Capítulo 2

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Eu nunca gostei de beber muito talvez pelo fato de já passar vergonha com duas taças de vinho, mas hoje não estou muito preocupada com isso

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Eu nunca gostei de beber muito talvez pelo fato de já passar vergonha com duas taças de vinho, mas hoje não estou muito preocupada com isso.

Aceitei os drinks de nomes estranhos da minha amiga e relaxei.

Alison já estava cantando alto e batendo seu copo vazio na mesa. Vendo o estado dela me controlei para ter ao menos uma de nós com um pouco de sanidade.

Algumas pessoas a olhavam e riam se divertindo.

__Amiga. -Ela me chama com a voz arrastada. __Preciso ir ao banheiro, mas não consigo ir sozinha. -Ela ri de sua própria desgraça.

Rio junto e enlaço meu braço no seu. Entre tropeços e  vultos chegamos até o bendito banheiro.

Lavo meu rosto e umedeço minha nuca. Sinto tudo rodar, seguro firme a pia.

Meu estômago embrulha me fazendo lamentar ter bebido aqueles drinks doces.

__Hailee, acho que vomitei meu cabelo. -Minha amiga choraminga.

Ajudo-a a sair da privada e limpo seu rosto com o papel toalha.

__Hora de irmos embora.

Ela concorda um pouco mais lúcida.

Antes que pudéssemos sair somos barrada por um amigo de Ali, ele a convida para beber, será que não está vendo o estado deplorável que ela já está?

__Já estamos indo embora. -Digo antes que ela aceite.

__Fica pra próxima. - Parece que a sensatez de Alison voltou mesmo.

__Só uma cerveja, hum? Você sempre rejeita meus convites, Ali.

Franzo o cenho, só eu a chamo assim.

__Vamos. -Minha amiga me puxa arrastando-me para fora do bar e deixando o cara sem resposta.

A brisa gelada da noite refresca ligeiramente meu corpo.

__Quem é aquele? -Indago. __Eu nunca o vi antes.

Ela dá de ombros, despreocupada.

__Um cliente persistente da loja.

Chamo um táxi e quinze minutos depois ele chega.

Coloco Ali deitada no banco de trás pois já dormia. Abro a porta ao lado do motorista e antes que eu pudesse entrar sinto um aperto em meu braço.

__Eu posso levá-las.

É o mesmo chato do bar.

Suspiro.

__Estamos bem assim. Obrigada. -Me desvencilho do seu aperto.

__Eu insisto. -Ele volta a pegar em meu pulso.

__Estou tentando não soar rude, mas parece que você não está entendendo, não é? Então vou ser bem clara, não me toque novamente e pare de perseguir minha amiga. -O afasto e fecho a porta.

__Desculpe. -O ouço dizer antes do táxi partir.

O taxista solta uma risadinha, mas não diz nada.

Partimos para casa agora sim em segurança. Acho que nunca mais bebo tanto.

Cerca de alguns minutos depois chegamos. Deixo Ali em seu quarto e me sirvo um pouco de água. Procuro por aspirina para a ressaca de amanhã, mas não acho.

A loja de conveniência aqui do lado fica aberta até tarde, talvez eu consiga lá. Pego minha bolsa e saio.

Eu poderia ir comprar pela manhã, certo? Mas ainda não estou com sono e talvez caminhar um pouco resolva, é só uma quadra daqui.

Pego meu celular e avisto a mensagem do sub chefe de cozinha, ele estava me agradecendo por levar a bronca sozinha, mesmo sabendo que quem vacilou foi ele.

Não respondo, volto a guardar o celular.

Entro no estabelecimento e pego o remédio e um suco para tomar no caminho. Pago o caixa e saio tão rápido quanto entrei.

Beberico o suco sentindo-me bem melhor.

O céu está coberto por nuvens negras e um vento forte e gélido se inicia anunciando uma tempestade. Não demora muito para a chuva cair, gotas grossas e agressivas.

Corro na tentativa de fugir, mas não vou muito longe tropeço em meus próprios pés e caio brutalmente. Meu suco voa longe, sinto vontade de rir, mas a dor em meu tornozelo me impede.

__Você está bem? -Indagou um estranho de voz firme e solene.

Ergo meus olhos lentamente.

O sujeito segura um guarda-chuva acima de nós, protegendo-me. Observo ligeiramente seu estilo bad boy. Jaqueta de couro, barba por fazer, cabelo grande escondido em um coque desajeitado.

__Estou, obrigada.

Tento me levantar.

Sua mão estendida como opção de apoio, me deixa constrangida. Eu não posso toca-lo, não sei o que irei sentir com isso e nem o que verei.

Forço meu tornozelo e levanto de forma bruta.

Tranquilo, o bad boy volta a esconder sua mão no bolso da jaqueta.

__Toma, fique com ele. -Estendeu-me o guarda-chuva.

__Ah, não precisa. Eu moro um pouco mais a frente só.

Analiso mais de perto seu rosto podendo distinguir o azul claro de seus olhos.

__Eu estou de carro. Você vai precisar mais do que eu.

Sem me dar muita chance ele deixou o guarda-chuva sobre meu ombro. Segurei depressa antes que voasse.

__Se cuide. -Murmurou antes de me dar as costas.

O vi se afastar como se tudo aquilo fosse normal e sem grande importância. Que sujeito estranho.

__Obrigada! -Exclamei.

[•••]

O dia não tinha começado muito bem, logo cedo recebi uma ligação do hospital onde meu pai está internado a dois longos anos.

Ve-lo sempre me traz as memórias daquele fatídico dia.

Estávamos mamãe, eu e ele viajando de férias para a casa de campo onde mora minha avó. Na volta ambos discutiam sobre uma bobagem qualquer que já era normal, um outro carro cortou a nossa frente, meu pai não teve tempo de desviar batemos em cheio.

Minha mãe fraturou algumas costelas, ganhou uma cicatriz na perna devido a fratura exposta, mas felizmente se recuperou bem após alguns meses. Já eu tive uma perfuração logo acima do peito, não chegou atravessar, mas me deixou uma grande cicatriz como lembrança fora isso apenas machucados leves.  Meu pai não teve tanta sorte, entrou em coma e desde então não sei mais o que é ouvir sua risada nem correr ao seu lado todas as manhãs.

Suzy desistiu do seu marido após um ano de espera. Ela conheceu um outro cara e seguiu em frente, às vezes penso que meu pai não acorda devido a essa decepção. Mas eu sigo confiante de que ainda vou tê-lo novamente ao meu lado.

Não tenho mais tanto contato com minha mãe então cuido do papai sozinha.

As contas do hospital são altas e hoje venceu duas parcelas já. Pedi um adiantamento para meu chefe e Alison me ajudou com o resto, já tenho uma dívida enorme com ela, embora minha amiga insiste em dizer que sou como sua irmã e de irmãos não se cobra.

Em suas mãosOnde histórias criam vida. Descubra agora