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   Tento abrir os olhos mas a luz incomoda um pouco, minha cabeça dói e solto um resmungo. Ouço uma movimentação perto de mim e abro os olhos vendo James de cabeça baixa e assim que percebe que estou acordada me olha e levanta rapidamente.

   — Como se sente? — pergunta preocupado.

   Olho em volta e vejo que estou na enfermaria da escola, tento me levantar e James apoia a mão na minhas costas para me ajudar.

   — Um pouco de dor de cabeça, o que aconteceu? — James relaxa os ombros e senta de frente para mim.

   — Você desmaiou do nada no refeitório, enfermeira disse que foi uma queda de pressão — respiro fundo e passo a mão no rosto.

   — Não sei pôrque isso aconteceu — James segura minha mão e sinto uma eletricidade percorrer meu corpo.

   — Está tudo bem agora — afirma ele e solta minha mão — Acho que é melhor você ir para a casa.

   A porta da enfermaria é aberta e uma mulher de aparentemente 30 anos entra vestida de branco, ela é morena, alta e tem um sorriso gentil.

   — Como está se sentindo, querida? — sorrio para ela e me ajeito na maca.

   — Estou bem — respondo ela pega um pequeno papel com algo algo escrito.

   — Sua despensa — diz ela e me entrega o papel.

   — Obrigada — levanto da maca, pego a despensa e saio da sala junto com James.

   — Quer que eu te acompanhe até sua casa? — pergunta James tímido enquanto coloca as mãos no bolso de seu moletom.

   — Hã, eu não sei. Você não tem aula agora? — ele da ombros e continua andando ao meu lado.

   — Não tem problema eu faltar algumas aulas pela primeira vez — tenho certeza que a surpresa está explícita em meu rosto.

   — Nunca perdeu uma aula? — James sorri de lado e pisca um olho para mim me fazendo corar.

   — Desde que eu consegui uma bolsa para estudar em uma das melhores e mais caras escolas da cidade, não. Não perdi nenhuma aula em dois anos para ser exato — olho para o chão e continuo andando.

   Saímos da escola depois de eu ter mostrado minha despensa ao segurança da porta e James ter dito que iria me levar para não correr o risco de eu desmaiar novamente na rua.
   Quando estamos quase chegando perto da minha casa me lembro do parque.

   — Quer ir ao parque? — James me olha estranhando meu convite — Não quero voltar para casa agora, minha mãe esta trabalhando então ficaria sozinha.

   James sorri fraco e atravessa a rua para ir ao parque. Assim que entramos vejo algumas pessoas correndo e conversando.

   — Não sabia que era bolsista — James tem um ar de mistério, e tudo o que eu mais quero é desvendar cada um deles.

   — Bom, tive que estudar muito para conseguir — seus olhos castanhos parecem perdidos por alguns instantes — Claro que tive a melhor professora para me ajudar.

   James sorri triste e olha para mim. Seus olhos castanhos estão vermelhos como se segurasse o choro e resolvo mudar de assunto.

   — Mora aqui perto? — sentamos em um dos bancos que estão com sombra.

   — Na verdade sim, moro sozinho em um micro apartamento — ele solta um riso nasal — É bem pequeno mas era perfeito para nós.

   — Nós quem? — James começa a mexer em uma aliança prata em seu dedo que só percebi agora que estava usando.

   — Minha namorada, ela que decorou o apartamento todo antes de me deixar. Era louca por decoração e fez tudo para que ficasse a nossa cara — não consigo deixar de me sintir estranha por ouvir isso.

   — Você amava mesmo ela, certo? — James me olha nos olhos e sorri.

   — Amo, eu amo ela! — sinto um frio na espinha.

   — O que aconteceu com ela? — James olha para o chão e fica em silêncio.

   Quando penso em mudar de assunto ele me responde.

   — Acidente de carro — ele aperta seus punhos a ponto de seus dedos ficarem brancos — Nós discutíamos naquela manhã, por ciúmes besta da minha parte. Chovia forte e eu perdi o controle do carro, Emy não estava com cinto então foi jogada para fora. Os médicos me disseram que ela morreu na hora.

   O ar falta em meu pulmões e fecho os olhos para controlar minha respiração.

   — Vai devagar, está tentando matar nós dois — berro para ele.

   — Não estou correndo Emy, não tente mudar de assunto. Sabe tudo o quê aquele infeliz fez para infernizar nosso relacionamento e mesmo assim você quer ir tomar uma droga de um café com ele.

   — Ele só queria se desculpar — começo a sentir um enjoo e dores no corpo.

   — Emy? Emy está me ouvindo?

   Uma luz forte vem em nossa direção, um impacto faz meu corpo ser arremessado e tudo fica escuro.

   Abro os olhos e James está com as duas mãos no meu rosto me olhando preocupado.

   — O que houve? — pergunta ele ainda próximo de mim. Começo a me afastar dele e encosto no banco.

   — Você disse que o nome dela, era Emy? — James fica tenso e entrelaça os dedos da mão.

   — Sim, o nome dela era Emy.

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