punhado de poeira e jogou longe, com um grunhido de raiva, tal era o seu sentimento de raiva por ter sido fraca.

Valentin, Taú e Dália meditavam onde poderiam ter errado confiar e dedicar toda a sua vida ao convento de Gertruida — para eles, a matriarca e líder numa saga de vitórias e redenção.

O que havia restado de seu refúgio eram apenas as portas abertas, dezenas de pessoas desacordadas logo a frente e a incerteza de o que havia acontecido com o velho ermitão que ali vivia e que a eles deu guarita quando chegaram à cidade.

— Nunca antes fomos tão humilhados — Minerva riscou suas unhas pontiagudas na terra em que se encontravam sentados, pensativos. — Quem diria... quem mais confiávamos, enfiou uma adaga em nossas costas.

— Não diga por nós — Valentin a olhou com frieza e distância. — Nos recobrimos sobre o manto dessa monja a séculos, aprendendo o necessário para derrotar algo que no final ela mostrou-se afeta; os servos das trevas. Não há segredo nosso que ela não conheça, não há ensinamento que não tenhamos aprendido com ela. Opostamente, pouco ou quase nada sabíamos sobre sua ascendência e devoção.

— Gertruida nos usou todo esse tempo. Queria informações para entregar a Adam — concluiu Dália, separando os cabelos ensebados. — E o pior, acredito, foi termos falhado em proteger a Cabaça.

— E aquele livro em suas mãos? — perguntou Innamabel inocentemente.

— Era o livro do velho — disse Taú, assertivo. — Ele andava com aquela coisa para todo canto, não desgrudava nem quando dormia.

— Pelo menos a Espada continua conosco.

— O que você fez com ele, Minerva?

— A mesma dadiva de ferir que vocês tem com suas Correntes Anímicas, nós temos de punir o mal — ela olhou para Taú. — E porquanto permanecer naquele corpo, certamente não entoara quaisquer encantamentos. Eu arranquei parte de sua alma.

Innamabel agarrou poeira e pó também.

— Madelaine deu a sua vida e a dos seus para nos ajudar — Innamabel olhou sobre seu ombro, onde instante antes haviam caído dezenas daqueles que haviam se escondido por tanto tempo das trevas do mundo em que antes viviam. — O mínimo que podemos fazer agora — ela ergueu a espada. — é levantar e continuar lutando.

— A sua determinação ainda é morna, Sirus.

— Pelo menos ela não está se lamuriando pela derrota — disse Valentin a Minerva, que ergueu o queixo, encarando-o.

— Tornarei a Senhora Malterna com o dito de falha e então... continuaremos de onde paramos.

Minerva abriu um portal e se levantou, arrastando-se até ele e então desapareceu, deixando o Convento a sós, desolados.

— Ж —

O interior da igreja mantinha-se intacto, mas quando o grupo entrou, a única coisa que lhes importava era chegar e entrar na sala do velho, encontrando-o caído no canto e acolhe-lo contra os braços.

— Velho Theodor? — chamou Valentin, buscando os batimentos do seu coração. — Ouve-me? Theodor!

O velho expressou um gemido sufocado e abriu os olhos um pouco. Tossiu, suspirou, mas não moveu muito a cabeça.

Sirus: Os Outros Vampiros (Vencedor #TheWattys2020)Onde histórias criam vida. Descubra agora