" Se eu pudesse voar, eu estaria voltando direto para casa, pra você
Eu acho que eu poderia desistir de tudo, é só me pedir
Preste atenção, eu espero que você escute, porque eu abaixei minha guarda
Agora eu estou completamente indefeso
…
Somente para seus olhos, eu vou mostrar meu coração
Para quando você estiver sozinha e esquecer quem você é
Eu estou sem a metade de mim quando nós estamos separados
Agora você me conhece, apenas para os seus olhos
Somente para seus olhos " If I Could Fly, 1D
Charles Leclerc
Monte Carlo, Mônaco.
Respiro fundo, procurando coragem para entrar no quartinho onde meu filho estava, pronto para vê-lo, mas, em um poço de nervosismo. Eu queria e precisava ver Henry. Eu só tinha ele, apenas ele.
Pensei em Rose, em seu sorriso, em como ela teria amado me ver com Henry, em meu colo, e pensando nisso, entrei no quartinho de Henry.
Henry dormia na incubadora, tranquilo e alheio a todos os problemas que nos restavam aqui fora. Senti meu coração menos agoniado olhando ele ressonando tranquilamente, parecendo um anjinho.
Ainda inchado pelo parto, não sabia como ele iria ser, digo, fisicamente. Mas, via que ele tinha traços de Rose, da minha Rose.
— Ele é lindo, Parabéns! -- A mão de Alana toca minhas costas. Apenas acenei sorrindo fraco, quase imperceptível – Sei como está se sentindo, Charles. Sinto muito mesmo...
— Eu também, Lana. Eu também — Sussurro com a voz embargada, tocando a pequena mão de Henry, sorrindo minimamente ao olha-lo, sentindo meus olhos encherem de lágrimas. Tudo que eu sabia fazer nestes últimos dois dias.
Parecia surreal.
— Você conheceu ela melhor do que todos, Charles. Roselyn era teimosa, persistente. Persistiu tanto para ter ele aqui – Concordei com ela, vendo uma enfermeira ir até Henry e checando o pequeno. Tão frágil.
— Sabe onde está Lorenzo? — sussurro vendo a enfermeira arrumar Henry na incubadora.
— Está com Arthur e Jasmine na cafeteria – fala suavemente, pegando o celular que tocava. O nome de Lewis brilhava ali.
Nestes dois dias desde a partida de Rose, Lana havia ficado com Henry até cuidarmos de tudo para o velório, na verdade, quem cuidou foi minha mãe e os Bianchi, já que eu não tinha forças nem pra respirar direito.
— Fique tranquila para ir, Lana. Lucca precisa de você – Falei, tocando o ombro da garota que apenas acena, cansada – Prometo dar notícias mais tarde. Eu só preciso ficar um pouco com ele.
— Apenas me avise, por favor – E se vai após beijar minha bochecha, após me abraçar por longos segundos.
Fiquei ali, admirando Henry. Meu pequeno.
Peguei sua pequena mão, sentindo minha alma partindo-se, sucumbindo ao choro que prendi o dia todo. Era insuportável.
— Eu sinto muito, Henry. Ela se foi, meu bebê — E chorei, pegando sua mão, soluçando como um garotinho.
Eu não sabia o que fazer, estou perdido e ao relento. Achei que teria Rose nessa nova parte da nossa vida, achei que finalmente as coisas iriam começar a progredir, mas, me enganei, mais uma vez enganado.
....
O funeral de Roselyn foi um dos mais tristes e dolorosos que já passei e estive presente. Eu apenas chorei, e chorei e chorei. Chorei como um garoto perdido, porque era como eu me sentia.
Rose era e ainda é minha bússola, e sem ela, estava a deriva. Perdido e com um bebê de dias para cuidar, preso nesse pesadelo que nunca parecia acabar.
Só sei que eu desmoronei quando enterraram o caixão, e meus gritos eram ouvidos, sentido por todos ali a dor que me cercava.
Eu já não tinha mais o amor da minha vida.
Eu era apenas uma alma penando entre os vivos. Sem rumo.
....
Henry finalmente foi para casa após alguns dias internado após pegar uma bactéria no hospital, mas, graças a Deus, deu tudo certo. E ele já está em casa, na verdade, estamos morando com a minha mãe, já que não suportava entrar na casa que vivi com Rose nesses três anos.
Tudo me lembrava ela, seu cheiro está impregnado lá. E eu não aguentaria ir para lá, então, resolvi voltar a ficar com a minha mãe.
....
Os meses foram difíceis, quase insuportáveis, mas, aprendi a lidar com tudo após Henry chegar na minha vida.
Fiquei muito mal no começo, não sabia nem mesmo cuidar dele, então, optei por começar a aprender, e para esquecer a dor lacerante que Roselyn deixou na minha alma, me fiquei em Henry.
E foi assim que entendi o porquê dela dizer que ele é um pequeno milagre.
Ele curava minha dor dia após dia. Com cada detalhe dele, eu sentia um pouco menos a dor que sua mamãe havia deixado em mim, não que a dor fosse embora, mas, era mais suportável quando estava com Henry.
Seu sorriso banguela fazia eu ter vontade de viver novamente, mesmo que no fundo, eu só estivesse vivo por ele. Pra ver esse bebê crescer, pra ver a luz brilhante que ele é na minha vida.
Henry estava dormindo no berço, alheio a mais uma crise existencial minha, quando meu celular vibrou.
Era uma mensagem de voz gravada. Franzi o cenho, confuso, e coloquei no ouvido.
“ oi, meu amor... — meus olhos encheram de lágrimas ao reconhecer a voz de Rose. Minha Vie — Bem, você deve estar se perguntando como eu gravei isso, mas, foi bem simplesmente, liguei para a operadora do seu celular, e consegui graças algumas mensagens que quero que você e Henry escutem no futuro. Coisas que desejo para vocês após eu partir — Chorei, soluçando baixo, sentindo meu peito doer como o inferno — São quase três da manhã, estou no hospital, e todos os dias sinto que estou definhando. A única coisa que me permite ser positiva, é você e Henry, Charles. Não é culpa sua, não é culpa de ninguém. Eu só tinha que partir, e eu sei que vou partir. Então, resolvi me adiantar alguns meses para dizer. Eu amo você, eu amo muito você, Charles Marc Harvé Percival Leclerc. Amo tanto que meu ar deveria se chamar você, amo tanto que eu não suportaria viver sem você. Amo tanto que eu não suportaria olhar seus olhos lindos e dizer “ Adeus”. Por isso, quero que você saiba, eu sou e sempre serei, eternamente sua. Apenas sua. Diga a Henry o quanto eu o amo, o quanto ele é e foi amado por mim, diga a ele que a mamãe dele vai estar cuidando de vocês dois do céu, e que eu não poderia ser mais grata por ter vocês dois na minha vida, mesmo que curta, foi bem vivida. Eu amei o homem mais incrível do mundo, e gestei o amor da nossa vida, nosso pequeno Henry, então, saiba, que eu sou e fui a mulher mais feliz. E por favor, vivam, vivam muito, por mim, por todos que ficaram e se foram. Eternamente sua, de vocês, Rose “
VOCÊ ESTÁ LENDO
Apologize | Leclerc
Fiksi PenggemarRoselyn Chamarlet era uma garota de sorte, ou melhor, considerava-se de sorte. Tinha melhores amigos incríveis, que eram também sua família. Tinha tudo que poderia desejar. Mas tudo muda após um acidente fatal levar a morte de uma das pessoas mai...