Capítulo 41

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Kleber:

Considerando de que aquele momento não era o ideal para se realizar um casamento Marlon acabou por me convencer a adiar a data até que meu pai estivesse com a saúde estabilizada, eu apenas aceitei isso pois percebi que realmente minha vida se transformaram em uma maratona casa e hospital e não tinha como dar a atenção que ele merecia, mas os planos daria segmento assim que tudo se resolvesse.
Sobretudo a vida é caprichosa e age de acordo com sua própria natureza, meu pai não resistiu e recebemos a triste notícia da sua partida.

Eu não imaginava que eu sofreria tanto, me sentia vazio, desolado, ainda assim, tomei frente de tudo, não podia deixar Renan e minha mãe passar por aquilo, eles estavam sofrendo demais e não mereciam ter que passar por toda aquela burocracia de documentações para liberar o corpo, então mesmo destruído por dentro eu me fazia forte para resolver tudo, e podia contar com o apoio de Marlon que estava ao meu lado o tempo todo.

A constância de pensamento me perturbava, ora pensava que havia tomado a melhor decisão, ora pensava que tinha errado e talvez se meu pai tivesse sido submetido a cirurgia ele ainda estaria aqui, eu me sentia culpado, responsável, mas nada podia fazer, agora era tarde para arrependimentos, meu pai estava morto.
Tudo o que tinha que fazer agora era cuidar de Renan e de minha mãe, abdicar da minha dor para amenizar a dor deles era minha prioridade.

Para manter o equilíbrio dos meus pensamentos eu procurei focar no bem estar de minha mãe e de Renan que precisaria de todo o meu apoio, mas os nossos sentimentos não é uma ferramenta com um botão mágico que você liga e desliga, e no momento em que vi minha mãe desmaiar eu pressenti que precisava sair dali imediatamente ou não seguraria as lágrimas, eu nunca gostei de chorar na frente de ninguém, desde criança aprendi a ignorar o que me fazia ficar triste, mas me sentia fracassado, fragilizado, me entregar aquele momento nesse instante não ajudaria em nada a ninguém ali presente, então sem avisar ninguém, nem mesmo a Marlon eu resolvi fugir, sair dali sozinho, fiquei andando sem rumo, sem se importar com nada, tudo o que eu queria era um tempo apenas para mim, depois eu retornaria mais forte para eles.

Entrei em um bar:

_ Um conhaque por favor.

O dono do bar me serviu e eu bebi de um gole só, pedi outro e outro e mais outro. Lembro de ter acabado com o conteúdo todo da garrafa, e recordo de ter pedido outra.
Talvez por ter o estômago vazio, aquela bebida subiu rápido demais no meu organismo e logo tinha minha visão turva, minhas ações eram mais lentas e minha voz arrastada. Ali naquele bar liberei as lágrimas ao falar com o dono daquele estabelecimento:

_ Meu pai acaba de morrer sabia, eu deveria está enterrando aquele velho turrão, mas estou aqui enchendo a cara. Sabe o meu pai nunca foi um pai carinhoso comigo, ele era sempre severo e me tratava como se eu não fosse o filho dele, embora fosse o seu primogênito, eu não imaginava que eu o sofreria tanto com a sua morte, mas eu o amava, eu amava aquele velho filho da mãe.

Aquele homem desconhecido a qual eu desabafava colocou a mão sobre o meu ombro e eu me recordo dele dizer:

_ Rapaz, a bebida não é solução para nada, você deveria voltar para junto das pessoas que gostam de você, nesse momento estar rodeado dos amigos é a melhor solução, vamos me dê o seu celular, deixa eu ligar para alguém.

Retirei o celular do bolso da calça e estendi para ele, depois disso eu não me lembro de mais nada, minha mente é um branco total quando penso nos acontecimentos daquela noite, mas ao amanhecer, ao jogar o braço para o lado da cama em busca do corpo de Marlon, me deparei com um corpo sim, mas não o corpo másculo de Marlon, o corpo que estava do meu lado era o corpo pequeno e cheio de curvas, eu não queria processar o que estava acontecendo mas obrigando-me a olhar me deparei com o sorriso de Ingrid, eu dei um pulo da cama:

_ Ingrid!

_ Bom dia Kleber, achei que não fosse acordar tão depois da noite que tivemos.

_ Noite que tivemos, você ficou maluca?

_ Você não se lembra, nós nos amamos.

Ingrid se levantava da cama totalmente nua, eu não acreditava que aquilo estivesse realmente acontecendo, não podia ser, joguei um lençol a ela:

_ Se recomponha agora.

Eu não estava pelado por completo, mas estava seminu, sentei na beirada da cama de costas para ela e levei ambas as mãos sobre a cabeça em desespero, o que eu diria a Marlon sobre aquilo, como explicar, dei um pulo quando ela de joelhos sobre a cama aproximou-se depositando beijos sobre o meu ombro:

_ Está tudo bem Kleber, não precisa mais esconder os seus sentimentos, eu sei que você me ama.

_ Garota, entenda uma coisa de uma vez por todas, eu amo o Marlon, eu não sei como foi que você conseguiu me arrastar para esse quarto, mas ... droga.

Eu balançava a cabeça repetidas vezes, isso não é possível:

_ Como foi que você me encontrou aqui?

_ A dias eu procuro uma oportunidade de te encontrar sozinho sem a sombra daquele rapaz, não tenho poupado esforços para isso, fico horas esperando você sair e sempre está com ele, mas hoje eu te vi saindo sozinho, te segui até aqui.

_ Seguiu?

_ Sim, de carro, eu pedi ajuda a um amigo já que não posso dirigir, esse amigo dirige e eu pago para ele, e te vigio o tempo todo.

_ Você está me dizendo que era você o tempo todo dentro daquele carro que anda nos seguindo?

_ Sim, era eu, eu vivo por você Kleber.

_ Você está completamente insana, garota eu respeito a sua irmã mas eu juro que se mais uma vez eu perceber que você anda me seguindo e me causando problemas eu irei procurar a polícia.

_ Porque está agindo assim Kleber, porque depois de ontem eu achei que seria carinhoso.

_ Nada aconteceu ontem, nada.

_ É isso o que ele vai achar também quando ele souber?

_ Do que está falando?

_ Nós passamos a noite juntos, acha mesmo que ele vai acreditar que nada aconteceu?

_ Nada aconteceu disso eu tenho certeza, eu me lembraria. Eu irei explicar a ele que nada aconteceu.

_ Você tem certeza de que nada aconteceu, nesse exato momento eu posso até mesmo está grávida.

_ Você é doida garota, doida, acha mesmo que eu vou cair na sua e acreditar que fizemos algo?

_ Você me ama, ontem eu tive a certeza disso.

Não, aquilo era mentira, tinha que ser mentira, eu não me lembro de nada, porque isso tinha que acontecer, como eu iria dizer isso ao Marlon, ele não iria me perdoar. 

Duas vontades... A outra face do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora