MARTE VIVE EM MIM

cap 27

Havia câmeras na biblioteca por todas as partes,teria que arrumar um jeito de apagar aquelas imagens,isso fez meu estômago embrulhar novamente, ouço passos e vejo que Alícia retornar,ela estava só.

_ Viu um fantasma ? - Alicia pergunta.

Fiz um gesto para que ela entendesse,a expressão em seu rosto mudou rápidamente,Santos chegou logo depois,mostrei para ele o brinco,logo ficou convencido.

_ Vou levar as senhoritas em casa,agora que já está tudo resolvido.

Santos anuncia aliviado,minhas mãos estavam suando, e meu peito disparado, olhava para Alicia ela me pedia para ter calma,saímos do cômodo e fomos para o portão da frente,o motorista foi buscar o carro,ele voltaria em menos de cinto minutos, não teria muito tempo.

_ Tem que ser agora,diga que fui ao banheiro.

Adentrei para enorme casa o mais rápido possível,sabia onde ficava os quartos,a biblioteca,os banheiros,a cozinha, conhecia praticamente tudo e só havia um lugar onde poderia ficar as fitas de vídeo das câmeras, o escritório do pai de Anthony. A porta estava fechada não seria tão fácil entrar,mas graças a séries e vídeos, poderia entrar em qualquer casa apenas com um grampo de cabelo,consegui abrir a porta,e como suspeitava todo as fitas de vídeos ficavam no pequeno cômodo,peguei às fitas,fechei a porta com cuidado e sai disparada de volta para a garagem.

_ Desculpe a demora meninas,mas vocês acreditam que o pneu furou e tive que trocar, não entendo estava em  perfeito estado hoje  cedo. - Santos fala.

Vejo Alícia piscar para mim,essa garota é sensacional, balanço a cabeça sorrindo,comemorando a vitória. Entramos no carro e quando menos espero chegamos em casa, agradeço ao gentil motorista e descemos do carro,vamos direto para o velho balanço o mesmo lugar onde li a primeira carta de Anthony,o telefone da minha amiga toca e Alícia sai para atender a sua nova paquera,me sento no balanço,respiro profundamente e abro a carta.

Olá

Acho educado perguntar se o destinatário está bem logo no começo da carta,mas também considero essa pergunta totalmente irrelevante. Perguntavam o tempo todo se estava bem,tanto que minha resposta se tornou única,era sempre um fraco e tímido "sim". Tenho certeza que nenhuma dessas pessoas se importavam como realmente estava me sentindo,se tornou um hábito para elas,do mesmo jeito que minha mãe sempre perguntava como havia sido na escola,ela perguntava até mesmo nós sábados,confesso que isso me intrigava. Espero que você tenha encontrado essa carta,  se você está atrás de todas elas acreditando que em algumas delas terá os motivos pelo qual ceifei minha vida,tenho que lhe pedir que pare,em nenhuma carta, estará descrito algo assim; a dor que carrego é invisível aos olhos e talvez incompreensível. Não estava nós meus planos conhecer o amor novamente,mas sou culpado por te lhe causado qualquer tipo de sentimento e te peço desculpas por isso,mas antes de tudo quero que você saiba que nem sempre só o amor salva. Havia dias que o mundo todo me sufocava e não conseguia respirar,por isso fugia,corria para o lugar mais vazio possível e me escondia; tenho cicatrizes por todo meu corpo e algumas delas não vão se cicatrizar,no ano retrasado meu país me internaram em uma clínica,disseram que era para o meu bem,que lá teria muitas pessoas iguais a mim,tentei fugir várias vezes,até que me conformei e comecei a planejar minha morte. Minha primeira tentativa não deu certo,nem a segunda,a terceira,mas se você está lendo essa carta,tenho certeza que minha quarta tentativa foi efetuada com sucesso. Eu espero de coração Sara Smith que algum dia você me perdoe por ser tão fraco.

P.s: Estava acordado o dia que você viu minha cicatriz em baixo do peito.

Com amor, Anthony.

Terminei de ler a carta,mas não havia lágrimas para chorar,estava neutra, não sentia mais nada era como se estivesse em um sono profundo,até Alícia me acordar: