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Emy.

Acordo assustada depois de outro pesadelo onde estou presa dentro de uma caixa escura e fria. Isso é realmente perturbador.

Passo a mão pelo rosto na falha tentativa de retirar alguns fios que estão grudados no meu rosto devido ao suor.

Me levanto lentamente da cama, vou a passos lentos para o banheiro. Me olho no espelho e fico analisando meu reflexo. Os cabelos armados e úmidos, olheiras profundas causadas pelo péssimo sono. Desço o olhar para meu dedo e sinto como se faltasse algo ali.
Apoio as mãos na pia e abaixo a cabeça respirando fundo. Logo sinto algo quente escorrer pelo meu rosto e percebo que estou chorando. Aos poucos o choro se intensifica e o aperto em meu peito também. Me sinto vazia, incompleta. A dor da perda perfura o meu peito, mas o foi que eu perdi? Sinto que me falta algo, algo realmente importante.

A porta do banheiro é aberta brutalmente e sinto braços me levantando. Eu nem se quer percebi que estava chorando encolhida no chão.

— Querida, o que houve? — a voz de minha mãe parece ecoar pelos meus ouvidos, como se estivesse distante. Sinto meu corpo tremendo a cada soluço, e como se minha vida dependesse disso: agarro a mulher que está na minha frente.

— Dói mamãe, faz parar — as palavras saem trêmulas e baixas.

— O que está doendo Emy?

— Meu coração — as lágrimas não cessam.

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Fecho a porta do meu armário depois de olhar os horários das aulas e pego os livros. O corredor está vazio pelo fato de já ter batido o sinal há uma aula atrás. Demorei tanto tempo para me recompor e convencer a minha mãe de que eu estava bem para vim a aula.

Chegando na sala de literatura bato na porta esperando o professor. A porta é aberta e um rapaz alto e loiro aparece. Estreito os olhos para ele.
E

le me analisa e retira seu óculos de grau cruzando os braços.

— Pois não? — sinto meu maxilar travar enquanto ele tenta conter um pequeno sorriso.

— Posso entrar? Tive alguns problemas e cheguei atrasada — o professor estreita os olhos e eu engulo em seco sentindo meu coração batendo cada vez mais rápido. Logo ele me da espaço para entrar mas antes me segura pelo braço.

— Não se atrase novamente para minhas aulas — sussurra e só consigo mexer a cabeça em concordância.

Entro na sala e todos estão sentados em duplas para fazer atividades. Somente uma mesa está vazia e vou me sentar quando o professor novamente me chama.

— Seu nome é Emy certo? — me viro para ele tentando conter a minha vontade de revirar os olhos. Você deveria ser ator... professor  — Bem Emy, todos estão com suas duplas e como você chegou atrasada, ficou sem um parceiro para o trabalho que pedi, porém eu vou te ajudar. Pegue uma cadeira e sente-se aqui — aponta para sua mesa e fico um pouco confusa mas faço o quê me foi pedido.

🌻

Depois de duas aulas com o professor Vincent me analisando e encarando. Bate o sino para o intervalo e começo a arrumar minha coisas e organizar aqueles papéis do trabalho.

— Você precisa de reforço — ouço Vincent e me viro para encarar seu rosto não muito distante de mim.

— Nunca precisei de reforço em literatura — o que é isso? Algum código secreto que eu perdi no meio do caminho? ele da um passo à frente me fazendo dar um para trás.

— Amanhã, depois das aulas, aqui mesmo na minha sala. Traga os livros que estudamos hoje — Vincent da as costas para mim enquanto meus olhos estão arregalados.

— Isso não é justo — me exalto fazendo com que ele vire lentamente para mim.

Vincent fica em silêncio me encarando e logo abaixa a cabeça balançando negativamente, pude jurar ver um pequeno sorriso em seus lábios, o que me deixa ainda mais irritada. Com pequenos passos ele se aproxima de mim, com os braços cruzados, ele se inclina para frente ficando da minha altura.

— Você precisa de ajuda, estou aqui para te ajudar Emy — se você soubesse de como eu precisei de você antes, não estaria aqui agora — Precisa de reforço em literatura, amanhã depois das aulas.

Não digo nada e ele passa por mim afagando meus cabelos carinhosamente.

Estou sentada no jardim da minha antiga casa, puxo algumas das gramas com meus pequenos dedos e fico brincando com elas.

Mãos pequenas afagam meus cabelos e um sorriso cresce em meus lábios.

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