Déjà Vu

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Sabe aqueles momentos dramáticos em filmes, que o personagem principal começa a juntar várias imagens do seu passado, para que todas elas juntas se formem uma única coisa? E aquela junção de pequenas lembranças ou sonhos são as respostas para todos os problemas dele? É exatamente assim que estou me sentindo agora.
Mas sempre tem um porém em tudo, eu praticamente não me lembro de nada no período do meu relacionamento com o James, tudo o que eu tenho são pequenos fragmentos de memórias que foram recriadas por uma sensação de déjà vu.

— Por que eu não me lembro de nada? — não consigo desviar os olhos de todos aqueles documentos e fotos. Isso poderia ficar pior?

— Provavelmente pelo acidente, só que isso não é tudo Emy. Você estava com veneno no organismo — e é claro que sim, sempre pode ficar pior.

— Mas... o que isso quer dizer? — minhas mãos estão tremendo tanto que tenho medo de pegar o copo de água para tentar engolir todo esse bolo que se formou na minha garganta.

— Eu sei que isso é confuso, ainda mais por você não se lembrar de nada no período de 3 anos atrás, mas eu preciso que você se esforce. Preciso saber como aquele veneno foi parar no seu corpo.

— Eu não tenho idéia de como isso aconteceu — Vincent me entrega uma foto minha e do James.

— Pode ter sido ele, é um dos maiores suspeitos — nego com a cabeça rapidamente e me levanto da mesa.

— Eu não sei se você percebeu, mas você acabou de me jogar uma balde de água fria na minha cabeça, Vincent. Eu não consigo me lembrar de nada, todos esses últimos anos tem sido uma total mentira, minha própria mãe é possivelmente a pessoa por trás de todas essas mentiras... — meu corpo está gritando por descanso, minha cabeça dói, meus olhos estão começando a arder pelo choro que estou tentando segurar miseravelmente, e digo isso por estar sentindo liquido quente escorrendo pelo meu rosto.

Pela primeira vez hoje, vejo a mascara do - Vincent detective - se romper, os seus braços fortes me abrigam em seu abraço com o tão conhecido cheiro de canela. É acolhedor saber que mesmo depois de tanto tempo, seu cheiro não mudou, seu abraço continua o mesmo, o olhar de - irmão mais velho preocupado - também está ali.

— Eu sinto muito, Emy, papai deve estar me dando broncas nesse momento por eu não ter percebido antes que isso tudo seria difícil para você. É só que... eu fiquei tão devastado quando o advogado da família fez uma única ligação dizendo que você estava morta, eu liguei milhares de vezes para sua mãe, ela nunca me retornou, só mandou uma mensagem de texto confirmando tudo, ela nem mesmo me disse onde seria o seu suposto enterro. Naquele momento eu senti que tinha perdido todo o meu chão, não conseguia pensar em nada. Quando eu descobri onde você foi enterrada, já haviam se passado uma semana. Eu fiquei tão perdido, Emy — Vincent me aperta cada vez mais, eu sei que ele não quer que eu o veja agora. Demonstrar suas fraquezas nunca foi algo que ela tenha feito. Mas fico feliz por ser a única da qual ele mostra esse lado — Quando eu descobri que você estava viva, e que tudo não passou de uma grande mentira...

— Como você soube?

— Sua mãe, ela me ligou e contou tudo.

Agora tudo está começando a fazer sentido, as vezes que ela se negava a me dar qualquer informação sobre meu irmão, eu achava que tudo não passava de birra. Eu sofri tanto quando ele foi embora, que ela pareceu ter criado uma enorme mágoa dele por conta disso. Sempre se negou a me dar o número de telefone ou endereço. E no fim, eu também acabei desistindo, se ele não me procurava, então ele não queria saber de mim, não é? Errado! Tudo isso foi um grande e maldito... erro.

                                🌻