Em suas mãos

Capítulo 22

2 dias depois

Passei os dois dias fazendo companhia para meu pai, eu ia para casa apenas para comer e tomar um banho e então voltava para o hospital. Contei algumas histórias e lembrei do passado com ele.

Alison passou a tarde aqui comigo e foi bom ter os dois ali, duas das pessoas que eu mais amo no mundo.

Sai do quarto apenas para pegar um café e verificar se tinha alguma mensagem ou ligação de Tyler, nada. Ele não tinha se comunicado comigo desde que saiu de viagem, pensei em perguntar se estava tudo bem por lá, mas optei por não fazer não quero dar uma de intrometida.

Quando me aproximo do quarto deixo meu café cair respingando um pouco em meus pés.

O médico e duas enfermeiras estão no quarto, o doutor dá ordens para as enfermeiras agirem com rapidez.

__O que...O que está acontecendo? -Minha voz sai falha e embargada.

__Estamos perdendo ele! Tirem ela daqui.

As enfermeiras vem em minha direção, balanço a cabeça em negação.

__Não me toquem! -Grito, minha garganta aperta fechando-se com um nó que se forma.

O doutor liga o desfibrilador e coloca contra o peito já desnudo de papai. Seu corpo ergue num impacto que fere meus olhos. Sem sinais vitais.

__De novo! De novo por favor, doutor. -Imploro.

Seus olhos são tristes e desesperançosos.

Ele repete mais uma vez e também faz massagem cardíaca, observo um pouco de suor escorrer sua testa do tanto de esforço que ele estava fazendo ao tentar repetidamente reanimar papai.

Caio de joelhos sem forças para me manter de pé, não contenho mais as lágrimas.

__Sinto muito. -As palavras mais dolorosas que um médico poderia dizer.

Me levanto cambaleando e me debruço sobre o corpo desfalecido do homem mais importante da minha vida.

__Me desculpe, pai. Eu disse que você podia descansar, mas meu egoísmo o queria mais um tempo aqui comigo, não queria que você partisse tão cedo, não queria que você partisse sem sorrir outra vez pra mim.

O doutor e as enfermeiras me deixam a sós com ele, seguro sua mão e não sinto nada simplesmente nada, nunca pensei que isso queria tão doloroso toca-lo e não ver nada a seu respeito.

O tempo se arrastou no restante daquele infeliz dia. Minha mãe e Alison chegaram pouco menos de uma hora depois, ambas me abraçaram e confortaram. Dona Suzy chorou tanto quanto eu, ela chegou passar mal e aquilo me machucou mais. Era um péssimo dia e eu temia mais ainda os dias que viriam a seguir.

Ao entardecer recebi uma ligação de Tyler eu estava sentada no banco da praça onde papai e eu costumávamos descansar e apreciar a vista após correr. Não atendi a ligação, eu simplesmente não conseguiria falar nada coerente com ele nesse momento.

Não noto quando alguém se aproxima e estende um lenço em frente ao meu rosto estava tão distraída olhando para meus próprios pés enquanto tentava controlar minhas lágrimas incessantes.

Subo meus olhos pelo braço estendido e avisto Nathan O'connor o tal fotógrafo que conheci na empresa onde minha mãe trabalha.

__Obrigada. -Agradeço aceitando o lenço.