Capítulo 47

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Por mais que Micaela insistisse que eu deveria ir falar com Marlon, eu optei em não ir, tinha muita vontade de ir falar com ele sim, mas antes disso acontecer eu gostaria muito de saber quem era aquele rapaz que havia chegado com ele, eu os observava e os dois e Renan parecia se dar muito bem, volta e meia meu olhar cruzava com o dele:

_ E então Kleber, vai ou não vai me apresentar o Marlon?

_ Não Thammy, eu não vou te apresentar a ele.

_ Poxa, por qual motivo, eu não sou boa o suficiente para o seu amigo?

_ Olha eu sei que nunca te contei nada sobre minha vida porque isso não é da conta de ninguém, mas ele não é meu amigo, ele é o meu ex-namorado, entendeu agora a razão pelo qual eu não posso te apresentar a ele?

Ela estupefata ficou com aquela reposta, e eu enrijeci o maxilar quando vi o rapaz colocar a mão no braço de Marlon com tamanha intimidade, minha vontade era arrancar o braço daquele rapaz, ele não tinha o direito de tocar em Marlon, não na minha frente. Olhei para Micaela e ela me incentivou com um sinal com o olhar para que eu fosse conversar com ele, e involuntariamente eu mordi o lábio inferior, e agindo por impulso eu sei, mas me aproximei:

_ Marlon...

Como se fossem uma única pessoa todos se viraram para mim, Renan deu um passo para o lado afim de me deixar frente a frente com ele:

_ Kleber...

_ Será que pode me dar um minuto?

Sem esperar a reposta, segurei a sua mão e fui o conduzindo pelas escadas ao andar de cima, ele não apresentou nenhuma resistência e eu deixei a porta do quarto aberta para que ele adentrasse, depois que atravessamos a passagem eu a fechei atrás de mim, ambos silenciosos, eu quebrei aquele silêncio:

_ Será que entendi bem, você foi mesmo capaz de trazer outra pessoa sabendo que eu estaria aqui, será que  julga o que vivemos tão insignificante assim para ignorar os meus sentimentos?

_ De quem se refere... eu não estou te entendendo Kleber?

_ Você ainda tem coragem de me perguntar de quem me refiro...?

Eu ironizei com uma riso falso:

_ Você chegou acompanhado por aquele rapaz.

_ Quem o Ross, sim eu cheguei acompanhado por ele mas eu não tenho nada com ele, nada Kleber, o Ross é apenas um amigo, amigo apenas.

_ E aquela intimidade toda, o que significa tudo aquilo?

_ Intimidade, não há e nunca houve intimidade entre o Ross e eu, nunca.

_ Então, porquê...?

_ Porque o que Kleber?

_ Você nem veio falar comigo?

_ Há muitas coisas que eu quero te falar, há muitas coisas que temos que conversar, mas eu cheguei aqui e você sim estava acompanhado, queria o que... que eu achincalhasse aquela menina que estava do seu lado?

_ Vai me dizer que está com ciúmes?

Ele não respondeu a minha pergunta ao invés disso mudou de assunto:

_ Eu fiquei feliz em saber que seguiu a sua vida bem.

_ Segui a minha vida bem?

_ Sim...

_ Isso é brincadeira, sério mesmo que você ficou feliz por que eu segui em frente Marlon, você me obrigou a isso, seis meses, você foi embora.

_ Você queria o que Kleber? _ Eu estive em contato o tempo todo com o Renan, para saber como estava, mas as notícias que tinha era que você não queria nem mesmo ouvir o meu nome, esse tempo todo eu pensei em retornar...

_ E por que não retornou?

Eu o encarava fixamente:

_ Tudo o que eu queria era ter você aqui, comigo.

_ Eu queria voltar Kleber, mas eu tive medo.

_ Medo... medo de mim?

_ Da rejeição, medo de olhar para você e sentir a rejeição, tudo o que aconteceu, eu não soube lidar com o ciúmes que eu senti de saber que dormiu com a Ingrid.

_ Eu tenho certeza de que nada aconteceu aquela noite Marlon.

_ Não importa se aconteceu ou não, a questão nunca foi essa Kleber, não foi o fato de ter acontecido algo ou não, eu sempre soube que a Ingrid faria qualquer coisa para atrapalhar o que tínhamos, o problema foi a maneira como nós dois reagimos ao problema.

_ Você resolveu me abandonar.

_ E você resolveu fugir no momento em que precisava ficar. Eu estava ali com você te apoiando, eu sabia que era um momento difícil aquele que você estava enfrentando, o seu pai era a figura de uma pessoa forte na sua vida, tinha seus pontos negativos sim, mas era o seu pai, você moldou todo o seu caráter em favor dele, e eu entendia que era um momento em que eu tinha que me redobrar para te apoiar, você não imagina como eu me senti quando te procurei e você tinha desaparecido, você preferiu viver aquele momento sem mim. Você não sabe como fiquei preocupado em não saber onde estava, como estava, então você voltou, por várias vezes eu sentia que você tinha algo a me dizer mas você se fechou, preferiu me esconder, e então eu falhei com você, eu não soube lidar com isso, eu nunca quis te abandonar Kleber, eu nunca quis me afastar, mas agi totalmente ao contrário e te abandonei, não sei porque fiz isso mais fiz, e tive medo de encarar, eu te amo, mas se me rejeitar eu não sei...

_ Eu não vou... Marlon eu não vou.

_ Ser um casal é uma troca Kleber, é um cuidar do outro, um relacionamento pode até ser algo maravilhoso, mas se um não aceitar ser cuidado pelo seu parceiro, se ambos não caminhar no mesmo passo, se não tiver essa troca, não vai para frente, você não aceitou ser cuidado, e talvez eu não soube cuidar.

_ Eu entendo o que você quer dizer Marlon, eu nunca fui cuidado, quando me sentia triste, quando meu sentia feliz eu não tinha com quem compartilhar, então quando me vi naquela situação de perder o meu pai, vê o sofrimento da minha mãe e também do Renan, eu pensei na minha dor, e não queria que ninguém me visse como uma pessoa fraca ou que precisava de apoio, eu reconheço que não pensei eu só agi, a Ingrid ela aproveitou...

Eu não terminei a frase pois Marlon selou os meus lábios, mas logo afastou seus lábios dos meus:

_ Eu não quero ouvir você falar sobre ela, não importa se aconteceu algo ou não, o que importa é o aqui e o agora.

_ O aqui e o agora?

_ Kleber eu ainda amo você, se você estiver disposto, nós podemos...

_ Podemos, claro que podemos.

Nós dois nos olhávamos, Marlon mordeu o lábio passando o dente sobre o inferior, eu umedeci o meu, levando minha mão ao seu rosto passando o polegar sobre seus lábios, eu acariciava agora seu rosto e Marlon fechou os seus olhos sentindo o meu toque, selei seus lábios por um momento, e ele abriu os olhos, o brilho que presenciei naquele olhar era tão intenso que eu sorri aproximando meus lábios dos dele, mas não o beijava apenas encostava meus lábios sobre o dele preparando o terreno para o arremate de um beijo totalmente entregue de ambas as partes.
Sem tirar os olhos dos dele, ampliei um sorriso no meu rosto a dizer, antes de voltar a beijá-lo:

_ Eu amo você Marlon.

_ E eu amo você Kleber, amo demais. 

Duas vontades... A outra face do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora