< Grão-Inquisidor Heinrich Harz >
Heinrich embrenhou-se no meio da multidão, buscando entender a que altura estava o ritual de consagração dos novos amigos. Ali, próximo a aglomeração e diante de um antigo templo com vitrais romanos estava Arkadius, desprecavido, olhando ao relento a movimentação que ali acontecia.
Ele o agarrou pelo ombro e o fez se virar.
— Inquisidor...
— Onde está a minha irmã?
O homem bufou com a boca.
— Sagrando os servos do senhor, onde mais acha que ela estaria? — Arkadius o direcionou através da população até encontrar-se com a irmã, imersa numa piscina não muita profunda feita de madeira.
Suas roupas brancas estavam molhadas, assim como sua cabeça raspada e o véu que lhe cobria o rosto.
Arkadius manteve-se longe.
— Sibele — chamou ele. — Sai! — ele deu um empurrão em um homem, fazendo-o cair sentado quando ela recuou a mão. — Você está bem?
A pergunta não lhe caiu bem. Ela moveu os olhos para o lado e ergueu as sobrancelhas.
— Por que não estaria? Estou cumprindo o desígnio e, assim como as outras mulheres, sagrando o rebanho de Deus. Nunca me senti bem. Talvez, acredito, seja a hora de me dedicar a beatude e regressar a Roma, o que acha?
O inquisidor prostrou-se diante da piscina e a irmã ergueu a mão, tocou-lhe a testa fixando um sinal da cruz que ele concluiu sinalizando em nome do pai, do filho e do espirito santo.
— Concordo que o faça, mas não quero que o faça. Não por agora. Sabe dos males que cercam esse mundo e é melhor que permaneça aqui, onde posso protege-la.
— Deus sempre está comigo, meu irmão. Mal algum nos atingirá.
Ele, no entanto, segurou-lhe o pulso.
— Você não vai regressar a capital... entendeu? Não ficará sozinha lá... entendeu?
A mulher sentiu a pressão do homem sobre os seus pulsos magros e tentou recuar, mas a sua expressão mortífera lhe cobrava o "SIM" por definição de que ela não se afastaria nem agora e nem porquanto aquela aberração demoníaca estivesse à solta e que outros como ela, em várias partes do mundo, ainda estavam livres para fazer o mal contra boas pessoas.
— Entendi — ela puxou o pulso com força, olhando-o com descontentamento. — Mas... é bom que saiba de meu desejo.
Ele se levantou e arrumou as vestes apertadas ao corpo.
— Tudo o que você quiser.
Por mais rude e duro que aquele homem pudesse ser, quando estava diante da irmã, mesmo que cercado daquela plebe, ele amolecia e via no sorriso igual ao de sua mãe, que a irmã mais nova tinha um desejo que seria cumprido de qualquer forma, mesmo que fosse necessário destruir o mundo, caçar e exterminar quantas ameaças lhe fossem cômodas.
— Não vejo Verena desde mais cedo — disse Arkadius, aproximando-se sorrateiro ao inquisidor que, dando as costas a irmã para que prosseguisse em sua obra, lhe deu atenção.
— Sua irmã está morta – disse, sem emoção, afastando-se.
— O quê? Como assim?
Ele se virou ferozmente.
— Innamabel, o demônio que assola nossa cidade a encerrou com tal poder que eu nunca tinha visto igual.
Arkadius franziu o cenho por debaixo da máscara, encarando o inquisidor com fúria.
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Sirus: Os Outros Vampiros (Vencedor #TheWattys2020)
Vampire[VENCEDOR DO PRÊMIO #THEWATTYS2020 EM PARANORMAL!] Infeliz em vida e atormentada na morte, Innamabel Gertsner reencarnou, trazida por forças das trevas, após o seu fim precoce e misterioso que pode estar ligado a desavença com os homens da sua vida...