Segunda-feira nunca foi um dia muito legal, e hoje não seria diferente. Sai da cama com preguiça, mas vesti uma roupa confortável e fiz minha corrida matinal, recordando de como eu reclamava no início quando papai me obrigava a fazer isso.
Após o banho tomei café puro e comi uma fruta ainda me sentindo cheia pela quantidade de pizza que comi na noite passada com Alison.
Saio de casa e vou direto a mansão. Não havia falado com Tyler o resto do final de semana, então digamos que eu estava um pouquinho ansiosa para vê-lo.
Quando chego ele está do lado de fora já a minha espera.
__Bom dia.-Cumprimento.__Estou atrasada?-Digo estranhando ele ali.
__Não, mas antes de começarmos a seguir minha agenda quero ir a um lugar com você.
__Onde?
__Ao hospital. Quero conhecer seu pai.
__Por que? Assim de repente.
Ele destrava o carro e abre a porta do passageiro pra mim.
__Ele é importante pra você, quero conversar com ele e assegura-lo que você vai estar segura comigo.
__Você sabe que ele está em coma, não é? -pergunto o óbvio.
__É claro, mas isso não significa que ele não possa ouvir. Estou contando com essa hipótese.
Assinto.
__É muito gentil. Mas você tem certeza?
__Absoluta. Entra vai.
__Tudo bem.
Enquanto percorriamos o caminho não conseguia disfarçar minha cara de boba. Tyler estava jogando com todas as cartas e eu estava completamente perdida.
__O que você tanto pensa aí?
__Nada. Só estou grata por tudo que você vem fazendo.
__Não é nada. Você se tornou importante pra mim há muito tempo, Hailee.
Me recordo do que minha mãe falou sobre o guardião. É, acho que eu devo ter perturbado ele muitas vezes com meus problemas.
Agora que sei quem ele realmente é, talvez eu deva contar quem sou também.
__Depois da visita será que a gente pode conversar em um lugar tranquilo?
__Claro. Pelo que sei o meu primeiro compromisso de hoje será só as 11 horas. -Estaciona retirando o cinto de segurança.
Assinto.
Tyler arruma o boné em sua cabeça e desce abrindo a porta pra mim, um perfeito cavalheiro.
__Tem certeza que não tem problema de irmos juntos a um hospital? E se te reconhecerem, isso pode gerar muito boato.
__Tem medo de falarem sobre nós? -Indagou escondendo as mãos nos bolsos do Jeans. Não conseguia decifrar sua expressão, mas não era boa.
__E tem nós? Eu realmente não quero ser só mais uma das garotas que você teve e acabar sendo um nome a mais adicionado nos sites de fofoca.
Assim que as palavras saem me arrependo, me deixei levar pelas bobagens que li uma vez em um site quando conheci Tyler.
Dessa vez eu consegui entender o que aqueles olhos azuis me diziam. Era decepção.
__Pensei que você era diferente, mas parece que é igual a todos os outros que espalham boatos, nada te faz diferente já que você acredita em tudo que lê ou te contam por aí.-Ele abre a porta do carro e entra.
__Tyler... Espera! -Entro no carro também.__Me desculpa, não era minha intenção falar aquilo daquele jeito, eu só estou com medo.
__Ninguém antes foi tão importante pra mim como você, Hailee. Por isso estou tentando fazer as coisas certas...
Esqueço qualquer senso, sanidade o que seja e apenas o calo beijando-o com necessidade, ele retribui rápido e me puxa o máximo possível para perto. Suas mãos passeiam entre meu rosto e nuca. As borboletas em minha barriga dão cambalhotos quando ele prende meu lábio inferior e morde levemente.
Me afasto rápido ao lembrar onde estamos.
__Eu não devia ter feito isso aqui...
Ele ri e me beija de novo dessa vez jogando o boné para longe permitindo colar seu rosto mais próximo ao meu.
__Lembra o que eu te disse na noite em que você estava bêbada? -Sussurra com a voz rouca de desejo.__Eu disse que quando você estivesse sóbria poderia fazer o que quisesse comigo, então é justo.
Sorrio.
__Tem razão, mas antes vou ver se meu pai vai gostar de você.-Brinco me afastando e descendo de carro.
Quando chegamos até o quarto minha mãe está do lado de fora conversando com o médico.
Aquilo nunca era bom sinal.
__Mãe? Aconteceu algo como papai?
Ela me olha triste.
__Ele não está bem, querida. Está mais fraco, eu não sei quanto mais ele vai aguentar.-Sua voz embarga.
Sinto o chão sumir dos meus pés. Minha vista fica turva e por pouco não caio. Tyler me segura pelo ombros.
__Você está bem?
Não respondo, me afasto entrando rapidamente no quarto do meu pai.
Vê-lo daquela maneira era doloroso demais.
__Pai, você não pode me deixar. -Digo num fio de voz.__Tem tanta coisa que tenho que te dizer ainda.
Tyler se aproxima e segura minha mão fazendo um suave carinho.
Algumas lágrimas caem deixando-me fraca demais, eu não conseguia mais suportar, não saberia o que fazer se eu o perdesse.
__Calma, Hailee. -O toque de Tyler em minha mão se torça um aperto reconfortante.
__Me diz que meu pai não vai morrer.-Olho aflita para ele.__Eu ainda vou ouvir a voz dele, não vou?
Sem dizer nada ele me abraça e eu me permito chorar mais, meu corpo treme contra o seu.
[•••]
Quando me acalmei deixei Tyler sozinho com meu pai e fui encontrar minha mãe que esperava no lado de fora do quarto. Ela parecia cansada.
__Sinto muito. -Disse olhando para a parede branca a nossa frente.__Se eu não tivesse discutido com seu pai naquele fatídico dia, isso nunca teria acontecido.
__Não mãe. A culpa não é sua.
Ela suspira.
__Mas você vai ficar bem, vamos todos ficar bem.-Diz positiva.__Aquele é seu guardião?
Sorrio olhando em direção a porta do quarto.
__É o Tyler. Ele tem me mantido forte, é realmente bom tê-lo por perto.
__Isso é ótimo filha. Você precisa de alguém para se refugiar.
Assinto.
Dona Suzy olha o relógio de pulso e se espanta com a hora.
__Preciso trabalhar, volto mais tarde para ver como seu pai está.
__Tudo bem. Bom trabalho.- Beijo seu rosto e a vejo partir.
Saio do banco e me aproximo do quarto. Observo Tyler pela pequena janela de vidro que tinha na porta, ele está sentado segurando a mão do meu pai, eu não consigo ouvir o que ele diz, mas seu sorriso triste me diz que ele estava apenas tranquilizando meu pai.
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Em suas mãos
FantasyTodos guardamos segredos só que alguns são maiores e mais sufocantes do que outros e com Hailee Vikander não seria diferente. O seu segredo a fazia manter distância das pessoas, evitava tocar todos que se aproximassem pois ao completar vinte anos...