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Com a pistola engatilhada eu miro no alvo que está alguns metros à minha frente. Aperto o gatilho várias vezes apontando para o mesmo alvo até as balas acabarem. Vincent me observa atentamente enquanto recarrego a arma para atirar novamente.
Quando miro no próximo alvo sinto uma mão no meu braço, meu irmão abaixa minha arma e tira ela de perto de mim.

— Eu acho que conversar comigo vai te ajudar mais do que descarregar repetidamente está arma — seus olhos verdes me encaram com preocupação.

Concordo com a cabeça e ele me leva até as poltronas de couro. Fico em silêncio por alguns minutos tentando encontrar as palavras certas para expressar o que estou sentindo.

— Não sei mais quem eu sou — é o que consigo dizer e meu irmão respira fundo.

— Por que diz isso? — aperto minhas mãos uma na outra.

— Tem duas de mim aqui dentro — aponto para minha cabeça — A Emy que viveu sem o James e todo esse drama, mas tem a Emy que se lembra de tudo e se sente como se sua vida tivesse sido interrompida.

— E a qual delas você está dando ouvidos? — Vincent questiona com uma mão no queixo.

— As duas, eu acho — coloco as duas mãos no rosto e bufo alto — As vezes eu queria não ter me lembrado e continuado na ignorância, mas eu também queria que as coisas fossem como antes. Com o James e tudo mais.

Meu irmão ouve tudo atentamente sem dizer nada, me permito ficar naquele silêncio até ele pegar o celular no bolso e me mostrar algo.

— Uma câmera de segurança registrou James saindo dessa farmácia na noite anterior do acidente — assisto o vídeo atentamente e é nítido a imagem do James entrando e logo saindo com uma pequena embalagem que ele guarda no bolso da jaqueta jeans.

— Mas o que isso tudo tem a ver com o acidente? — pergunto e meu irmão me entrega um exame com o meu nome — Arsênico?

Meu irmão concorda com a cabeça e cruza os braços.

— Fui na farmácia para saber se eles tinham o registro do que o James comprou naquele dia, mas parece que houve uma pane no sistema deles ano passado e perderam parte dos registros — engulo o bolo que se formou na minha garganta e me levanto.

— Então não tem como provar que foi ele, James ainda é considerado inocente — minha voz sai rouca e arrastada.

— Ficar negando só vai te deixar mais tensa, eu sei que não podemos provar muita coisa com o que temos. Mas tudo leva a crer que foi ele — fecho os olhos com força e respiro fundo — Sei que é difícil para vo... — interrompo meu irmão.

— Não me importa quem foi — me viro para encarar ele e vejo surpresa em seu rosto — Só quero que você descubra quem foi e acabe logo com isso.

Sinto algo dentro de mim se partindo, não sei se foi a esperança ou o meu coração. Talvez os dois, mas é libertador não sentir dor. A dor muitas vezes é alucinante e tudo o que eu não preciso agora é sentir.

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