Capítulo 45

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Alemanha?
Aquela única palavra ficou dando voltas e mais volta na minha cabeça enquanto eu caminhava pelas ruas sem saber o que fazer, será que Marlon tinha tanta facilidade assim de me deixar, de abandonar tudo o que havíamos vivido esses últimos dias, será que o amor que ele dizia era tão pouco assim para ele deixar tudo para trás?
Era inevitável estar com raiva, estar magoado com tudo, principalmente comigo mesmo, um erro e coloquei tudo a perder com a única pessoa que pensei em construir uma história junto, um erro e eu destruí todos os nossos sonhos.

Caminhei durante horas até que entrei em um táxi endereçado a casa de Micaela, talvez ela estivesse disposta a me ouvir, desci em frente a entrada de sua casa ficando parado ali, eu queria ter uma conversa franca com ela, sobretudo a mesma covardia queria me dominar, ter que enfrentar mais acusações de uma pessoa que eu amava era duro demais para mim, porém eu tinha que encarar, respirei puxando o ar e toquei a campainha esperando que fosse a Micaela e não a Ingrid a atender.

A porta se abriu e encontrei um par de olhos inchados, Mica me deu passagem e o silêncio era pesado entre nós, eu procurava as palavras para dizer, mas permanecia em silêncio, foi ela quem quebrou o gelo:

_ Kleber... eu passei a noite em claro pensando em tudo o que aconteceu ontem.

_ Eu estou muito ferido com tudo isso Micaela, mas eu vim aqui para tentar explicar para você o que aconteceu.

_ Não precisa, na verdade eu quem tenho que me explicar com você, Kleber eu te conheço e sei que você não seria capaz, quando a Ingrid me contou que tinha dormido com você eu fiquei louca por que.... ela está doente, e acabei sem pensar fazendo o que eu fiz, mas a noite me serviu para refletir, e mesmo não sabendo como foi que aconteceu, eu quero que saiba que eu confio em você.

Eu a abracei forte, ainda assim eu quis dizer a ela tudo o que aconteceu para que não ficasse nenhum resquício de dúvida sobre a nossa amizade:

_ Eu já imaginava que você não era o culpado nessa história, mas agora que conheço o que de fato aconteceu eu tenho certeza, minha irmã está fora de controle e eu não sei o que ela é capaz de fazer depois disso, mas eu vou conversar com o Marlon, ele vai entender que a culpa disso tudo é da minha irmã e que você é inocente.

_ Ele quer voltar para a Alemanha, ele quer me deixar Mica, eu não sei o que vou fazer sem ele.

_ Ele não vai meu amigo, nós vamos conversar com ele, e convencê-lo de que ele não pode ir.

Ter a minha amiga do meu lado me dava um fôlego, um sopro de esperança, fomos juntos para casa afim de ela falar com Marlon, sobretudo o balde de água fria veio quando Renan com cautela me avisou que naquela mesma tarde Marlon havia retornado a Alemanha:

_ Eu te liguei Kleber, você não atendeu.

_ Ele foi embora, o Marlon foi embora?

_ Eu sinto muito meu irmão, ele me pediu que lhe entregasse isso.

Ele estendeu a mão e me entregou a corrente com a aliança, a mesma aliança que ele me prometeu que só tiraria para substituir para o dedo, e agora ela estava aqui na minha mão e eu a apertava com firmeza, dessa vez eu não chorei:

_ Kleber, meu irmão você está bem?

_ O Marlon voltou para a Alemanha, me largar foi tão fácil para ele assim?

_ Eu tenho certeza de que para ele não está sendo fácil também Kleber. Ele também está sofrendo assim como você.

_ Acabou, ele decidiu assim. Eu vou pedir uma coisa a vocês dois, nunca mais toque no nome dele perto de mim, eu imploro a vocês para me ajudar a esquece-lo.

_ Kleber...

_ Micaela eu te peço me ajuda, me ajuda Renan, eu não quero mais sentir essa dor, eu preciso esquece-lo.

A Mica me abraçou e eu desabei:

_ Porque ele teve que me deixar, porque?

Eu acabei adormecendo ali mesmo na sala, quando acordei Micaela, Renan e Emanuel estava por ali, eles tentavam me animar, assistimos a um filme que eu não me concentrei na história, depois eles pediram uma pizza que me forçaram a comer mesmo eu me recusando, minha mãe também tentava me animar fazendo os meus pratos favoritos, mas eu estava totalmente sem apetite:

_ Kleber você não pode se entregar assim meu irmão, você tem que reagir, cadê aquele cara durão hein?

_ Eu não dou a mínima para aquele cara durão que eu era Renan, eu só preciso do Marlon aqui comigo, mas ele se foi não é, ele resolveu ir embora, então não adianta nada.

_ Eu acho que tudo o que vocês precisam é de um tempo para colocar as emoções em ordem, eu tenho certeza de que vocês ainda vão se entender.

_ É verdade Kleber, esse tempo será bom para os dois para que possa avaliar os sentimentos de ambos.

_ Avaliar o que Emanuel, avaliar se ele me ama ou não?

A impaciência na minha voz era tão característica que todos se calaram, Micaela deitou a cabeça no meu ombro:

_ Você não está sozinho, estamos aqui por você.

Três meses depois:

A julgar os últimos acontecimentos, podia-se ver que Renan estava realmente feliz, Emanuel e ele acabaram de marcar a data do casamento deles.
Eu estava feliz por eles, mas sentia meu coração apertado, ao pensar que poderia ser o meu casamento com Marlon, mas isso não aconteceria.
Como combinado Renan e Micaela nunca mais mencionou o nome de Marlon perto de mim, isso não significava que eu não lembrava dele, que eu não sentia saudades, ou muito menos que eu havia deixado de amá-lo, eu não podia negar nada disso, pois sim eu sentia falta dele, sentia falta dos beijos, dos abraços, sentia falta do seu corpo junto ao meu.

Durante esses três meses eu não fiquei com ninguém, na verdade só saia acompanhado de Renan, Emanuel e Micaela, e mesmo quando reparava que alguém me olhava, seja homem ou mulher, eu desviava o olhar, eu não tinha interesse algum de arranjar outra pessoa, fora Marlon mais ninguém me interessava.

Eu procurei algo para distraí-me e resolvi me matricular em uma escola para adultos, eu havia parado de estudar a anos, e retornar aos estudos era um grande desafio que resolvi encarar.

Recebi muito incentivo tanto da minha mãe, como de Renan, eu estava realmente motivado, conhecer novas pessoas também me fez bem e uma moça chamada Thammy se aproximou, viramos amigos, não era uma amizade como era com a Mica, mas ela era bem simpática, havia noites em que saímos da escola e íamos tomar uma bebida juntos para conversarmos, mas as conversas eram sempre em relação as aulas, nunca tocávamos em assuntos pessoais, eu procurava sempre evitar ter que falar sobre minha vida, mas era bom sair na companhia dela pois ela nada sabia sobre mim, então eu sabia que o nome do Marlon jamais seria pauta da nossa conversa. As minhas feridas ainda estavam abertas e só o simples fato de mencionar o seu nome deixaria as cicatrizes difíceis de se curar. 

Duas vontades... A outra face do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora