Você se lembra de todas as promessas que me fez incluindo aquela naquela noite de fevereiro quando me prometeu mundos e fundos num café na esquina avenida paulista com a rua Augusta? Se lembra de quantos poemas escreveu em meu nome de quantas frases me direcionou, de quantas vezes disse a mim me olhando no fundo da alma que o amor não nos quebra, que o amor era a cura? Pois eu me lembro de cada detalhe, do gosto do beijo, do toque no corpo, me lembro das marcas e me lembro também das lembranças que gostaria de esquecer quando embarco na consolação as sete horas da manhã, enquanto dentro de um dos meus livros que lia pela quinquagésima vez encontro um bilhete seu dizendo que ainda temos muito um do outro, e que ainda nos pertencemos, por dentro e por fora. Você se lembra quantas vezes me avaliou através de suas retinas e me fez existir e sentir que eu era imensa para no segundo seguinte me destroçar, suas palavras sempre foram doces, de fato você é bom com elas, as palavras, que quando se formam em seus lábios sambam em um misto de sentimentos, falta de razão, obsessão, abuso.
Suas palavras me coloriam inteira, me faziam gigante, pintavam minha pele, marcavam minha alma como um carimbo japonês desses que a gente compra na Dayso Japan, me lembro quando me entregou teu peito como morada, mas depois arrancava de mim toda a vontade que tinha de permanecer em casa, e eram sempre as suas palavras a chegar primeiro, todas enfeitadas, coloridas como bandeirinhas de festa junina, mas vazias e dolorosas, por dentro e por fora, enquanto me tecia elogios e enaltecia minha resistência, você dizia amar me ver resistir, mas me fazia desmoronar, sempre no minuto seguinte, com um sentimento seguinte, sem pudor, no calor da dor do meu momento, que era nosso, mas que quando estava em seus braços era meu, somente meu, e só. E que quando eu te olhava no fundo nos olhos com o coração arrancado do fundo do peito dizendo que ia partir porque o amor nunca dura, você dizia "fica, a vida não faz sentido sem você aqui, sem você não há razão para existir, vou me matar!"
E você matou, matou em mim toda a fome de viver a vida que havíamos prometido um ao outro olhando no fundo dos olhos, matou a minha vontade de te pertencer de novo, matou em mim toda a sede de nós, porque quando você não se matou, você matou dentro de mim tudo o que existia de nós, matou minha ânsia pelo novo, minha sede de descoberta, matou em mim a vontade de ver você no dia seguinte sorrindo com a cabeça no travesseiro e dizendo um ao outro que o amor "Cura". Porque quando você me matou me fez renascer em mim, porque a única coisa que não conseguiu matar foi essa força latente que vibra e brilha intensamente toda vez que eu me lembro da conquista que foi quando eu finalmente me lembrei que a liberdade que eu teria vinda de você, não vinha, era minha e sempre esteve em me pertencer.
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Quando você voltar
RomantizmQuando Você Voltar É uma coletânea se textos sobre amores que nos fazem existir, mesmo que partam, ou nos partam. Se lembra quando seu grande amor foi embora pela primeira vez ? não se lembra ? porque nunca teve ou porque ele nunca foi ? Por que s...