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James e eu estamos sentados no tapete do seu quarto, com várias fotos e presentes no nosso namoro. Ele conta com detalhes sobre cada momento em que aquelas coisas fizeram parte do nosso passado. Uma foto no fundo da caixa me chama atenção, estamos sentados no capô de um camaro antigo.

— Então, é esse o carro do acidente? — pergunto enquanto encaro a pequena imagem nas minhas mãos.

— É sim, foi um presente do meu pai que veio do meu avô — me viro para James mas ele es£ta olhando para longe, perdido em pensamentos —Nem era para estarmos naquele carro, eu não tinha idade para dirigir. É por isso que eu me culpo.

Pego sua mão e entrelaço nossos dedos, sinto ele relaxar aos poucos e logo se põe de pé me levantando junto.

— Vem, vou te mostrar ele — sua determinação repentina me pegou de surpresa, afinal, o assunto parece mexer profundamente com ele.

— Então, é verdade o que dizem? — minha voz sai arrastada e ele me olha por cima do ombro — Você realmente guarda os restos dele?

James não diz nada e começa a andar para fora do apartamento, indo em direção ao elevador. Eu o sigo em silêncio achando isso meio perturbador. É como se ele guardasse para nunca se livrar da culpa, uma ferida que estará sempre aberta.
Assim que as portas se abrem, ele pega minha mão e me leva até uma parte do estacionamento que é privada com portas de metal. James tira uma chave do bolso para abrir uma das portas. Dentro daquela pequena sala está tudo escuro, mas da para ver que algo grande está guardado em baixo do pano branco. Assim que ele acende as luzes eu posso observar melhor, parece uma pequena oficina improvisada, há várias caixas lacradas por toda a sala e posso ver que se tratam de peças novas de carro.
James ainda está na entrada me observando, ele da alguns passos em direção a coisa escondida e retira a capa branca, quando olho perco o folego. O carro está irreconhecível, eu nem sei se podemos chamar aquilo de carro.

— Por muitas vezes eu tentei conserta-lo — sua voz é distante e fria — Mas para que? Se tudo o que ele fez foi tirar a minha chance de ser feliz.

Sinto meu peito se apertar e vou até ele, passo meus braços em volta da sua cintura e o aperto em meus braços. Eu tinha razão, o carro nada mais é do que o sentimento de culpa que ele carrega.

— Estou aqui agora, não tem porquê você ter tanta mágoa sobre ele — James suspira me abraçando de volta — E se nós dois trabalharmos juntos nesse projeto?

— O que? — James se afasta de mim me encarando seriamente — Está dizendo que quer concertar isso?

— Claro, ele parece ser importante para você e assim poderíamos passar mais tempo juntos, para você me contar sobre nós — James parece pensar por alguns segundo e logo um pequeno sorriso aparece em seus lábios.

— Está certo então, vamos fazer isso juntos — James me abraça apertado me tirando do chão enquanto solto um pequeno suspiro de surpresa.

Um barulho na entrada nos chama atenção e vemos Jack parado ali meio pálido e nos encarando.
James me coloca no chão e abre um grande sorriso indo até o garoto. Jack parece relaxar aos poucos e logo seus olhos encontram o meu. Ele me encara, suas bochechas ficam coradas, confesso que achei gracioso, o que me fez sorrir e ele desviar os olhos.

                                    🌻

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