Capítulo 52

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O método como Cauã chegou nas nossas vidas foi uma forma diferente, eu falo que não foi nós que o escolhemos, mas ele quem nos escolheu.

Marlon e eu todas as noites passeávamos com o nosso cachorro Thor, ele é bem dócil, em uma noite onde fazíamos como de costume, algo fora do comum aconteceu, Thor começou a se agitar, ele latia e puxava Marlon que segurava a coleira para um lado específico, deixamos que ele nos conduzisse pois não era o seu habitual fazer isso.

Quando chegamos perto de um dos bancos da praça, Thor parou e nos olhava alvoroçado entre latidos e uivos. Um chorinho nos chamou a atenção e tentando descobrir de onde vinha, logo nos damos conta que o choro vinha exatamente de uma sacola preta jogada no canto do banco, me abaixei e abri, abismado eu disse a Marlon:

_ Amor... é um bebê...

_ Um bebê?

Ele rapidamente abaixou-se acolhendo aquele ser tão indefeso nos braços, mantendo aquecido junto ao seu peito, aquela criança provavelmente havia acabado de nascer pois ainda estava com o cordão umbilical envolto em sangue, não dava para crer que alguém fizesse tamanha crueldade com um ser tão frágil.

Imediatamente ligamos para a polícia que chegou em minutos, nos fez algumas perguntas e nos conduziu ao hospital, uma das enfermeiras nos permitiu que deixássemos Thor amarrado em um canto no estacionamento, isso nos permitiu que ficássemos no hospital até que recebêssemos notícias do pequeno, o pediatra veio falar conosco depois de realizar todos os exames:

_ Foram vocês que encontraram o recém-nascido?

_ Sim, como ele está doutor?

Ansioso Marlon esperava a resposta dele:

_ Fizemos alguns exames, a criança apresenta um problema respiratório, mas estamos confiante de que logo será restabelecido, ele pesa 3,2kg, mede 46 cm, é um lindo garotão.

_ O que acontecerá a ele agora doutor?

_ Nós já contatamos o conselho tutelar, os policiais estão em busca da mãe, essa criança deve ter horas de nascido provavelmente umas quatro horas no máximo, então eles irão verificar alguma mulher com histórico de gravidez...

_ Mas se a encontrarem, a criança será devolvida a ela?

Eu logo quis saber:

_ Acredito que não, somente se for um quadro de depressão pós parto, porém se não for o caso ela será atuada por abandono de incapaz, nesses casos a criança normalmente irá para adoção.

Fomos para casa em seguida, no outro dia tivemos que passar na delegacia para prestar depoimento, e seguimos direto para o hospital, Marlon queria visitar o pequeno, e assim nós fizemos todos os dias, até que ele recebeu alta e foi para um orfanato para ser colocado em adoção.
Em concordância Marlon e eu entramos com as papeladas para adotá-lo e tivemos que disputar a guarda dele com outros casais que também desejava serem seus pais, mas nós tínhamos a vantagem de já ter um vínculo com ele por termos o encontrado.
Seis meses depois conseguimos trazer ele para passar um final de semana em casa para uma adaptação monitorada pela conselheira tutelar.

A casa estava cheia quando chegamos com o nosso pequeno em casa, todos haviam vindo conhecer o pequeno Cauã e ficaram apaixonado por aqueles olhinhos puxados e por aquela bochecha rosada, todos eles nos deram muito apoio, cada um traziam presentes, Ross e Geanne sua esposa presentearam com um conjunto de berço todo personalizado com o nome Cauã, até o móbile tinha gravado o nome dele, Micaela e Paul presenteou o nosso Cauã com um carrinho cosco que dispunha de três posições de inclinação, com apoio para os pés com duas posições de ajuste, e ainda contava com o bebê conforto multireclinável, já Renan e Emanuel preferiram dar um cheque com uma quantia considerável para que escolhêssemos o presente.
Eles nos incentivavam a não desistir de conseguir adotar Cauã.

O nosso pequeno já nos reconhecia, e até gargalhava quando brincávamos com ele, mas a burocracia para adota-lo era um grande empecilho era tantas exigências mas cumprimos tudo o que o juiz nos pediu, não faltamos a nenhuma das exigências e quando Cauã completou oito meses ele definitivamente recebeu o nome de Cauã Victório Mantovanny Leynner, agora ninguém nos tirava o nosso filho, ele era nosso definitivamente, meu filho com Marlon.

Houve uma grande festa, muita alegria ao leva-lo para casa onde o seu quartinho já estava todo mobiliado, enquanto todos festejava minha mãe chamou a mim e a Marlon em um canto:

_ Filho eu gostaria de falar algo com vocês, na verdade é um pedido.

_ Fala mãe?

_ Kleber, Marlon... eu gostaria muito que você me aceitasse ficar um tempo aqui com vocês para ajudar a cuidar do meu netinho, assim como fiz com o Renan, fui morar com ele para cuidar do Gregory, quando eles o adotaram, eu ficaria muito feliz se atendesse meu pedido.

_ Dona Laís eu vou ficar muito feliz em ter a senhora aqui conosco, e eu vou precisar de toda ajuda possível, sabe como é pai de primeira viagem.

_ Mãe, eu fico muito feliz em ter a senhora aqui comigo, eu me sinto até emocionado que o meu filho poderá contar com o seu carinho, a senhora sempre será bem-vinda na minha casa, na minha vida, então minha resposta será sempre sim para a senhora.

Dei um beijo no topo de sua cabeça a abraçando em seguida.

Naquela noite depois que todos foram embora, fiquei observando Marlon ninar o nosso bebê, e percebi que ele tinha muito jeito para isso, ele trocava fraudas, ele se encarregava da mamadeira enquanto eu ficava com a parte da bagunça, gostava de fazer nosso filho gargalhar enquanto brincava com ele de aviãozinho, ou que fazia uma careta a ele, era divertido vê-lo rir com as coisas que eu fazia.

Já preparávamos a festinha de um ano de Cauã, infelizmente meu irmão não poderia vir da Alemanha junto com o meu cunhado e meu sobrinho, ele tinha uma operação para realizar próximo da data por isso ficava impossibilitado de viajar, mas mandou o presente por Ross e Geanne.
Micaela veio com os dois filhos e com Paul, eles eram bastante presentes na vida do nosso filho, minha mãe mimava Cauã como podia, e eu só tinha que agradecer a tudo o que a vida me deu.

Olhando tudo aquilo, um filme passa por minha mente, o antes e o depois que permiti que Marlon entrasse na minha vida.
Antes, um homem amargurado, vendo a vida de maneira distorcida, me achando desvalorizado por tudo e por todos, a forma como meu pai me criou afetou toda a minha vida de forma negativa, mas eu reagia assim por me achar injustiçado, ninguém dá o que não tem para dar, mas no momento em que permiti que o amor entrasse na minha vida, tudo foi transformado, o sorriso habitou nos meus lábios, a felicidade irradia através do meu olhar, tudo isso se deve ao amor que tenho por Marlon e o fruto do nosso amor está ali em seu colo adormecido, ele não tem nosso sangue, mas é sim o fruto do nosso amor, a conquista mais preciosa que iremos compartilhar juntos.
Me aproximei dos dois, dei um beijo na testa de Cauã, acariciei o rosto de Marlon antes de tomar seus lábios sobre o meu e dizer:

_ Te amo para sempre.

Ele respondeu:

_ Também te amo muito.

Posso dizer hoje sou extremamente realizado pois tenho motivo para ser feliz, amo e sou amado, tive problemas sim, mas é a forma como você reage a esse problema que define quem você é.
Hoje eu vivo, eu amo, eu sobrevivo, a vida é feita de escolha, as duas faces de uma mesma moeda, cara x coroa, podemos viver amargurado nos achando incapaz ou podemos reagir e fazer a diferença, eu escolho ser feliz, o problema tem o tamanho que você dá a ele.
Aja de acordo com as suas escolhas, nunca deixe alguém escolher quem deva amar, como viver, como proceder, pois se assim o fizer, você não passará de uma marionete do outro, jogue fora tudo aquilo que te faz mal e viva de acordo com as suas escolhas para que possa se sentir verdadeiramente livre.
Eu sou feliz, sou livre pois permitir que a vida me moldasse, isso se deve ao perdão e ao amor que permitir que entrasse em minha vida.
Tudo isso se deve ao amor que tenho por minha família, tudo isso se deve a Marlon.

Fim!

Espero que gostem!

By: Andrea

Duas vontades... A outra face do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora