Capítulo 4

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Acordei às seis da manhã enrolei na cama até às sete e por fim sai pra correr, vi o sol nascer enquanto descansava no banco da praça.

Suspirei um tanto nostálgica. Sinto falta de ter meu pai aqui nesses momentos. Irei visitá-lo antes de ir pro restaurante.

Ao chegar em casa tomo um banho e acompanho Alison no café da manhã.

Por volta das nove horas chego no hospital, cumprimento algumas enfermeiras que já estavam acostumadas a me ver por ali.

Adentro o quarto sentindo um aperto forte no peito, mas me mantenho firme sempre tento evitar transmitir emoções tristes pra ele.

Abro as cortinas permitindo a luz do sol entrar.

Me sento ao lado da cama e seguro sua mão, observo seu rosto pálido e magro. A única pessoa que eu conseguia tocar sem ver nada era ele, a única coisa que seu toque me passava era angústia e dor. Não é fácil sentir essas emoções, mas me sinto mais próxima ao saber um pouco pelo que ele está passando.

__Oi, pai sou eu sua pirralha. Desculpe ter demorado tanto para vir te visitar, a vida está corrida, mas eu nunca vou abandonar você. -Beijo os nós de seus dedos.

Uma lágrima escorre ligeiramente em meu rosto, enxugo com raiva.

__Estou com saudades. Eu continuo correndo, mas sem você não tem muita graça. -Minha voz embarga, pigarreio.

A sensação de impotência e angústia continua a sufocar minha garganta, meu peito dói como se levasse socos repetidamente.

Solto sua mão sem conseguir suportar mais.

__Me perdoe. Se eu pudesse trocaria de lugar com você, pai.

A porta do quarto se abre e minha mãe entra. Parece que a situação podia realmente piorar.

__O que está fazendo aqui? -Indago me levantando.

__Não posso visitar meu marido?

A encaro com nojo.

__Seu marido? -Penso em mencionar seu namorado, mas lembro-me do papai e que talvez ele esteja ouvindo então me contenho.__Tudo bem, fique a vontade. -Murmuro cansada.

Volto minha atenção para meu pai. Me curvo e beijo seu rosto, sinto sua profunda tristeza.

Saio do quarto sem olhar pra trás, tudo dói.

Entro no elevador permitindo-me desabar. Meu rosto coberto de lágrimas reflete nas portas que se fecham lentamente,mas para minha surpresa uma mão impede que ela se feche totalmente e logo volta a abrir.

A última pessoa que eu imaginaria ver surge diante dos meus olhos.

Tyler se coloca ao meu lado e aperta seu andar.

Ontem no almoço não consegui me despedir dele pois quando voltei do banheiro ele já havia partido, Joanne disse que ele estava atrasado para um outro compromisso e pediu desculpa por isso.

Enxugo meu rosto constrangida. Péssimo momento para revê-lo.

__Você está bem?-Indagou, a mesma frase de quando me ajudou naquela noite chuvosa.

Assinto engolindo o nó em minha garganta.

Observo de soslaio um pequeno corte em seu lábio inferior.

Ele parece notar meu olhar.

__Vejo que nós dois estamos tendo um dia complicado. -Comentou escondendo suas mãos no bolso da calça jeans, mas não antes de eu observar os machucados nos nós de seus dedos.

Em suas mãosOnde histórias criam vida. Descubra agora