Déjà Vu

22

Emy.

Meu irmão me segura pelo braço delicadamente e me puxa para seus braços. Essa foi a válvula de escape para as minhas lágrimas, parece 1UE todo o meu mundo está caindo aos poucos bem em cima da minha cabeça.

— Chora, meu bem — Vincent passa as mãos no meu cabelo enquanto eu choro. Alguns minutos depois eles me levam para dentro do apartamento novamente e eu me sinto um pouco mais calma.

— Você sabia sobre o testamento, não sabia? — pergunto ao meu irmão que concorda com a cabeça — Você também acha que foi minha mãe que fez tudo isso pelo dinheiro?

Vincent senta ao meu lado e pega minha mão fazendo carinho nela, logo ele tira um papel dobrado de seu bolso e me entrega.

— Não acho que sua mãe faria isso, apesar de nunca ter me entendido com ela, eu sei que ela ama você — Jack solta um riso indignado e James coloca a mão em seu ombro — Esse documento mostra que os seus bens estão sim no nome da Rose, mas eles estão congelados. Ninguém pode mexer neles e foi ela que quis assim.

Abro rapidamente o papel e leio com cuidado cada palavra, sentindo um alívio tomar conta do meu coração.

— Então por que ela passou os bens da Emy para o nome dela? — questiona Jack.

Vincent encosta no sofá e cruza as pernas, por alguns segundos meu irmão analisa Jack e eu sei que ele está se questionando se responde ou não.

— Não é óbvio? Emy está morta, que morto precisa de dinheiro? Consequentemente o dinheiro viria para mim, porém eu recusei — ele me olha e levanta ficando de frente para nós três — Você não sabia nada sobre ele, porque você não tinha e não tem idade para mover um centavo dele.

As coisas começam a se encaixarem e fico pensando sobre tudo isso, sinto como se meu cérebro estivesse usando nova engrenagens, ou antigas. Me sinto tonta e escuto as vozes distantes.

— Mas por que ela forjou a morte da Emy? Vocês podem estar preocupados com dinheiro e todo o resto, mas o que eu saber é o por que dessa mentira? — James berra, mas o som da sua voz se distorce nos meus ouvidos.

— Para proteger ela — Vincent diz vagamente como se tivesse descoberto algo.

Eu tento levantar minhas mãos mas meu corpo não obedece e aparentemente todos estão ocupados demais para perceber que estou passando mal. Uma forte dor na nuca me atinge e tudo começa a ficar escuro.

Abro a porta da cafeteria e o sino da porta faz barulho, caminho pelas mesas até avistar ele. Luke está sentando em uma mesa para dois e parece nervoso.
Caminho em sua direção e me sento de frente para ele, sorrio com todo o seu nervosismo ele me devolve um pequeno sorriso, alguns momentos de silêncio se passam até o Luke colocar uma caixinha em cima da mesa.

— Eu encontrei isso — Luke parece tímido enquanto eu pego a caixinha vermelha aveludada.

Dentro tem um anel com um girassol dourado e uma pedrinha no centro. Passo os dedos pelo anel e coloco no meu dedo.

— Não sabia que estava com você — digo ainda admirando o anel.

— Eu guardei aquele dia, achei que depois você iria querer ele de volta — ele se mexe desconfortável na cadeira.

— Obrigada, eu confesso que senti falta dele — sorrio e encaro seus olhos.

— Eu sei que não demos certo e que eu fiz coisas erradas para atrapalhar você e o James — Luke respira fundo como se estivesse tomando coragem para dizer algo — Eu sinto muito, espero que você seja feliz com ele.

Seguro sua mão por cima da mesa e ele faz carinho na minha palma. Rapidamente ele levanta e chega perto de mim me dando um beijo na testa.

— Eu sempre vou estar esperando por você — diz e toca a ponta do meu nariz carinhosamente.

E assim ele sai sem nem me deixar despedir dele, meu telefone começa a apitar com várias mensagens do James que está furioso. Respiro fundo e coloco as mãos na cabeça.

— Emy? — ouço me chamarem e rapidamente vejo Jack parado ali na minha frente.

— Hã, oi Jack — sorrio fraco e ele senta no mesmo lugar onde Luke estava à pouco.

— Você está bem? — perece preocupado e antes que eu possa responder meu celular começa apitar de novo.

Suspiro e bebo o café rapidamente me levantando para enfrentar o que tiver que ser agora. Me viro para Jack e dou um beijo em sua bochecha me despedindo.
Saio correndo do local e mando minha localização para James que logo está ali. Abro a porta do camaro preto e me sento.

— Você não deveria estar aqui com aquele cara — é a primeira coisa que James me diz — Depois de tudo o que ele fez, você ainda veio ver ele.

— Você também não deveria estar dirigindo, mas aqui estamos nós — minha voz sai rouca e irônica.

James respira fundo e soca o volante, ele não para de resmungar sobre tudo o que Luke fez. Reviro os olhos a cada minuto sem tentar argumentar com ele, seria perda de tempo. Pego uma garrafa de água que estava do seu lado e dou um longo gole enquanto James para de falar e me observa.

Abro os olhos e começo a respirar fundo em busca de ar, tudo está girando, o teto parece estar em uma bifurcação. Fecho os olhos novamente para me acalmar, quando os abro  vejo que estou no meu quarto. Na poltrona perto da minha cama está Vincent dormindo encolhido. Logo a porta abre e minha mãe entra me olhando preocupada.

— Eu me lembro — sussurro para ela que arregala os olhos  — Eu me lembro de tudo, mãe.

                                   🌻