Capítulo 15

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Abordar aquele assunto com Renan não foi fácil, era um assunto que eu havia deixado no passado, trazer ele à tona me fez ficar um pouco sensível, mas consegui amenizar a dor de Renan em relação a Kleber, mas ainda assim, o conflito entre eles não cessaria por causa disso.
A maneira como eu tratava e me comportava com Renan, não funcionaria com Kleber, até porque as pessoas são individuais, cada um tem uma maneira de reagir ao problema, eu tinha que encontrar uma forma para que Kleber não me olhasse como inimigo, só assim eu conseguiria ajuda-lo, nem mesmo cogitava um romance com ele, mas se acontecesse eu não iria reclamar.

No horário marcado, Renan e eu já estávamos a espera dos dois que apareceram um pouco depois de nós, assim como Renan eu ignorei totalmente a presença do carrancudo Kleber focando exclusivamente em Micaela, talvez se ele percebesse que não era centro da atenção do grupo, ele mudasse o comportamento dele, mas isso não aconteceu obviamente, embora a noite não estava totalmente perdida, como dona Laís bem lembrou Renan e Kleber nunca havia feito um programa junto, e estar ali tão próximo mesmo que em silêncio já era meio caminho andado, nós havíamos ganhado uma batalha, mas estávamos longe de vencer a guerra.

Micaela havia escolhido uma comédia romântica para assistirmos, achei que a escolha não foi a ideal, mas ainda assim todos concordaram em assistir então adentramos a sala e ocupamos as últimas poltronas, Micaela ficou no canto, e quando todos pensávamos que Kleber ficaria ao seu lado, Renan se adiantou obrigando assim que Kleber sentasse-se ao meu lado. Acredito que ele fez isso de caso pensado.

Deu-se início ao filme, a história se resumia em torno de uma mentira contada pelo protagonista que escondia da moça que era rico, ele se fazia passar pelo filho do empregado de seu pai que é o rei do tomate, ela é uma estagiária de medicina e sofre assédio do médico chefe, basicamente a história se resumia no romance deles e as confusões que o rapaz encontrava para esconder essa mentira. Mas houve uma cena em especial que involuntariamente eu lancei um olhar para Kleber, achei que ele fosse desviar os dele, mas ele não o fez, ao contrário ele me encarava e tive uma imensa vontade de beijá-lo, antes que eu tomasse aquela iniciativa que tenho a nítida certeza seria repugnada eu virei-me para frente evitando voltar a olhá-lo até que o filme tivesse o fim decretado, meu coração estava a milhão.

Eu precisava me distraí com alguma coisa, para aliviar a tensão que eu sentia e busquei o copo de refrigerante para tomar um gole, mas não encontrei, olhei para ver e Kleber havia pegado:

_ Esse copo é meu...

Sem jeito ele estendeu o copo na minha direção e meus dedos resvalaram sobre o dele, foi um toque intencional no início mas sem perceber eu acariciei seus dedos com as pontas dos meus e ele puxou a mão com agilidade, concentrado naquele toque não tive reflexo o suficiente para segurar o copo antes dele ir ao chão e derramar todo o conteúdo no chão:

_ Algum problema aí?

_ Não Micaela, fui eu quem esbarrou no copo e derramei o refrigerante.

Kleber não disse nada, nem me desmentiu.

A noite não foi 100%, teve umas alfinetadas de ambas as partes mas acabou até que bem avaliando tudo o que aqueles dois viviam.

Kleber tinha momento em que conseguia me surpreender com sua bondade, com as pessoas que ele gostava ele conseguia ser carinhoso e dona Laís era uma dessas pessoas:

_ Dona Laís.. é desculpa eu não pude vir na hora do almoço, posso comer o estrogonofe agora?

_ Eu vou esquentar para vocês.

Rapidamente eu me adiantei:

_ Não precisa dona Laís, pode ir descansar, nós vamos dar um jeito de esquentar.

_ Mas eu posso fazer isso rapidinho, não estou tão cansada.

_ Dona Laís eu insisto, pode ir descansar, eu me virava lá na Alemanha posso esquentar o estrogonofe, o seu descanso é merecido.

_ Vocês jovens sempre querendo expulsar os mais velhos, então boa noite para todos.

_ Boa noite.

Renan olhou para Kleber e disse:

_ Obrigado!

_ Por...?

_ É importante para ela, ela preparou esse prato especialmente para você.

Fui para a cozinha esquentar o estrogonofe, Micaela sentou-se ao lado do Kleber e Renan de frente a eles, eu os observava por um momento e eles se pareciam tanto semelhantemente mas seus temperamentos era tão diferentes, um era o contrates do outro, enquanto um era gentil e tinha sempre palavras educadas a dizer, o outro era duro, era indomável, difícil de lidar, mas ao mesmo tempo ambos tinha aquele olhar que cativava, que parecia clamar por proteção.

Servi a todos eles, e me juntei o assunto era aleatório, mas fomos interrompidos pelo toque do celular de Micaela, todos nos calamos, era a irmã dela que parecia chateada por não ter sido convidada para a noite:

_ Ela é a sua namorada?

A pergunta pegou Kleber de surpresa, mas eu precisava saber em que terreno estava pisando:

_ Nem pensar.

_ Minha irmã ainda é adolescente, tem apenas dezesseis anos, acha mesmo que eu deixaria ela cair nas garras do meu malvado favorito?

Ela beliscou o rosto de Kleber:

_ Na verdade minha irmã é aquele tipo assediadora que fica no pé, que gruda feito carrapato, não faz o estilo do Kleber de jeito nenhum, ela não se dá por vencida e acha que vai conquistar ele dessa maneira, mas ao invés disso ela o afasta cada vez mais.

_ É ele é especialista nisso.

Kleber cerrou os olhos e fez menção de levantar-se, Micaela segurou o seu braço e conseguiu controlar a ira dele, e eu enfiei uma uva na boca de Renan para impedi-lo de falar mais alguma palavra:

_ Podíamos repetir o programa qualquer hora, ou saímos para uma noitada, o Marlon não conhece a cidade, vai gostar de conhecer aquele bar que você me levou aquela noite Kleber, o que acha?

_ Vou pensar Micaela, vou pensar.

Micaela deu uma piscada na minha direção:

Duas vontades... A outra face do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora