Prólogo

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Todos temos segredos, a diferença é que alguns são maiores e mais sufocantes que os outros.

Eu tenho que lidar com o meu já faz um ano.

__Hailee, mesa quatro. -O chefe grita.

Quase deixo a bandeja onde carrego os pratos sujos cair.

__Sim chefe! -coloco toda a louça na pia e corro para fora da cozinha novamente.

Atendo os clientes e passo o pedido para o sub-chefe. Preparo alguns temperos e lavo os pratos.

Prazer, eu sou uma faz tudo.

Solto um suspiro e volto para atender as mesas.

Está lotado.

Harriet passa rápida e certeira como uma flecha por mim.

__Isso aqui está uma loucura. -Ela mumura seguindo até um casal que a aguarda.

__Ei, garota! Você pode nos atender aqui? -Um senhor de meia idade me chama.

__Claro. -Sorrio e lhes entrego o cardápio.

00:10 finalmente todos os clientes já tinham ido embora na verdade até os outros funcionários. Só sobrou eu pra deixar a cozinha limpa e fechar o restaurante. Por volta de uma hora da madrugada terminei tudo.

Confiro o local e saio pela porta dos fundos.

Guardo a chave na bolsa e de repente sou surpreendida por mãos frios que tocam mãos ombros de forma abrupta.

Quase caio.

__Me ajuda, acho que estou sendo seguida.

Me esquivo e volto meu olhar para a moça de cabelos longos e ruivos. Eu a conheço, bom mais ou menos, eu já a vi algumas vezes no restaurante.

Olho ao redor e não vejo ninguém além de nós duas.

__Não tem ninguém. Se acalme. Qual o seu nome?

Ela abraça o próprio corpo e respira fundo.

__Joanne.

__Ok, Joanne. Você mora perto? Eu posso te dar uma carona.

Ela assente nervosa e me puxa pela mão para sairmos dali.

Estremeço ao sentir seus dedos frios nos meus.

Como em um filme vejo sua vida passar diante dos meus olhos. Ela é escritora, gosta de ouvir clássicos e come muito macarrão instantâneo. Toca um pouco de violino e tem uma quedinha por seu melhor amigo.

Solto sua mão com rapidez. Ela não diz nada apenas continua a andar apressada à minha frente.

Esse é o meu segredo.

Quando completei vinte anos herdei essa benção ou maldição. Ainda não decidi.

Quando toco minhas mãos em alguém eu posso ver sua vida e até prever sua morte. Joanne ficaria bem essa noite, pois eu não vi nada de ruim em seu destino.

Destravo o carro e indico com um aceno para ela entrar.

Ela me passa o endereço e volta a permanecer em silêncio.

Após três quadras estaciono em frente a um grande e luxuoso prédio.

__Bom, eu fico por aqui. -Sorriu de forma tímida, parecendo mais calma.__Me desculpe por isso e obrigada.

__Não foi nada. Vou te acompanhar até a entrada. - Desço do carro e ela faz o mesmo.

__Ah, eu ainda não sei seu nome.

Em suas mãosOnde histórias criam vida. Descubra agora