Capítulo 15

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O mundo estava desabando sobre a minha cabeça e eu não conseguia reagir, eu apenas queria ficar ali e ser esmagada pelos destroços das consequências das minhas escolhas. Zoe falava com Stacey no telefone andando de um lado para o outro na cozinha do meu novo apartamento, enquanto eu continuava me afogando em lágrimas logo após tudo aquilo vazar para a imprensa. A minha carreira nem havia começado mas já havia uma grande chance dela acabar, essa era uma das piores partes em ser mulher, é muito fácil ser condenada. Especialmente pela mídia. As pessoas batem o martelo do julgamento com facilidade, então você deixa bem rápido de ser a estrela para se tornar a pária da sociedade.

- Como assim deixamos isso acontecer? Você queria esconder isso para sempre? Não, aconteceu e agora lidamos com isso. - Zoe rebateu na chamada em vivo a voz com Stacey.

- E se dissermos que não é ela? Que foram montagens ou algo assim? - Stacey sugeriu.

- Algumas das tatuagens dela ficam evidentes.

- Nós precisamos enterrar isso, isso tem que sumir. Como vamos fazer algo desse tamanho sumir dentro de uma semana? - Stacey disparou do outro lado e Zoe escutou fazendo uma careta de desaprovação. - Todo esse tempo construindo uma imagem para o imbecil do ex namorado destruir em uma semana. Ana, você tem que contar esse tipo de coisa para os seus agentes para que haja um plano de ação.

- Eu não acho que isso deva ser enterrado, pare de dizer coisas maldosas, só faz ela se sentir pior. Isso já foi, aconteceu. Se ela continuar escondendo só vai piorar, encarar de frente e lidar com a situação é o melhor plano e eventualmente as pessoas perdem o interesse e entendem que não é tão grave assim.

- Não é tão grave assim? O meu celular e o de Bob não param de tocar! Robert já ligou e exigiu que lidássemos com isso, como eu vou lidar com isso? - Stacey continuou gritando no telefone, me fazendo chorar mais ainda. - O álbum dela sai em quatro dias! Como montar uma carreira com uma garota que fazia pornografia por dinheiro na internet?

- Não era pornografia! Ok, talvez um soft-porn. Nós vamos dar um jeito, todos nós vamos. Apenas não faça nada ainda e dê um tempo, ela está um pouco abalada mas vamos dar um jeito nisso, depois te ligamos.

Zoe desligou o telefone e se virou para mim, me olhando esfregar o nariz com um lencinho descartável e fez uma carinha de nojo para uma grande pilha de lencinhos usados na minha frente sobre o balcão.

- Amiga, eu te amo, mas chorar não vai adiantar.

- O que eu vou fazer? - Falei com a voz chorosa. - O que eu vou falar para as pessoas, o que eu vou falar para a Demi? Como eu fui tão idiota?

Zoe se aproximou de mim e se sentou na cadeira ao meu lado, virada de frente para mim.

- Você vai dizer a verdade. Vai dizer a verdade porque é a melhor coisa e não vai ter medo disso. Ana, se você usar isso a seu favor, se você usar isso como parte de você da sua evolução, ninguém vai poder usar pra te machucar. Use isso como uma armadura.

- E como eu faço isso? - Eu parei de chorar e a escutei com atenção. - É exatamente o que minha mãe disse que aconteceria. Ela deve estar pulando de alegria agora.

- Como eu disse, seja verdadeira e as pessoas vão entender. Ana, ninguém vai ficar do lado de um cara que dizia que te amava e depois te expôs dessa maneira, pelo amor de Deus, nem os seus clientes fizeram isso. Mostre a ele que quem deveria ficar triste é ele, foi ele quem perdeu você. Não se deixe abalar por isso, ok?

Zoe se inclinou e me puxou para os seus braços, me dando um abraço apertado e fazendo carinho nas minhas costas para me acalmar.

- Eu estou com medo de que ela vá me odiar. - Minha voz saiu cortada por causa do choro.

O ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora