22. Vingt-Et-deux ✓

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   " Despedidas se abrem para mim
Sem saber, sangue entra em meus olhos
As coisas que não posso dizer fluem
Sentimentos pendentes rastejam em meu rosto
Em um certo momento, você foi minha querida
Mas agora, essa cerveja está apenas amarga
Meu coração que está manchado com um ódio próprio tardio
Que é cortado pela brisa passageira

Esta despedida chegou até mim no final da minha jogada
Que era cheia de mentiras
Esse é o preço que eu pagarei
Se alguém pudesse voltar no tempo
Talvez eu poderia me tornar mais honesto
Com minha cara limpa que apenas que conheço
Com meus amigos de longa data que tenho aqui dentro, que são feios e miseráveis
Você ainda teria sorrido
E me amado dessa forma?
Pare de falar sobre o pra sempre
Sempre há um final para tudo
Se há um começo
Eu não quero ouvir isso
Coisas que são muito corretas ou muito confortáveis
Eu não quero ouvir isso
Eu estava tão assustado
Porque parecia que talvez
Eu nunca tenha te amado de verdade
É tarde demais, mas você foi real
Você apenas me amou
Mais " Tear, BTS.



.Rose Chamarlét-Leclerc



  Zurique, Suíça.



  — Roselyn Leclerc? —  a enfermeira chama, saindo de uma porta veneziana que levava aos consultórios médicos. 

— Sim – Levantei junto de Charles, que estava muito cansado. Ele veio direito do aeroporto para cá.

— O senhor Stewart irá recebê-los no consultório – Concordei, agradecendo com um sorriso fraco.

  Charles apertava minha mão com força, como se criasse coragem enquanto batia na porta do consultório, entrando logo em seguida. 

— É um prazer recebê-los aqui – o homem alto de pele negra e cabelos cacheados nos fala, gentilmente. 

Apertei sua mão assim como Charles, que se mantia calado. Sério e compenetrado.

  Nos sentando nas cadeira disponíveis para os pacientes, vendo o doutor Stewart começando a analisar meus exames de forma minuciosa, séria. 

—Bom, o que temos aqui é um caso bem raro – Explica, apontando para o meu ultrassom, comigo concordando levemente, Charles apenas negou-se a olhar o exame. – Após seu primeiro tratamento para a leucemia, a senhora nem mesmo poderia ter filhos. Esses medicamentos usados no tratamento do câncer são fortes demais, acabam eliminando tanto a doença quanto as células boas do corpo, incluindo nisso tudo, os ovários – Mordi o lábio inferior, sorrindo fraco ao notar. Era meu pequeno milagre crescendo aqui – Mas, como tudo na ciência é mutável, acho que ainda podemos cuidar da sua doença para que não avance enquanto gera o bebê, ou, a mãe opte pelo aborto. – Meus olhos estavam cheios de lágrimas. Era difícil demais escolher. – Mas, neste tratamento sugiro a quimioterapia, é um enorme risco que tenha um aborto espontâneo decorrente por conta dos remédios um tanto fortes – A mão de Charles soltou a minha, e senti como um aviso de que não tinha coisa boa ali. Senti como se ele estivesse largando minha mão nessa jornada – São riscos grandes, Roselyn. O medicamento pode te matar mais rápido do que a doença em si.

  — Ela não tem nenhuma outra opção? – a voz rouca de Charles preenche a sala – Ela pode seguir a gravidez e morrer. Pode abortar e morrer, que porra de medicina é essa?

Toquei o ombro de Charles, que tinha seus olhos verdes em chamas. Ele não concordava com nada do que tinha sido dito aqui. Por ele, teria abortado e começado o tratamento para a leucemia quase que instantaneamente. Mas, eu não queria, e me negava a abrir mão desse bebê.

  — Rose está grávida de quatro meses, Senhor Leclerc. Se ela abortar neste estágio avançado da gravidez, ela morre com o bebê. O tratamento é seguro neste caso, poderíamos segurar a gravidez de Rose até os sete meses, e então induzir o parto, e fazer a raspagem logo em seguida – Stewart explica, pacientemente. Meu marido levanta, passando as mãos no rosto.

— E se eu retirar o pulmão afetado logo após o parto? Tenho mais chances, não é?  – Pergunto, analisando a possibilidade. Stewart olha-me, surpreso.

— Séria uma ideia arriscada e bem eficaz. Mas, caso sobreviva a cirurgia, e comece a quimioterapia e a radioterapia, nunca poderá amamentar seu filho – Concordei de modo eficiente. Eu podia lidar com isso, apenas queria viver e ter meu filho em meus braços. 

  O silêncio na sala era ensurdecedor. Se uma folha cair no chão agora, ela faz barulho.

— Não posso simplesmente te ver tomar essa decisão, Rose – Charles, fala com a voz rouca pelo choro entalado. Stewart apenas nos da um breve momento a sós – Eu não posso ver a mulher da minha vida definhando até a morte. Você pode morrer em todas essas opções. Por favor, faça o aborto e faça a quimioterapia. — Charles pega meu rosto, olhando em meus olhos com total desespero. Eu via seu medo, sua angústia.

  Mordi o lábio inferior, negando, vendo seus olhos enchendo de lágrimas. O rosto fechando-se, para então se afastar de mim, encostando a cabeça na mesa, suspirando.

— Não posso, Charles. Ele é apenas um bebê. Eu não vou matar meu filho, sangue do meu sangue –  falei, tomada pela minha decisão. Não queria mudar de ideia – Sangue do seu sangue. Você querendo ou não!

  Os olhos de Leclerc estavam em um tom de verde escuro, cheios de raiva.

— Essa coisa vai te matar, e não vou aceitar. Não é meu filho, não mesmo — Aponta para a minha barriga, completamente transtornado. Minhas mãos foram em direção a minha barriga, quase sem reação ao ver seu olhar cheio de ódio. Não era meu Charles. Não!

— Ele é meu filho, seu filho. Se tiver de morrer para ele vir ao mundo, morrerei feliz, você estando feliz ou não – gritei, irritada vendo ele respira fundo várias vezes. – É a minha decisão final, Leclerc. 

— Não conte com o meu apoio nisso tudo – Aponta para mim, irritado e sai da sala batendo a porta. 

  Cai no chão da sala, sentindo a tristeza me corroer. Porque ele tinha de ser tão difícil? 

  — Mamãe irá lutar por você, Bebê. Prometo – Sussurro,, tocando meu ventre ainda sem um volume volúvel. 

   ....

   Monte-Carlo, Mônaco.



  Uma semana depois estávamos de volta a Mônaco, e já havia iniciado meu tratamento contra o avanço da doença, iniciando os cuidados necessários para o bebê. Pré-natal e enxoval.

  Alana e Melanie tem me dado todo o apoio para a gravidez.

Lana ia comigo para as consultas, — Já que Charles se nega de toda forma qualquer coisa que o ligue ao bebê em minha barriga. Melanie me leva para tomar um ar todas as tarde, para comprar as coisas do bebê, e etc.

  Mas, uma adição me pegou de surpresa ultimamente. Jasmine Horner, filha mais velha do chefe da Red Bull Racing, — Agora, namorada de George Russell, tornou-se uma das minhas principais aliadas nessa luta que está sendo ser mãe estando com câncer. Eu só queria paz.

Gostava de Jasmine por isso. Ela me fazia sentir leveza em tudo, me apoiava na minha decisão de manter minha gravidez, sem me julgar a cada coisa que fazia. Sentia o julgamento de Lana e Melanie mesmo que silencioso, mas, ambas não diziam nada, porém, sentia com Jasmine uma sinceramente pura, a de cuidar e me apoiar neste momento difícil. Onde todos apenas tinham dedo para me julgar, não me apoiar.

— Como é estar grávida? – Jasmine pergunta, acariciando minha barriga, e senti os chutes de Henry em minha barriga. Sorri fraco, acariciando o lugar onde o pezinho de Henry estava.

— É interessante, acredite. – A garota riu do meu tom divertido na voz – Ele se mexe muito, me faz comer muito, me da dores e enjoos, mas, ainda sim me faz a mulher mais feliz e realizada. É como se todos os dias, ele me desse forças para continuar.

  Jasmine sorriu sentindo o chute do bebê.

— E Charles? – pergunta, vendo minha expressão murchar.

  Suspirei triste, olhando o mar. Estávamos na praia após uma leve caminhada com direito a sorvete, já que eu só podia sair acompanhada, devido aos remédios fortes que podiam me causar sangramentos e desmaios, entre outros sintomas.

— Ele anda ignorando tudo que tem haver com a gravidez. Me leva ao tratamento, fica comigo quando passo mal, mas, tudo em silêncio. – Falei chateada com a situação, lembrando na noite passada de Charles acariciando minhas costas após eu vomitar tudo que havia comido na janta – sabe quando você acha que pode contar com a pessoa para apoiar suas decisões e ela falha com você? Me sinto assim, decepcionada. Sozinha.

  Jasmine pega minha mão, sorrindo fraco.

— Charles é um idiota, mas, um idiota que te ama muito, Rose – sorri, concordando fraco olhando os olhos azuis da britânica, vendo sua sinceridade – Ele não está lidando bem com o fato de que a mulher que ele escolheu viver a vida dele, está doente, definhando e não pode fazer nada. — Passei meus dedos por minha barriga, suspirando —  Sem contar que esta grávida de um filho dele. Imagine isso tudo? É uma bola de neve nas costas do cara.

  — É assustador – após refletir brevemente, concluí – Charles está mais assustado que eu.

  Jasmine, concorda
— George disse que Pierre e Charles foram juntos a alguns oncologistas na Itália, atrás de tratamentos para você e o bebê sofrerem menos – Sorri fraco, mesmo sentindo que estava magoada com as atitudes de Leclerc. Uma coisa não justifica a outra – Ele apenas está tentando lidar da forma dele. Não tire conclusões que podem ser precipitadas. 

   — Também estou com medo, Jas. – Confesso, sentindo meus olhos encherem de lágrimas – Eu vou morrer, sei disso.

— Não fale isso, Rose – A voz dela falhou, me abraçando forte, e cai em lágrimas sentindo os braços acolhedores me apertarem. Uma abraço sincero, de carinho e apoio. Coisa que não tinha nem mesmo com Charles, o cara que escolhi amar até os meus últimos dias. Dias que estavam contados.

— Me prometa que se algo acontecer comigo naquela mesa de parto, você irá cuidar de Henry, prometa para mim? – Pedi, pegando sua mão sentindo seu aperto, vendo ela concordar sem hesitar.

— Eu prometo que se algo acontecer, Henry será bem tratado. Eu juro com a minha vida.

— Estou confiando meu maior tesouro nas suas mãos, Jasmine. — Confesso, passando meus dedos pela marca de pezinho de Henry em minha barriga, perto do umbigo.

Eu tinha que ser forte. Tinha que suportar. Por ele. Por Henry.

  



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