Capítulo 27

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O meu coração batia como um tambor no meu peito vibrando com a antecipação do que viria a seguir. Cada segundo parecia uma tortura até que a porta finalmente se abriu, revelando-a.
O cabelo preto caia perfeitamente em uma cascata de cachos ondulados, nenhum fio fora do lugar, o vestido de marca justo desenhava seu corpo e ela sempre usava saltos. As sobrancelhas arqueadas e os mesmos olhos negros como os meus. Minha mãe era uma mulher muito bonita para a sua idade, o sangue latino era evidente nos seus traços perfeitos. Ela era linda como uma rainha do antigo Egito ou uma vilã de um filme de princesa. Um sorriso de satisfação foi se formando e levantando as maçãs do seu rosto, a implacável Penelope De Armas.

- Ana. - O meu nome parecia mel na sua boca. - Eu sabia que você ia voltar.

- Penelope. - Disse seu nome tentando ser a mais cordial possível e evitando olhar em seus olhos.

Ela desviou seus olhos para Demi e a olhou dos pés a cabeça, apertando os lábios como se tentasse conter um sorriso pela minha audácia de a levar, com toda certeza ela sabia sobre nós, estava em todos os lugares. E eu tinha medo da sua opinião sobre isso. Eu não entendia esse sentimento, mesmo tentando odiá-la, ela ainda era a minha mãe e todas as vezes que ela dizia mais alguma coisa negativa sobre mim, isso me magoava profundamente. Era o poder absoluto e incondicional que mães tem sobre nós, de amar ou machucar.

- Entrem. - Penelope abriu caminho, deixando a porta livre para passarmos.

- Agora eu sei de onde vem seus genes bons. - Demi sussurrou na minha orelha quando entramos, tentando me fazer relaxar.

Eu havia jurado nunca mais pisar os pés ali de novo mas lá estava eu, tendo que engolir as minhas próprias palavras e meu orgulho. Acho que se Demi não estivesse do meu lado e eu não estivesse tentando manter a calma, isso acabaria bem pior. Assim que entramos, ela bateu a porta as nossas costas, fazendo o som ecoar pela casa. Ela passou por nós com o seu salto batendo no carpete e andou até o pé da escada. Olhei ao redor da casa, aquilo trazia algumas lembranças. A maioria ruins. Nenhuma mudança drástica no cenário, tudo ainda permanecia do jeito que minha mãe gostava.

- Anthony! - Ela gritou o nome do meu irmão.

- Você tem uma bela casa, senhora De Armas. - Demi disse educada, olhando o luxo ao redor.

- Você acha? - Ela disse irônica. - Ana a odeia, diz que é grande, fria e superficial. 

- A casa não é dela. - Eu falei baixo e a vi me fuzilar com o olhar de desprezo. - É do marido dela.

Os passos do meu irmão acalmaram a tensão que estava prestes a explodir ali. Eu não pude deixar de sorrir ao vê-lo. Ele havia crescido tanto. Aos dezessete anos, Tony nem parecia o mesmo menino que eu deixei a três anos. Esguio como uma vareta, os cabelos claros caindo sobre a testa, ele tinha olhos de girassóis e seu sorriso de menino ainda era o mesmo.

- Ana! - Tony falou animado ao me ver e descendo a escada de dois em dois degraus.

- Oi cabeção! - Eu não pude deixar de sorrir quando ele me puxou para um abraço apertado e me levantou do chão com facilidade. - Senti saudades!

- Eu também! - Ele sorriu e me colocou de volta no chão. - Popstar, hein? A vida tem sido um tédio sem você aqui para eu implicar.

- O que é isso no seu rosto? - Eu falei encantada com o que parecia ser um resquício de bigode sobre seu lábio.

- Para com isso! - Ele ficou envergonhado e afastou meu dedo da sua boca.

- Demi, esse é meu irmão mais novo. Anthony, essa é Demi.

Eu disse feliz por apresentá-los, ignorando completamente a minha mãe parada de pé ao lado e sabendo que isso só a deixaria mais irritada.

- É um prazer conhecer você, Anthony. - Demi disse educada e eles trocaram um rápido abraço. - Ouvi muitas histórias sobre você.

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