08. Huit✓

4.1K 285 113
                                    

" Ela está indo embora
E eu não posso fazer nada para impedí-la
O meu amor está indo embora
E eu, como o tolo que sou, apenas fiquei parado observando-o partir

Eu a vejo se afastar cada vez mais
Se tornando um pequeno pontinho no horizonte e desaparecendo
Será que isto vai passar com o tempo?
Me lembro dos nossos momentos, eu lembro de você

Se você
Se você
Se ainda não for tarde demais
Podemos voltar a estar juntos?
Se você, se você
Se você se sente do mesmo jeito que eu
Então, por que não tentamos facilitar as coisas?
Eu devia ter aproveitado, enquanto você ainda estava ao meu lado
Ooh, sim " If You • BigBang

Rose Chamarlét

Mônaco, Monte Carlo

Minha mente vagava a algum tempo, olhando a brisa calma que o mar trazia, banhando a costa rochosa da cidade, perdia em pensamentos e lembranças que apenas essas águas traziam.

Pensava em minha mãe, Jules, Charles, nos Bianchi, tio Harvé, Alana, todos que eu podia pensar, pensei. Pensei em mil e uma coisas, sem parar, sentindo o sufocamento chegar. Eu estava exausta. Mais que exausta. E eu não estava nem na metade do caminho.

A brisa do mar de Mônaco batia em meu rosto, corado pelo sol. O mar calmo e sem fim a minha frente.

Senti Charles me abraçar por trás, beijando minha nuca com carinho. Sorri fraco, sentindo meus pelinhos da nunca arrepiarem-se com o contato de sua boca em minha pele.

—Está bem? – Pergunta, pela milésima vez, comigo rindo ao concordar.

—  Sim, Charles. Os remédios ainda não fizeram efeito, mas, quando acontecer estarei dormido sobre você – Leclerc, negou, rindo de meu tom brincalhão.

Leucemia.

Segundo todos os sites que visitei para saber mais da doença, diziam-me apenas uma coisa.

“ os glóbulos brancos perdem a função de defesa e são produzidos descontroladamente. Dessa forma, passam a se acumular na medula óssea e substituem células sadias, prejudicando a atuação ou a produção de outros componentes sanguíneos. “

Estava doente e não sabia se iria me curar, tinha algumas chances disso não acontecer, de eu conseguir.  Tive medo, chorei e gritei muito, para todos ouvirem naquele quarto de hospital. Anos lutando contra isso com a minha mãe, para no fim, eu estar seguindo o mesmo caminho, sem nem saber.

Até me dar conta de que a doença não iria embora comigo me desesperando.

Eu tinha que lutar. Por mim, Por Alana, Charles, por minha mãe, Jules, por todos que me amam. Eu precisava lutar.

Não desistiria agora que minha vida estava entrando nos eixos. Eu tinha meu Marc de volta, queria viver com ele e para isso,  tinha que ser forte e suportar meu novo fardo. Mais um que teria de suportar.

Ser forte era meu lema, não tão lema, está mais para fardo. Um fardo pesado que não sabia se iria suportar. Eu tinha minhas dúvidas.

Tem dois dias que voltámos a Mônaco, e já iniciei meu tratamento. Charles foi comigo na primeira sessão, e nunca me senti tão mal, a sensação era horrível. Senti a agulha entrando no meu braço, e a enfermeira dizendo que não doeria, ao menos não naquele momento, tornou tudo tão real.

Não era um pesadelo.

Vomitei e dormi a manhã toda depois que chegamos da clinica particular que Charles insistiu para que fizesse meu tratamento ali, referência em câncer, na cidade de Gorbie, já pisando em solo francês.

Apologize | LeclercOnde histórias criam vida. Descubra agora