↘ 2006. Deux mille six ✓

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Rose Chamarlet

2006. Mônaco | Monte-Carlo.

Estava uma pilha de nervos. Sabia que estava.

Era uma das competições de Charles, e estava ansiosa por aquilo a semanas. Era a primeira vez que eu iria assisti-lo.

— Pai, está pronto? — pergunto aproximando-me do homem, este já com as chaves do carro em mãos.

— sim, vou deixá-la com Jules e ir para uma reunião, okay ? — Concordei, já sabendo que era isso mesmo desde o início. Meu pai e minha mãe não tinham muito tempo para mim.

Não que eu me importasse. Aprendi a não ligar com o passar do tempo.

E bem, Charles e Jules estariam lá.

{ . . . }

  Sentei-me ao lado de Tia Pascale e Arthur, todos ansiosos pela corrida de kart que começaria.

  Jules, Tio Harvé e Lorenzo estavam na pista, ajudando Charles com os preparativos da corrida. O garoto já de macacão e capacete bem preso, ouvindo atentamente Jules que gesticulava sem parar.

Desde o dia que Jules havia tomado pra si a responsabilidade de apadrinhar Charles, o mesmo estava cumprindo com maestria tudo isso. Era um padrinho presente sempre que podia, e ajudava sempre o garoto com tudo que podia.

Eles faziam uma boa dupla, e rezava para que ambos um dia corressem juntos.

Seria um sonho.

— Está nervosa, Rose ? — Pergunta Arthur balançando os pés, agitado. Sorri tocando seus fios loiros.

Adorável.

— Um pouco, Art. — Falei sorrindo meio sem jeito. Arthur apenas deu de ombros.

— Não fique, Charles vai se sair bem. — Arthur tenta me confortar, comino sorrindo fraco.

Virei-me para a pista vendo que já iriam iniciar de fato a corrida. Todos já em seus devidos lugares no kartódromo, comigo já começando a morder minha unha do mindinho, nervosa.

Que dê tudo certo — Pedia silenciosamente em minha mente.

E quando deu início, só pude prender a respiração e assistir.

{ . . . }

  Sorri empolgada vendo Charles rir alto, sendo levantado por Jules e Lorenzo que gritavam pelo mais novo.

Charles havia vencido uma disputa acirrada com George Russell, um dos melhores pilotos de Kart atualmente. Foi uma batalha legal.

— Parabéns, meu bebê! — Tia Pascale agarra os ombros de Charles que fez careta ao ser beijado várias vezes no rosto.

— Mãe! — Charles choraminga comigo rindo ao me aproximar com Arthur que logo abraçava o irmão.

— Meu neném é tão talentoso — Ela falava ajeitando o cabelo bagunçado de Marc. Eu ri ainda mais.

— Pelo amor de Deus, mulher — Tio Harvé disse ajudando Charles a se livrar do ataque de mamãe ursa.

E por fim, me aproximei.

— Você foi incrível, neném — Provoquei vendo o mesmo revirar os olhos, comigo abraçando-o forte — Estou orgulhosa, Marc!

— Você me dá sorte, Rose Vie — E nós dois sorrindo.

Uma coisa bem estranha aconteceu após isso. Meu estômago estava lotado de borboletas bobas, minhas mãos estavam geladas e um friozinho estava na minha espinha, deixando-me nervosa.

Os olhos verdes de Charles estavam brilhando em minha direção, comigo segurando um suspiro em minha garganta. Ok. Tinha algo errado.

— Hey, estamos falando com vocês — Arthur falou bravo acordando-me do transe. Nunca gostei tanto desse garoto como gosto agora.

— Eles estavam namorando pelo olhar — Jules provoca comigo bufando ao fuzilar o francês com meus olhos. Um tremendo idiota.

— Oh sim, Charles e Rose sentados em uma árvore... — Lorenzo cantarolou junto de Jules fazendo eu e Charles ficarmos vermelhos.

Não poderia ser mais constrangedor.

{ . . . }

   Sorri fraco ajudando Arthur a limpar o rosto sujo de sorvete, com o garoto nem mesmo ligando, voltando a se lambuzar de sorvete de chocolate.

— Ei, você gostou mesmo da corrida ? — Charles Sussurra ao meu lado, comigo olhando-o de lado.

— Claro que sim, Charls — Falei óbvia vendo o mesmo sorrir aliviado — Não seja bobo. Você é sempre incrível.

— Obrigada, Rose — Fala baixinho, envergonhado.

O frio na barriga, as mãos geladas e o maldito sorriso bobo não saiam do meu rosto.

Tinha algo errado comigo. Sabia que tinha.

{ . . . }

Já era tarde quando eu e Melanie deixamos de lado as novelas, deitadas um do lado da outra, apenas em silêncio no quarto escuro.

Na manhã seguinte eu iria voltar para a França, para ficar com minha mãe. Meus pais tinham uma relação estranha e unilateral, e ambos só se falavam por mim. Nada além disso.

Eu passava os fins de semana em Mônaco, e na semana, ia para a escola na França, onde morava com minha mãe.

— Pelo amor de Deus, fala logo o que aconteceu para você estar quieta assim, Roselyn! — Melanie disse após um breve silêncio — Você não costuma ser calada assim.

Engoli em seco, decidindo contar a alguém o que estava sentindo. Mel era mais velha e saberia explicar-me o que era tudo isso de estranho que estava sentindo.

Falei para a mesma o que havia acontecido na corrida e na sorveteria, completamente sem jeito.

Você sabe que gosto dele né ? — a mesma questiona.

— Claro, ele é meu amigo! — Falei óbvia, os menos na minha cabeça nada disso fazia sentido.

— Você sabe do que estou dizendo, Rose. Você gosta de Charles da mesma forma que os casais de filme se gostam, ou como meus pais de amam e etc. — explica levemente comigo negando-me a acreditar nisso.

Era loucura.

Eu gostando de Charles? Puff.

Bobeira.

— Não, ele é só meu amigo — Falei convicta do que dizia, Melanie sorriu.

— Certo então, senhorita apaixonada. Quando você notar, vou dizer um lindo e belo " Eu avisei" — Ela riu ao falar.

— Impossível, isso não vai nem acontecer mesmo — e dormi escutando seus risos.

Essa garota só pode estar maluca.



  A culpa é minha por não ser boa em me expressar?
Eu sou uma garota calorosa em uma cidade fria
Eu não posso simplesmente dizer que gosto de você?
Eu só quero ser sincera | Bolbbalgan Some

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