☠TWO☠

683 53 2
                                    

Ainda segurando minha mãe nos braços e balançando meu corpo, com o sangue por todo lado e eu nem sei mais que horas são.

Ouço pessoas me chamando mas não consigo me mover, ou falar.

O vizinho aparece na porta derrepente mas eu não olho pra ele, mesmo assim consigo ver seu rosto apavorado.

Phill era apaixonado por minha mãe e era ele quem me ajudava a trazer ela pra casa toda vez que ela me escapava.

- Lua... - Ele sussurra se aproximando com a voz cheia de dor. - Vem, comigo. - Ele me chama mas eu não olho pra ele.

- Estou esperando ela acordar... temos que ir ao mercado. Não tem mais leite nem ovos, também não temos camarão por isso também temos que ir a uma peixaria. - Digo olhando para o nada.

- Lua, olha pra mim, vem... tem que sair dai, ela não vai acordar. - Ele diz se abaixando.

- Ela vai sim, ela tem que acordar, eu cuido dela. EU CUIDO DELA. - Grito começando a chorar.

- Pequena, acabou. - Nego com a cabeça.

- Não, ela vai acordar. - Digo chorando, a aperto mais em meus braços. - Ela tem que acordar. - Consigo ver as lágrimas de Phill caindo.

Ele se aproxima e tira minhas mãos da minha mãe com dificuldade já que eu não queria soltar ela.

Ele a deita no chão do banheiro e pega no meu braço me levantando.

Olho para o corpo dela com a vista embaçada.

- Ela vai acordar. - Digo assim que ele me levanta. - Eu tô cuidando dela, você pode ir pra casa. - Digo em um fio de voz. - Pode ir pra casa, pode ir porque ela vai acordar, ela vai acordar, nós vamos ao mercado, ela vai me ensinar a fazer varias coisas, ela vai me ver quando me formar e quando me casar, por isso ela vai acordar. - Digo chorando. - MÃE, ACORDA AGORA. - Grito indo pra perto dela, mas Phill me impedi.

Phill me abraça com força e eu desabo completamente.

- O que eu vou fazer? - Digo entre soluços.

(...)

Tem policias para todo lado, estou coberta por sangue e com um corbertor, ao meu lado há uma policial que faz perguntas mas eu não escuto sua voz.

Estou na delegacia a pouco mais que cinco horas.

- Algum parente que possamos ligar? - Volto ao mundo real e olho para o rosto da policial.

- Não... - Sussurro voltando a olhar para o chão.

- Quer beber algo? - Nego. - Comer talvez? - Nego novamente.

- Ela já disse algo? - Um outro policial chega e eu simplismente não o olho.

- Não, ela deve estar em choque, não a culpo, ninguém nessa situação estaria bem. - O policial se abaixa olhando para meu rosto.

- Seu nome é Luana Barbieri Santore? - Assinto sem olhar pra ele. - Seu pai se chama Swart Santore? - Assinto novamente. - Podemos ligar pra ele, pra ele vir te buscar. - Nego.

- Meu pai morreu em um acidente de carro. - Digo baixo, os dois se olham confusos.

- Ah... Stwart Santore mora do outro lado da cidade, com sua esposa, ele está vivo. - Olho para o policial.

- Como? - Ele se levanta e olha para a policial.

- Não sabia que seu pai está vivo? - Não.

- Minha mãe tinha me dito que ele morreu a muitos anos. - Digo baixo.

- Vamos levar você até a casa dele. - O policial me ajuda a me levantar.

Logo depois estava em uma viatura com os dois policiais.

Depois de longas horas estavamos em uma rua cheia de mansões luxuosas.

- É aqui. - Ele diz saindo da viatura.

Ele vai até o que parece ser um interfone e fala com alguém, logo depois o portão se abre e entramos.

Com a ajuda da policial eu saio do carro e acompanho eles.

Tudo fica estranho no momento em que me encontro em uma sala, a minha frente está uma mulher muito elegante que me olha preocupada.

- Filha? Santore tem uma filha? - Ela me olha curiosa. - Podem deixar, obrigada por traze-la, cuido dela. - Cuido dela.

- Terá que comparecer a delegacia amanhã. - A mulher assente e os policiais saem se despedindo de mim.

- Oi. - Ela para a minha frente e afasta meu cabelo do rosto. - Você é linda, com toda certeza é filha de Santore. - Ela sorrir simpática. - Eu sou esposa dele, vou cuidar de você, seu pai deve estar chegando, nós dois teremos muito pra conversar, mas você precisa tomar um banho e descançar. - Ele coloca o braço em volta de mim e me guia até um quarto. - Vamos tirar essas roupas sujas e tomar um belo de um banho. - Ela diz tirando minha blusa. - Os dois tem a mesma marca. - Olho de relance para minha costela e vejo minha tão famosa marca de nascença, uma grande mancha vemelha que parece até um coelho. - Um coelho fofinho. - Ela sorrir pra mim. - Isso é tão legal, eu sempre quis ter uma filha. - Olho em seus olhos e ela se arrepende do que disse. - Não é isso que está pensando, eu não estou feliz pela morte da sua mãe, só estou feliz de ter você agora. - Ela diz culpando-se.

- Acho que preciso de um tempo. - Digo baixo. - Posso tomar banho sozinha. - Ela assente.

- Claro, eu vou pegar algumas roupas pra você. - Ela diz saindo apressada.

Tiro o resto das minhas roupas devagar e vou em direção ao banheiro.

É grande, maior que minha sala.

Antiga sala.

Abro a torneira e me sento na banheira.

- Sou uma péssima mãe.

- Não diga isso, você é boa mãe, só não é perfeita, ninguém é.

- Eu deveria ter cuidado de você. - Olho para frente e vejo minha mãe sentada com as mãos em seu joelho.

- Você cuidou. Não deveria ter essa rensponsabilidade, ainda é uma criança. - Ela diz baixo com um sorriso.

- Eu não sou uma criança, não deveria ter deixado você sozinha, eu queria cuidar de você, eu queria você comigo. - Abraço meu corpo.

- Eu estarei sempre com você, é minha vez de cuidar de você, se deixe ser feliz, você terá uma nova vida, uma família, não era o que você queria? - Ela tomba a cabeça para o lado.

- Não a esse preço. - Digo fechando os olhos. - Eu queria uma família, queria você, queria o Phill, queria um irmão ou irmã, eu queria minha familia. - Digo chorando.

- Você terá, sua família. Para isso você tem que deixar tudo para trás, me deixar ir. - A olho com os olhos embaçados.

- Me perdoa. - Digo em um fio de voz.

- Oh meu bem, eu não tenho que te perdoar, você não tem culpa, ninguém tem, mas se você quer me deixar feliz, seja feliz, viva sua vida, e eu estarei repleta de felicidade. Eu te amo. - As lagrimas caem sem que eu deixe.

- Eu também te amo mãe. - Digo fechando os olhos.

Quando os abro de novo ela não está mais lá.

Aprenda a dizer adeus, sem dizer realmente.

Princesinha Mafiosa.( CONCLUÍDA )Onde histórias criam vida. Descubra agora