Toco a campainha e a porta do apartamento do James abre, Jack me da passagem e fecha a porta novamente.
— Eu não sei que horas ele volta — Jack diz meio sem graça e senta na poltrona a minha frente.
— Eu espero, preciso falar com ele — aperto as mãos no meu joelho e Jack não para de me encarar profundamente.
— Tem algo diferente em você — aponta para mim e deixa a cabeça de lado me analisando.
Engulo em seco e desvio o olhar para o chão, Luke tinha razão quando disse que os outros iriam perceber.
— Só estou chateada pelo o que houve — tento me explicar e Jack solta uma risada que eu diria, ser fofa.
— Tudo bem, sem pressão — ele se levanta e senta ao meu lado — Não seja tão dura com ele, sei que James fez uma coisa estúpida mas eu entendo ele.
Me viro de frente para o Jack que me olha compreensivo e logo aponta para as mesmas fotos na parede.
— Ele perdeu a namorada, a pessoa que mais o apoiou quando teve que se mudar e se virar sozinho para ajudar o pais. Você era o maior apoio dele, Emy e mesmo que você não se lembre — Jack me da um olhar acusador como se já soubesse sobre a volta das minhas memórias — Ele sempre fez de tudo para retribuir a altura.
Eu jamais poderia me esquecer do garoto de 15 anos, perdido e assustado com toda a responsabilidade que ele teve de pegar para cuidar dos pais.
— Não estou aqui para julgar ele, Jack. Vim me desculpar por evitar ele, estou assustada com tudo isso e não sei como agir — o garoto na minha frente sorri e estica os braços para me abraçar.
A porta da sala se abre e nos separamos rapidamente. James está parado na porta olhando para nós dois, seu rosto tem alguns cortes novos dos de ontem e sua mão está com faixa.
Jack coça a garganta e se levanta com suas bochechas coradas, ele passa pelo James e bate em seu ombro sem dizer nada.— Não esperava te encontrar aqui — diz calmamente e parece hesitante em se aproximar.
— Queria te ver — a verdade escapa dos meus lábios sem pensar e logo me dou conta do que eu disse.
Ele sorri minimamente e tranca a porta atrás dele, James senta na poltrona cruza os braços.
— Não sei se fico aliviado ou assustado por você estar aqui depois do que aconteceu ontem — ele desvia o olhar visivelmente envergonhado.
— Eu vim me desculpar — pego de surpresa ele me encara confuso — Eu não deveria ter te ignorado daquela forma, eu sinto muito.
— Você não tem que se desculpar, eu que perdi o controle, mas você parecia estar com medo de mim — sua voz é sofrida quando menciona o meu possível medo dele.
— Só estou assustada, James. Não é todo dia que descobrimos coisas assustadoras sobre nós mesmo — não sei se estou me referindo a minha memória ou a suspeita dele.
— Eu sei, só fiquei com medo de te perder de novo — ele sussurra sem conseguir me encarar e sinto uma pontada no meu coração — Eu não quero mais ficar sem você, Emy.
— Não sei se estou pronta para viver tudo aquilo novamente — respondo e ele me encara intensamente.
— Eu chorei dois anos pela sua morte, me culpei por todo esse tempo — suas mãos se fecham em punho.
— Aquela Emy está morta, James. Aceite isso — sinto minha respiração se alterando.
— Sim, as memórias dela estão mortas. Mas o corpo está bem aqui, na minha frente — ele puxa os cabelos e se joga para trás na poltrona.
— Eu sinto muito — sussurro me levantando indo até a porta.
Sua mão segura meu punho com delicadeza e eu travo os pés no chão, James passa os dedos pelo meu braço até chegar no meu ombro. Sinto sua respiração na minha nuca e me arrepio.
Suas duas mãos me seguram pela cintura e ele me vira para encarar seu rosto tão perto do meu. Ele deixa uma de suas mãos na minha cintura enquanto a outra faz carinho em minha bochecha, James não diz nada só me encara com aquele par de olhos escuros. Aos poucos ele se aproxima mais deixando nossos corpos colados e encosta sua testa na minha. Fecho os olhos e tento controlar minha respiração.— Fica? — sussurra perto dos meus lábios.
Não consigo me segurar e agarro sua nuca para acabar com a distância entre nossas bocas.
🌻

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Déjà Vu
Romantik»»»Do mesmo universo de Ethan, Josh e Adam.««« James a dois anos atrás teve que enterrar a pessoa que mais amava além de seus pais. Ele chorou debruçado naquele caixão tudo o quê poderia chorar em uma vida. A dor dele só estava começando. "-Eu chore...