- Ela acordou. – Jenny exclama ao ver que abrir os olhos.
Estava deitada em uma cama em um lugar climatizado tudo indicava ser um quarto de hospital , não me surpreendi pois a única coisa que lembro vagamente é de entrar para dentro do banheiro. Minha mãe me avalia com olhar de preocupação , graças ao nosso vinculo ela não poderia me examinar , mas aquela voz doce e rosto de beleza natural eu já conhecia, era Maria a medica que cuidou de Beatriz , ela me encara nos olhos e pergunta :
- Como está se sentindo ?
A verdade eu me sentia amassada como se um caminhão houvesse passado sob mim , minha cabeça doía era com certeza consequência da batida que levei quando desmaiei.
- Bem . - Disse sabendo que não era a verdade.
- Os exames logo ficam prontos , a mãe pode me acompanhar por favor ! - Se direciona para minha mãe e saem da sala em seguida.
Estava tomando algo na veia, senti meus olhos ficarem cada vez mais pesados , enquanto Jenny acariciava meu cabelo, adormeci novamente.
Despertei e sentia um alivio, olhei para Jenny adormecida na poltrona ao lado da minha cama , ouvi alguns sussurros e logo em seguida entrou Maria acompanhada da minha mãe, ergui os olhos em direção a elas , ansiosa para o resultado, Maria começa a falar :
- Tudo indica que você teve uma crise nervosa ou como conhecemos : colapso nervoso. Mas esse é um diagnostico avaliativo , pela causa a qual pode ter originado o ocorrido. Agora você recebera alta , nada foi apontado em seus exames .
- Ok. - Digo baixo.
Saímos do hospital, estava com muita fome era como se eu não comesse a dias , então decidimos passar em algum restaurante que estivesse aberto esse horário.
- Tem certeza que aguenta come tudo isso ? – minha mãe pergunta se referindo ao meu prato que estava cheio demais.
- Ela está bem mesmo! – Jenny diz de forma sacartica.
- Muito engraçadinha . – rosno para Jenny.
Após o restaurante, o celular da minha mãe tocava a cada dois minutos , enquanto ela dirigia.
- Você não vai atender, parece importante . – disse quando paramos no sinal.
- Talvez depois. – Ela diz e o celular volta a tocar novamente .
Irritada com o barulho , pego o celular e o atendo.
"Alô "
_ Pensei que não fosse mais me atender Tânia, a Ana foi viajar com as crianças , pode vir hoje estou com saudades da nossa ultima noite. – a voz ecoa pelo outro lado da linha.
_ Pai! – Grito assustada ,reconheceria aquela voz em qualquer lugar.
Ainda assustada com o que acabara de ouvir , não disse nada , minha mãe me olhou confusa e inventei algo dizendo que tinha me confundido. Chegamos em casa e não troquei uma palavra sequer com minha mãe , subi para meu quarto e tranquei a porta me esquecendo que Jenny também dormia ali. Tudo que sentia agora era medo, estava com medo de ficar nervosa e acontecer tudo de novo, estava com medo daquela ligação, estava só e estava com medo do medo.
Dormi por algumas horas no chão do quarto , acordei de madrugada e vi a roupa que usava de manhã em cima do criado mudo, foi nesse momento que me lembrei da carta, peguei meu celular olhando as horas ,ligo a lanterna do aparelho , destranco a porta devagar e sigo ate o banheiro em passos lentos, com todo o cuidado para não fazer barulho.
Procuro minha mochila e a encontro rápido, volto para o quarto, tranco a porta acendendo a luz. Conforme vou abrindo o zíper da mochila sinto meu coração acelerar , respiro fundo e continuo , pego a carta e a tiro da mochila sem pensar muito,rasco o envelope.
"Olá.
Uma semana depois que te conheci tive certeza que você era pessoa certa , nenhum outro ser humano foi capaz de me causar amor em tão pouco tempo . Não sinta raiva e nem me culpe por não estar do seu lado agora isso era tudo que eu mais queria, porém infelizmente já estava tudo planejado e não iria mudar de ideia. A morte foi a única maneira que encontrei de me livrar para sempre da pessoa a qual eu não era,quem sabe em outra vida poderei ser quem eu sempre fui. Minhas cicatrizes estavam ficando cada vez mais profundas e doloridas. Eu sinto muito,mas não podia te arrastar para isso comigo. As semanas que passei junto a você foram incríveis foi como se eu pudesse aguentar tudo isso e sempre que você estava do meu lado a vida começava a fazer sentindo. Foram inúmeras tentativas e todas mal sucedidas, desde que Merídia se foi que carrego a culpa por ter feito algo tão terrível, era para mim ter morrido naquele acidente, ela era tão inocente e viva, não suportava que ninguém a machucasse. Se nós não tivéssemos ido a aquela festa, se estivesse sozinha naquele banheiro ou se não tivesse ido atrás de mim e entrado naquele carro, talvez tudo seria diferente. Não suportei vê-la aos beijos com o Tim, o meu melhor amigo e a mulher que carregava todo meu amor, preferiria a morte, mas não queria que ela morresse. As lagrimas me impediram de enxergar, ela estava sem cinto de segurança e pedia para que diminuísse a velocidade, mas já não a escutava, todos os momentos que vivemos juntos passava pela minha mente, meu peito queimava... até que tudo se apagou quando nossos corpos se chocaram naquele caminhão. Ela se tornou uma das cicatrizes irreversível.
Com amor, Anthony.
Ao terminar de ler aquela carta fiquei inconsolável, estava chorando como uma criança que perde um doce, era como se o próprio Anthony estivesse do meu lado me contando,conseguia sentir sua angustia , era como se a sua dor se projetasse em mim e infelizmente não podia ajuda- lo. Ele salvou a minha vida, me trouxe esperanças, me mostrou que no aro íris possuía mais que sete cores, e enquanto ele tratava das minhas feridas as dele só se abriam.
( Confesso que esse é mais um capitulo que derramei lagrimas para escrever... então me deixem estrelinhas, e comentem como vocês ficaram depois dessa carta.)
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MARTE VIVE EM MIM
RomanceO que a vida adolescente nos reserva ? Uma vez me foi feita essa pergunta e só agora tenho essa resposta. Drogas, bebidas,sexo,amor, cicatrizes para toda a vida;foi assim que Sara Smith conheceu a dor e o prazer de amar alguém. Sara Smith é uma clás...