Capítulo 39

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Sempre que questionado Kleber desconversava e não respondia onde passou a noite quando desapareceu. Era estranho aquela atitude dele, mas eu procurava não pressionar, mas algo estava errado, eu podia sentir que ele me escondia algo.
Aquela sensação me causava uma insegurança, ainda assim eu esperava que Kleber confiasse em mim e me falasse o que se passava com ele. Mas sempre que tocado no assunto, ele tratava logo de mudar.

Uma semana se passou e ele ainda não havia me dito nada, as vezes eu percebia que ele estava inquieto como se estivesse ensaiando algo para me dizer, mas nunca me dizia.

Emanuel passou a vir com frequência, dando o apoio que Renan precisava, a Micaela também vinha sempre, então não foi surpresa quando ela chegou aquela tarde, mas o seu semblante estava carregado de ódio, sem dizer uma palavra ela estapeou o rosto de Kleber e só então gritava:

_ Eu não vou te perdoar nunca, você não podia ter feito isso, não podia, eu era sua amiga e você me traiu.

Sem entender nada eu tentava segurá-la pois ela insistia em ir para cima dele que se mantinha de cabeça baixa, Renan e Emanuel também sem entender tentava segurá-la:

_ Para com isso Micaela ficou maluca, porque isso, o que foi que o Kleber te fez?

_ Vai Kleber conta para ele.

_ Mica eu sinto muito, eu juro eu não queria, Marlon eu posso te explicar.

_ Sente muito, ela é só uma menina, e ela está doente, você não tinha esse direito, não tinha, eu nunca vou te perdoar, nunca.

_ Mica...

Micaela saiu batendo a porta com forças e os olhares se voltaram totalmente para Kleber, ele pediu que Renan e Emanuel fosse atrás dela, e ficamos apenas nós:

_ A dias eu sinto que você me esconde algo, acho que chegou a hora de saber o que é?

_ Marlon... aquele dia no velório do meu pai, eu sai sem rumo... eu precisava ficar sozinho, parei em um bar, um bar na beira da estrada, e pedi uma bebida.

Eu o escutava atento:

_ Continua, desembucha de vez...

_ Eu bebi demais e acho que acabei dormindo ali mesmo, eu não sei... eu só lembro do dia seguinte.

_ Você diz que não lembra do que aconteceu a noite, tá... mas e de manhã?

_ Eu estava dormindo seminu em um quartinho em cima do mesmo bar.

_ Você estava sozinho?

Aquela era uma pergunta que eu tinha medo da resposta, e o meu medo se concretizou quando ele negou com a cabeça:

_ Com quem você estava Kleber?

Ele ficou em silêncio de cabeça baixa:

_ Com quem, fala logo Kleber com quem você estava?

Eu alterei o tom da minha voz:

_ A Ingrid.

Fechei os meus olhos para evitar olhar para ele, quando eu os abri, Kleber me encarava:

_ Eu não lembro de nada, eu juro não teve como fazer nada com ela eu me lembraria.

_ Eu não acredito que você fez isso comigo, com a gente.

_ Amor...

_ Amor?

_ Marlon, eu te amo. Nós vamos nos casar.

_ Casar? _ Você me traiu Kleber, como eu posso me casar com você, acabou.

_ Não! _ Não acabou.

Ele tentou se aproximar e eu me desviei, eu chorava:

_ Acabou Kleber, eu não confio mais em você.

_ Por favor amor, me escuta.

Renan e Emanuel retornaram nesse momento e logo perceberam o clima tenso entre Kleber e eu:

_ O que há com vocês, por que estão com essas caras, vocês brigaram?

_ Renan, eu vou arrumar minhas coisas e irei para um hotel, será que você pode me ajudar?

_ Como é que é, hotel, por que?

_ Marlon... vamos conversar, eu preciso te explicar.

_ Explicar o que Kleber, que você dormiu com a Ingrid, que você me traiu... traiu a sua amiga mesmo sabendo que ela está tentando ajuda para a irmã, como agora Kleber ela vai procurar ajuda se você acabou de destruí-la.

Tanto Renan como Emanuel ficaram em silêncio, já Kleber tentou novamente se aproximar:

_ Eu te amo, eu não sei o que aconteceu.

_ Eu só tenho uma pergunta, você diz que saiu e foi para um bar a beira de estrada, eu te procurei, liguei desesperado para você por que estava preocupado e nenhuma das minhas ligações foi atendidas, como foi que a Ingrid sabia onde te encontrar?

_ Era ela dentro daquele carro.

_ Ela não dirige Kleber, ela tem dezesseis anos. Para de mentir.

_ Eu não estou mentindo Marlon, não estou, ela pagou para um amigo dela dirigir e era ela naquele maldito carro.

As lágrimas escorriam por seu rosto livremente, era difícil ele demonstrar emoções assim, mas naquele momento ele chorava, fazendo com que eu também não me aguentasse:

_ Foi esse mesmo rapaz que a ajudou a me levar para esse quarto, eu disse que não me lembro de nada daquela noite, eu não estou mentindo, eu jamais iria te trair, acredita em mim, por favor acredite.

_ Chega Kleber, é melhor dar um fim de vez nessa história, eu vou arrumar minhas coisas e ir para um hotel.

_ Não!

Ele continuou:

_ Você veio para essa casa com o Renan, eu tenho a minha casa, eu saio.

_ Você tem que ficar, essa família precisa de você, sou eu quem tenho que ir.

Renan se intrometeu:

_ Nenhum dos dois vão sair dessa casa, Marlon... meu irmão te ama, olha o que ele era e olha o que ele é agora, isso se deve ao amor que ele sente por você, não entra nesse jogo, eu tenho certeza de que deve ter algo de errado nessa história.

_ Renan, você é meu amigo e eu te amo, eu agradeço de coração o tempo em que me recebeu aqui, eu vou ir embora com ou sem a sua ajuda.

_ Eu te amo Marlon.

_ Chega Kleber, chega de dizer que me ama, eu não acredito mais em você, o que um dia existiu entre nós acabou quando você dormiu com aquela garota.

_ Eu não sei se fiz algo com a Ingrid, eu estava bêbado demais, eu entendo a sua revolta mas olha dentro dos meus olhos e diz que não me ama mais, então eu te deixo ir.

_ Eu não posso negar que te amo, mas com a mesma força que te amo eu farei de tudo para te esquecer.


Duas vontades... A outra face do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora