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Emy.

Abro os olhos devagar, ainda atordoada pelo sono me sento na cama e olho em volta do quarto escuro do meu irmão.
Logo a porta do banheiro é aberta e Vincent sai vestido com roupas de dormir enquanto seca o cabelo com uma toalha. Depois de todo aquele choro eu pedi para que ele me trouxesse para seu apartamento.

— Está com fome? — meu irmão fica parado no meio do quarto de forma distraída.

— Não muita — Vincent vira o rosto para mim e sorri gentil me esticando uma de suas mãos.

Me levanto e vou até ele que me abraça e apoia o queixo em minha cabeça. Respiro fundo sentindo aquele cheiro de canela e me aperto ainda mais em seus braços.

— Quero te mostrar uma coisa — o encaro intrigada mas o sigo em silêncio até o seu closet, ele começa a afastar algumas roupas dos cabides e um pequeno botão aparece. Meu irmão aperta e um pequeno barulho me assusta. A parede do fundo onde contém um enorme espelho começa se mover para o lado esquerdo.
Quando chego perto olho tudo aquilo lá dentro e dou um passo para trás acabando trombando no meu irmão.

— Não vai entrar? — sua voz é baixa e cautelosa.

Minhas mãos estão geladas mas consigo dar um passo a frente seguido de outros até estar dentro daquele pequeno arsenal. Varro todo o local com os olhos e logo me vejo passando a mão em cada uma daquelas armas.

Até que um fuzil M16 me chama total atenção.

— Ainda é sua favorita — meu irmão aparece ao meu lado e então saio do transe deixando a arma no lugar dela.

Engulo em seco e começo a me retirar, quando de relance vejo minha antiga pistola. Fecho os olhos com força e respiro fundo.

— O que houve? — meu irmão toca meu ombro e eu me viro para ele —Não gostou? Achei que poderíamos voltar a treinar, quando foi a última vez que você atirou?

— Aquele dia, foi a última vez — digo com a voz embargada — Prometi a mim mesma que nunca mais faria de novo.

Sinto as mãos de meu irmão em meu rosto me obrigando a olhar em seus olhos.

— Aquilo faz tanto tempo Emy, não deveria se remoer desse jeito.

Sorrio fraco encarando seus olhos verdes. Aos poucos desço minhas mãos por seus ombros até chegar no primeiro botão da sua blusa de pijama. Começo a abrir os botões enquanto ainda encaro meu irmãos nos olhos.

— Não! — sua voz sai fraca e ele segura meus pulsos.

— Por favor — suplico e ele aos poucos solta meus braços.

Volto a terminar de abrir os botões e encosto minha testa em seu peito respirando fundo. Levanto a cabeça novamente e tomo coragem para afastar a blusa dele que escorregou pelo seus braços. Lentamente aproximo minha mão tremendo até o lado esquerdo de seu peito. Pouco a cima de seu coração há uma marca. Uma cicatriz. Lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto eu toco aquela região com a pele mais sensível.

— Me perdoe... — um soluço escapa de meus lábios e me agarro novamente ao meu irmão — Me perdoe, irmão.

— Foi um acidente, Emy. Não se culpe. — com seus braços gentis ele me acolhe e acaricia minha cabeça.

— Eu quase te matei, eu quase te perdi — nunca esqueceria o dia em que eu e meu irmão estávamos discutindo na sala de treinamento, estava tão nervosa aquele dia que me esqueci de travar minha pistola. Com a aproximação do meu irmão na intenção de se desculpar eu acabei disparando a arma, e a bala foi em direção ao seu coração.
Quando eu vi aquilo, meu mundo caiu. Eu me vi perdida por ter supostamente matado meu irmão com um tiro no coração.
Mas por sorte a bala desviou alguns centímetros.

— Está tudo bem, Emy.

                                 🌻

Depois de todo aquele drama meu irmão pediu pizza para nós dois. Enquanto conversamos sobre o tempo que passamos longe um do outro o celular dele começa apitar. Vincent para de falar e olha o celular, de repente algo que eu não esperava ver acontece: suas bochechas começam a ficar coradas e um brilho diferente em seus olhos.

Me levanto em um pulo o que causou um susto em meu irmão.

— Ai meu Deus, eu não acredito — começo a pular freneticamente —Você está apaixonado.

Meu irmão fica ainda mais vermelho e corre atrás de mim me fazendo rir ainda mais.

— Vincent está apaixonado — cantarolo até ele me pegar no colo e me por em seu ombro.

— Fica quieta — diz e da um tapa em minha bunda.

— Quem é ele? — pergunto animada e meu irmão me deixa no sofá. Ele senta de frente para mim passando a mão em seus cabelos loiros.

— Ele trabalha comigo no departamento — me jogo no colo do meu irmão o abraçando.

— Estou feliz por você! — Vincent sorri e se joga deitado no sofá comigo em cima dele.

— Dylan disse que quer te conhecer — diz alegre enquanto faz carinho em meus cabelos.

— Vou adorar conhecer ele.

                                     🌻

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