Uma semana se passou desde que li a última carta de Anthony. Os dias seguiam o mesmo ritmo,ir a escola e trabalhar era a única coisa que conseguia prender minha atenção,minha vida estava totalmente monótona.
_ Sara, já vai fazer um mês. - Ouço Alicia falando.
Faltava apenas dois dias para completar um mês que Anthony morreu,mas para mim era como se ele houvesse acabado de morrer,seus pais ainda estavam na cidade,mas havia uma placa enorme em frente a sua casa anunciando que o imóvel estava à venda. Não voltei a ajudar a Ana como havia prometido aquela noite,nem mesmo ela solicitou minha presença.
_ Mas...só encontrei três cartas,não faz sentindo.
_ Amiga você precisa sair,desde que ele se foi que você está obececada por essas cartas, não acha que se houvesse outras você não já as teria encontrado,tudo que você sabe saber é procurar.
Alícia não estava errada,tenho vasculhado cada lugar,outro dia fomos ao cinema e Alícia me encontrou debaixo das cadeiras,talvez realmente eu estivesse ficando louca.
_ Olha amiga e se ao invés de procurar, olhassemos as últimas cartas,pode ser que tenha deixado alguma pista. - Diz - mais se não achamos nada,você tem que me prometer que vai parar com essa loucura.
Eu não poderia prometer aquilo para Alícia,mas uma parte de mim sabia que ela estava certa,minha vida está inerte,percebi que todas as pessoas que diziam se importar comigo aos poucos foram indo embora,Alicia ainda está aqui comigo, só não sei quanto tempo ela irá ficar.
- Ok - digo com dificuldade.
Estávamos em meu quarto,minha mãe provavelmente no trabalho,desde do dia que atendi aquela ligação que tenho evitado o contato com ela,em contrapartida Jenny já está quase terminando seu estágio o que me deixa triste,tudo indica que ela irá embora,quando terminar.
Me levanto ajustando meu short preto, caminho até meu armário o abro e em seguida pego as três cartas que estavam de baixo da pilha de roupa. Volto para minha cama, Alícia olha ansiosa :
_ Me dê logo.
Ela coloca a mão dentro do envelope da primeira carta, enumerei os envelopes para não esquecer a sequência. Em seguida Alícia abre a carta, ela não lê,sabe que é algo pessoal,mas então começa a olhar cada detalhe da carta,a vira de cabeça para baixo,de um lado para outro, aquilo estava começando a soar engraçado,começo a rir baixo e deito na cama a olhando,ela faz a mesma coisa com as outras duas cartas e por fim,grita:
_ Aí meu deus! Eu sei onde esta a outra carta.
Suas palavras fizeram todo meu estômago revirar,senti minhas mãos suando,ela se inclina na cama e me puxa,fico de pé.
_ Estava o tempo todo bem no seu nariz.
Ela pega a carta e me mostra uma palavra do lado de trás da segunda carta,a palavra estava rasurada,encontro dificuldades pra ler.
_ É só um rabisco.
_ Não é só um rabisco, é uma biblioteca,olha é só virar .
Alícia coloca a carta de cabeça para baixo,me mostrando e realmente a rasura em cima de uma palavra tinha formato de uma biblioteca.
_ Temos duas livrarias na cidade,e ainda tem a biblioteca da escola,isso vai ser impossível.
Me sento na cama novamente, Alicia me olha com desaprovação.
_ Olha amiga estou tentando te ajudar,mas colabora né ? Sabe onde tem outra biblioteca ? Na casa do Anthony.
Neste momento Alícia faz com que todo meu pensamento se ilumine e imediatamente me lembro da noite em que dormi na casa de Anthony.
_ Como você sabe disso ? - pergunto assustada.
_ O Robson me contou,estamos ficando sério. - sorri apaixonada.
Se ela soubesse como a paixão acaba rapidamente e como o amor destrói,ela certamente fugiria.
_ Então vamos. - me levanto,colocando o tênis no pé.
_ Tem um problema - Alicia diz por entre os dentes e a expressão em seu rosto denunciava que não era algo bom. - Se você quiser realmente ir lá agora,vamos ter que pular o muro.
Ela solta com um sorriso,Alicia adora a aventuras,uma vez pulamos para entrar na piscina do clube, não deixaram a gente nadar porque não tínhamos carteirinha,também teve a vez em que invadimos a sala de teatro da escola só para pegar fantasias pro halloween.
_Vou mandar uma mensagem pro Robson. - Tira o telefone do bolso empolgada.
Pulo da cama e o pego da sua mão:
_ Se vamos fazer isso,vamos sozinhas. - guardo seu celular em meu bolso.
Saímos de meu quarto como duas garotas inocentes e não como duas malucas que estavam prestes a invadir uma mansão com sistema de alarme super avançado. Jenny babava em cima do teclado de seu notebook,fiz uma cara de nojo ao vê, Alicia deu início a uma crise de riso por sorte levei a mão em sua boca. Estava escuro e frio,acabamos de entrar no inverno a estação que mais odeio,a casa de Anthony parecia está mais longe desde o último dia que estive lá,conforme andávamos o sangue em nosso corpo se agitava e o frio começara a diminuir. Chegamos e paramos em frente ao portão extremamente alto,do lado aquela placa de venda trazia um ar de casa mal assombrada,fomos ao fundo e por sorte o muro que protegia o jardim era menor,dava para pular facilmente;Alícia não hesitou e começou a escalar o muro,ela adentrou o jardim e pude ouvir seu grito,logo depois ela voltou e me olhou por cima do muro,havia encontrado uma escada.
O jardim não estava encantador como da vez que Anthony me mostrou,as flores estavam muchas e sem cor,o mato estava grande e com certeza Ana não era amiga da natureza,por uma enorme sorte ou por acaso do destino a porta dos fundos estava aberta,girei a maçaneta até ouvir uma voz que me fez estremecer.
_ Quem são vocês, é melhor se afastarem,estou armado.
Aquela voz não me era estranha,claramente o homem estava com tanto medo assim como nós, contínuamos onde estávamos,até ouvir um barulho e iluminação ser ligada,agora podia perfeitamente ver o homem a minha frente que segurava um pedaço de madeira.
_ Santos?
_ Sara ? Meu deus garota você quase me matou do coração.
Ele responde,jogando a madeira no chão,Alicia da risada a olho com desaprovação e ela para.
_ O que você está fazendo aqui ? E quem é essa outra jovem ? - se refere a Alícia.
Expliquei para Santos,disse algumas mentiras sobre o real motivo,mas a verdade é que não poderia deixar escapar aquela oportunidade,ele deixou que entrasse,mais pediu que que fossemos o mais rápido possível,pois se Ana descobrisse correria o risco de perde o emprego.
Entramos e o simples motorista nós guiou até a biblioteca,ele a abriu e ficou na porta esperando que encontrássemos meu brinco. Alícia e eu sabíamos que não estávamos atrás de brinco algum,disse a ela :
_ Só pode está nesta estante,a vez que dormi aqui,encontrei em algum desse livros,mas não lembro o nome.
_ Faz um esforço tem mas de vinte livros só nossa plateleira.
Já fazia algum tempo,estava começando a ficar cansada, Santos adentrou a biblioteca e se ofereceu para ajudar,afinal ele queria voltar a fazer seja lá o que estivesse fazendo.
_ Achei. - Grito aliviada.
Alícia me olha empolgada e solta um finalmente entre os lábios,Santos se levanta do chão vindo em minha direção.
_ Alarme falso. - grito ao vê-lo se aproximar - Minha vó amava tanto aquele brinco.
Pego o celular e mando uma mensagem pra Alícia,pedindo que distraía Santos enquanto pego a carta,rapidamente ela age fingindo está com muita sede,o motorista a leva na cozinha e rapidamente coloco a carta no bolso da minha blusa de frio,tiro o brinco da orelha esquerda e caminho para a porta,até ver algo que me congela por inteiro.
(O que será que Sara viu ? Comentem aqui⤵️)
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MARTE VIVE EM MIM
RomanceO que a vida adolescente nos reserva ? Uma vez me foi feita essa pergunta e só agora tenho essa resposta. Drogas, bebidas,sexo,amor, cicatrizes para toda a vida;foi assim que Sara Smith conheceu a dor e o prazer de amar alguém. Sara Smith é uma clás...