Capítulo 31

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Marlon:

Com tudo o que estava acontecendo não tinha nenhum clima para festas então tivemos que adiar a data do casamento, tudo parou os preparativos, os planos para a lua de mel, a viagem, tudo teve que ser cancelado por um tempo.
A nossa rotina passou a ser casa e hospital, Kleber e Renan estavam focados em cuidar do pai, e eu tinha que apoiá-los, assim como dona Laís que mesmo os dois tentando dar o suporte a ela percebia-se de longe o sofrimento dela por causa do marido.
O quadro de saúde de seu Geovanne só deteriorava e eu não sabia como aqueles dois reagiria se o pior acontecesse, Renan e Kleber cada um a sua maneira sofria com o que acontecia com o pai, mas a maneira de demonstrar era totalmente diferente, Renan estava mais choroso, mais emotivo, porém ele estava com as suas ideias organizadas e aparentemente conformado com o que poderia acontecer, já Kleber não chorava, era aquele que agia na praticidade, mas eu sabia que por dentro ele estava destruído, eu as vezes fingia dormir para enfim ele desabar a chorar enquanto todos não podia ver.
Minha vontade era abraça-lo, e poder dizer que ficaria tudo bem, mas a medida em que os dias iam se passando mais o estado do seu Geovanne piorava, os médicos não nos dava nenhuma esperança:

_ As notícias sobre o paciente não são nada favoráveis, tivemos que aumentar a dosagem de morfina ou ele não suportaria a dor, não há mais nada que possamos fazer.

O fio estava preste a se romper, mas todos ainda queriam crer que o milagre viesse a acontecer, ainda que as chances fossem mínimas.
Emanuel esteve bem presente nessa fase na vida do Renan, ele vinha todos os dias o visitar, mas no fim da tarde ele voltava para o namorado deixando Renan ainda mais desanimado.
Uma noite no quarto Kleber comentou comigo:

_ O Emanuel é um cara legal, eu gosto dele, é nítido o amor que existe entre ele e meu irmão, então eu não entendo o porquê ele continua voltando para o outro?

_ Não podemos julgar a razão pelo qual ele ainda não definiu o fim desse relacionamento por não saber a razão, mas eu concordo com você que se percebe que ele sente algo forte pelo Renan, eu fico triste quando vejo ele ir embora e o Renan fica desolado sabendo que ele foi para o braço do outro.

_ Eu não suportaria essa situação, jamais iria querer te dividir.

_ Nem eu, eu não aguentaria saber que você esteve com outra pessoa além de mim.

_ Isso jamais vai acontecer meu amor, eu te amo e só nos seus braços que eu desejo estar.

Kleber me beijou:

_ Obrigado Marlon.

_ Porque está me agradecendo?

_ Pela sua paciência e compreensão, nós tivemos que parar com os preparativos do casamento, tivemos que adiar a data.

_ Hei, eu já te disse uma vez que um papel só irá fazer com que eu assine o seu sobrenome, mas eu já me sinto seu.

_ E eu sou totalmente seu.

Nós nos amamos aquela noite, mas tão logo ele adormeceu, eu fazia um carinho em seus cabelos e ele adormeceu. Os dias não estava sendo fácies para ele.
Micaela também vinha quase todos os dias ajudar a animar aqueles dois, dona Laís se distraía na cozinha, era ali que ela extravasava.
Apesar de todo o sofrimento, aquela família estava encontrando o caminho para estreitar os laços, pois eles se unirão com o propósito de um ajudar o outro a suportar aquele momento juntos, ainda que cada um tinha uma maneira particular de agir.

Todas as vezes que um deles conseguia conversar com o médico, era interrogado sobre o que conversaram, as vezes as notícias eram animadoras e enchiam de esperança, mas logo vinha o balde de água fria, isso sucedeu nas próximas duas semanas, o certo mesmo era que seu Geovanne continuava entubado, respirando por um aparelho:

_ Vai comigo hoje ao hospital amor?

_ Vou sim amor.

Assim que saímos Kleber olhou a nossa direita e comentou:

_ Marlon, lembra que a dias eu te disse que havia um carro nos seguindo?

_ Sim.

_ Olha ali aquele Chevet preto, eu não estava enganado, alguém está mesmo nos vigiando?

_ Quem será?

_ Eu não sei, mas eu vou descobrir agora.

Kleber foi caminhando para ver quem era, eu o impedi:

_ Não Kleber, não sabemos quem está naquele carro, não sabemos com que intenção alguém está fazendo isso.

_ Mas é isso o que pretendo descobrir Marlon, não gosto de jogos de enigmas.

_ Então eu irei com você.

_ Eu prefiro que fique aqui.

Ele beijou-me e depois foi caminhando em direção a descobrir quem era naquele carro, mas antes que ele conseguisse se aproximar o motorista arrancou com o carro, ele ainda correu atrás, mas logicamente não alcançou. Fui de encontro a ele:

_ Você chegou a ver quem era?

_ Não, e ao que parece a pessoa não quer que descubra quem é. Bem... não tenho tempo para adivinhação, vamos para o hospital.

Kleber ajudou a ajustar o capacete em minha cabeça e me estendeu a mão para apoio enquanto eu subia na moto, chegamos no hospital e naquele dia tivemos uma boa notícia:

_ Hoje o seu Geovanne teve uma pequena mais significativa melhora, olhando o quadro médico dele podemos dizer que ele teve 1% de melhora, pode não parecer muito mais...

_ O meu pai vai se curar doutor?

_ Não, vamos com calma, essa melhora não significa uma cura, mas pode ser que ele possa ir para casa em breve.

_ Já é alguma coisa.

Deixei Kleber ainda conversando com o doutor e saí da sala para ir ao banheiro, mas no meio do caminho fui interpelado por uma mão a puxar o meu braço, surpreso, eu virei-me para a pessoa e encontrei o olhar raivoso de Ingrid:

_ Ingrid, o que faz aqui?

_ Eu estava esperando uma oportunidade de te encontrar sozinho para vim te dar um aviso, saia do meu caminho, o Kleber não é para você, entenda de uma vez por todas o Kleber é meu, desapareça.

_ Ingrid, para com isso, ninguém é de ninguém se não quer ser, olha o Kleber está comigo por que ele quer ficar comigo.

_ Não! _ É melhor que você suma, eu estou te avisando.

_ O que é que está acontecendo aqui?

A voz de Kleber era grave, o que fez com que Ingrid sobressaltasse:

_ Não está acontecendo nada amor.

_ É verdade, foi apenas uma conversa entre duas pessoas Kleber, eu vim aqui para saber como o seu pai está?

_ Se recuperando.

Ele segurou na minha mão e Ingrid seguiu com o gesto com o olhar, depois ela me olhou ainda mais furiosa dizendo:

_ Pode contar comigo sempre Kleber, para qualquer coisa, pode me ligar a hora que for eu virei ao seu encontro?

_ Ingrid, eu agradeço a sua oferta, mas não vejo motivo para fazer isso, não sei no que você poderá me ajudar.

_ Porque você sempre age assim Kleber, porque você sempre é tão ríspido comigo?

_ Se eu sou tão ríspido como você diz, por que insiste em querer se aproximar, olha de verdade, desencana.

_ Grosso.

Fomos andando para o estacionamento afim de irmos para casa, mas ela andava atrás de nós provocando-me:

_ Você está avisado Marlon, some, o Kleber 
e você jamais ficarão juntos, eu não permitirei. 

Duas vontades... A outra face do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora