Ela pode....

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                Capítulo 22 pt. 1 

JUGHEAD

No dia da invasão...

Assim que cheguei à sala eu a avistei e me esqueci de tudo. Eu abaixei a minha guarda totalmente. Enquanto os policiais faziam toda a revista na área de baixo eu não conseguia
fazer outra coisa a não ser olhá-la.
Assim que ela e a Isabela, irmã do Nick, percebem a nossa presença elas se assustam. O que para a Betty leva pouco tempo, pois não demora muito ela vem em minha direção com o
Dylan nos braços e me abraça.
O seu gesto me deixa surpreso e emocionado.
Como ela sabia que era eu ali?
Coloco o meu fuzil pra trás e enrolo os meus braços em seu corpo o abraçando com toda a força do mundo. Matando toda a saudade que eu senti dela e do Dyl esses dias. Por um momento eu cheguei a pensar que eu não conseguiria nunca mais fazer isso. Ela chorava nos meus braços e eu nunca fiquei tão bem em ver alguém chorando.
- Vo-você veio. Você veio me buscar.
- Eu nunca deixaria vocês aqui, Betty. Eu prometi proteger vocês, não prometi? – ela acena com a cabeça ainda abraçada a mim. – Eu falhei nessa missão uma vez, mas eu não vou falhar mais.
Ela retira o seu rosto do meu peito e com apenas uma mão levanta a minha touca e me dá um beijo rápido. E como eu senti falta dela, do seu toque, do seu gosto.
- Papai. – ouço a voz fraca do Dylan e levo a minha atenção a ele. Ele estava tão diferente, estava pálido e mais magro, não tinha aquele sorriso lindo de sempre nos lábios e nem aquele mesmo brilho alegre no olhar que agora é ocupado por uma tristeza e lágrimas a ponto de transbordar. Essa imagem fez o meu coração se apertar e uma vontade imensa de chorar, me atingiu.
E isso só faz a conta daquele filho da puta crescer mais ainda comigo.
Pego o Dylan no meu colo, o abraço com força e ele me retribui o abraço quase que na mesma medida.
- Oi meu filho, eu senti tanto a sua falta meu pequeno. – não consegui segurar e uma lágrima desceu.
Eu estava me segurando para não deixar cair mais. A minha vontade era de chorar feito uma criança com ele em meus braços, sem me importar com o que os outros iriam pensar. Mas eu
não podia mostrar a minha fraqueza. Eu tenho o Nick pra pegar ainda e eu não posso deixar o meu emocional me abalar agora.
- Senhor, já conseguimos chegar com o carro aqui. – o Archie me avisa.
- Conseguiram controlar tudo?
- Eles recuaram senhor, viram que estávamos mais fortes.
- Então vamos, Betty. – digo pegando em sua mão. Olho para os policias que ali estavam e para a Isabela. – E vocês, dão um jeito nela.
- NÃO. – a Betty grita assim que os policiais apontam a arma pra ela. – Não fazem nada com ela, por favor.
- Mas ela é irmã do Nick, também é cúmplice, Betty, tem que ser levada à delegacia.
- Mas foi ela quem me ajudou Jughead, ela me ajudou a mantê-lo longe de mim esses dias todos. Se não fosse por ela eu nem sei.
Respiro fundo e fecho os meus punhos.
- Ele tocou em você Betty? Ele abusou de você novamente? – eu dizia aquilo com tamanha raiva que nem eu estava me reconhecendo.
Se ele estivesse tocado nela novamente eu jogaria pro alto todos os meus planos que tenho de torturá-lo e acertaria um único tiro no meio de sua cara.
- Ele só não conseguiu graças á ela, mas ele tentou. – ela diz baixo.
- QUE PORRA, EU VOU MATAR ESSE FILHO DA PUTA É AGORA. – pego novamente em sua mão.
– O carro está a onde, Archie?
- Na área lateral da casa, senhor.
Puxo a mão dela tirando-a de dentro daquela casa, já posso ver o carro na lateral e com a escolta dos policiais que estavam ali na frente, nós fomos até lá. Ela entra no carro, eu coloco
o Dylan sentado do seu lado e deixo um beijo em sua cabeça.
- Jughead, entra. Vamos embora.
- De jeito nenhum. Eu vou caçar aquele desgraçado até o inferno. Só saio daqui com o cadáver dele nas mãos.
- Jughead...
- Papai, vem papai. – o Dyl pedia com aqueles olhinhos em suplica.
Mais um pouco eu realmente desistiria de tudo e voltava pra casa com eles, mas eu não posso. Eu prometi que pegaria aquele desgraçado e eu vou fazer isso, se eu não der um fim nisso, ele nunca nos deixará em paz.
- Meu filho, o papai não vai poder ir com vocês agora. Mas eu prometo que depois eu chego lá em casa pra gente brincar, tudo bem? – eu dizia acariciando os seus cabelinhos e ele me olhava atento. Depois de pensar um pouco ele assente.
- Jughead, por favor, se cuida.
- Eu vou me cuidar, amor. Eu prometo.
Abaixo a touca, posiciono o fuzil pra frente, fecho a porta do carro e me junto aos policiais indo para a viatura que estava na esquina.
Passo pela casa do Nick e tudo continua da mesma forma sem nenhuma movimentação estranha. Ele com certeza á essa hora já deve saber da invasão na casa dele e provavelmene que a Betty já está à salva. Ele deve estar escondido em algum lugar dessa favela, mas eu
estou disposto a virar isso de cabeça pra baixo.
Estava quase chegado perto da viatura quando eu ouço a Betty gritando o meu nome.
- JUGHEAD!!!
Isso me faz virar rapidamente para ver o que está acontecendo. Mas nesse momento tudo acontece rápido demais. Em questão de segundos eu escuto três tiros e vejo a Betty indo ao chão. Olho rapidamente para a direção de onde veio o primeiro tiro e vejo o Nick caído no chão e um dos policiais já em cima dele.
Eu sem pensar muito retiro o meu fuzil das costas, jogo-o ali mesmo no chão e vou correndo para onde a Betty estava caída.
Foi difícil chegar até ela, as minhas pernas pareciam pesar uma tonelada e meus olhos estavam embaçados pelas lágrimas e a dor no meu coração não ajudava de nada. Retiro a minha touca e me jogo no chão ao seu lado.
Eu não estava acreditando no que estava vendo. Não podia ser. Ela não fez isso.
Ela não podia ter feito isso.
Deixo o meu corpo cair de leve sobre o dela e a abraço, não me importando com o seu sangue que possivelmente iria me sujar.
- Betty... Betty, meu amor, por favor! – as lágrimas desciam com toda força pelos meus olhos e um bolo grande se formou na minha garganta – Não faz isso comigo. Eu te amo. Não me deixa. Por favor, acorda. BETTY, EU TE AMO. NÃO ME DEIXA. – grito a ultima parte a sacudindo de leve.
A dor no meu peito era insuportável. Parecia que a qualquer momento o meu coração explodiria dentro de mim de tão apertado que estava.
- Betty... meu amor, por que você fez isso? POR QUE, BETTY?
Eu já não conseguia mais sentir sua respiração
Eu estava louco, desnorteado.
Eu não consigo entender o porquê dela ter feito isso. Eu estava de colete ele não me acertaria e certamente não sairia vivo daqui. Eu tinha perdido a mulher da minha vida. E mais uma vez isso era por culpa minha, só minha. Eu deveria ter prestado mais atenção, deveria
ter cuidado melhor dela.
- Amor, não faz isso comigo. Volta, volta pra mim, por favor, volta.
Eu não me importava com os policiais a minha volta me olhando. Eu não me importava.
Eu só queria a minha mulher de volta.
- Senhor, a gente tem que levar ela para o hospital, agora. – dizia o Archie em pé ao meu lado.
Ele tinha um olhar de pena.
- Não adianta... Ela não está respirando mais. – digo e me jogo novamente sobre ela.
Ele pega o pulso dela caído no chão e o aperta de leve.
- Senhor ela ainda tem pulso. Bem pouco, mas tem. Vamos leva-la para o hospital agora.
Uma esperança toma conta de mim. Ela ainda tem chance.
- Vamos, pega o carro. – seco as minhas lágrimas. O que foi em vão, pois elas não paravam de cair.
Tento voltar a minha postura. Mas eu não consigo. Eu não vou conseguir.
Olho para o Nick caído no chão e pergunto para um dos policiais se ele havia morrido.
- Não senhor. Levou dois tiros. Um na perna e o outro no braço, apenas. O que a gente faz?
- Não mata. Leva ele para o galpão. E o deixe bem vivo. O prazer de mata-lo vai ser meu.
- Sim senhor.
Pego a Betty nos meus braços, vou até a viatura e entro com ela. O Archie já estava me esperando lá dentro com outro policial.
- Senhor, pra onde nós levamos o Dylan? – um dos policiais que estava responsável por tirá-los daqui, me pergunta.
Meu Deus tem o Dylan ainda. Eu queria vê-lo, mas eu não posso deixar a Betty.
- Ele viu o que aconteceu?
- Não senhor, não viu, mas ele está chorando e muito agitado.
- Leva ele pro mesmo lugar, pra casa da Verônica.
- Sim senhor.
- Vamos logo Archie.
Ele acelera com o carro e pega o atalho pela mata, que seria o jeito mais rápido de chegar ao hospital agora, pois os corpos pelo meio da favela atrapalharia tudo.
Levanto um pouco o rosto da Betty, levo a minha boca ao seu ouvido e digo baixinho.
- Não me deixe, por favor... Não nos deixe. O Dyl precisa de você, eu preciso de você, amor.
Aguenta firme... Eu te amo.
Deixo um beijo em sua testa e a trago para mais perto de mim.
Nessa hora eu vejo que sua cabeça também estava sangrando muito e eu não tinha percebido antes. Isso me deixou ainda mais preocupado.
Não demorou muito e chegamos ao hospital, eu não perdi tempo e desci correndo com ela nos braços, chamando por ajuda.
- SOCORRO, ALGUEM ME AJUDA AQUI.
Eu estava desesperado. Ela estava praticamente morta em meus braços e eu não podia fazer nada. Me senti um completo inútil por não poder impedir, com as minhas próprias mãos, que o pior aconteça com ela, nesse momento.
Visto o estado que a Betty estava nos meus braços e o meu desespero, não demorou muito e chegaram quatro enfermeiros com uma maca e me pediram para colocá-la sobre ela.
Rapidamente a coloco e eles correm com ela para uma porta de ferro, sumindo das minhas vistas.
Jogo-me no chão e deixo minha cabeça cair sobre as minhas mãos.
Isso não pode estar acontecendo. Não pode! Se ela morrer eu nunca vou me perdoar por isso.
Ela entrou na frente de uma bala por mim, mesmo sabendo que eu não me machucaria por conta do colete, mas ela mesmo assim fez isso.
Eu não vou aguentar perdê-la. Eu não vou aguentar viver em um mundo onde ela não exista.
- Senhor Jughead, levanta, vem. – diz o Archie agachado ao meu lado. – Vamos sentar ali e esperar por noticias.
Ele pega na minha mão e me ajuda a levantar. Nessa hora o meu celular começa a tocar, eu o retiro do meu bolso e vejo que é a Verônica. Não estou com cabeça pra isso agora. Eu sei que ela tem que saber, mas eu não vou conseguir da essa noticia para ela.
- Atende pra mim. – dou o celular para o Archie.
- É pra falar que a Betty foi...
- Sim, pode falar. Eu não saberia dar essa noticia.
Ela sai da minha vista e eu vou para os bancos que tinham na recepção do hospital. Assim que me sento, uma enfermeira chega na minha frente com uma prancheta.
- Com licença. Foi o Senhor que trouxe essa moça que acabou de entrar, não é mesmo?
- Sim.
- O senhor tem algum grau de parentesco com ela ou apenas a socorreu?
Sério que ela ainda tem coragem de me fazer essa pergunta depois de ver o meu estado?
- Minha namorada. – digo por fim
- Pode preencher a ficha dela pra mim, por favor?
Eu não estava com cabeça nenhuma pra isso, mas eu sei que é necessário, então eu pego prancheta de suas mãos e começo a preencher tudo. Assim que termino a entrego.
A enfermeira já ia saindo quando eu a chamo novamente.
- Como ela está?
- Olha senhor,  ela está sendo preparada para entrar em uma cirurgia muito complicada agora.
- Ela pode...
- Essa cirurgia é um pouco delicada, então eu sugiro que se o senhor tem alguma religião, ou qualquer fé que seja, que se apegue a ela agora e peça pela vida da... – ela olha na ficha. – Elizabeth.
Diz e sai.
Eu não tenho nenhuma religião. O que não significa que eu seja ateu, até porque eu acredito sim, que existe um Deus que criou tudo e todos, mas é que eu nunca fui muito de seguir
doutrinas. O que me faz arrepender amargamente agora. Mas eu resolvi me agarrar ao Deus que a dona Alice sempre intercedia pela Betty e que eu sempre ouvia a minha mãe falando
quando era pequeno.
Eu não sei nem como se faz isso. Mas eu peço que ele não deixe que nada aconteça a Betty, que nada aconteça com a minha vida.
Deixo minha cabeça cair para trás encostando-a na parede. Não conseguia conter as lagrimas e muito menos a dor insuportável que sufocava o meu coração. Eu nunca senti nada assim.
Nunca tive tanto medo de perder alguém, como eu estou agora de perder a Betty.
O Archie voltou, se sentou ao meu lado e me entregou o telefone.
- Ela disse que está vindo pra cá, Senhor.
- Obrigado. – digo sem animo nenhum e coloco o celular no bolso. – Você já pode ir, Archie.
- De jeito nenhum, eu vou ficar aqui com o Senhor.
Olho pra ele e aceno com a cabeça.
- Obrigado, Archie.
Não demorou muito e eu vejo a Verônica entrando no hospital com a minha mãe e a Dona Alice.
- Jughead diz que a minha amiga está bem, por favor. – a Verônica estava chorando assim como as outras.
Ela se senta do meu lado e pega na minha mão.
- Eu não sei de nada ainda, Verônica, ela entrou para a cirurgia agora pouco. – seco o meu
rosto.
- Mas essa cirurgia ela... ela pode...
- Dona Alice, ora. Só faz isso, ora, por favor.
Eu posso ter parecido um pouco insensível falando assim com ela. Mas é que eu não queria dar falsas esperanças, assim como eu também não gostaria de recebê-las. Ela se senta em uma das cadeiras e começa a chorar, a minha mãe vai até ela e senta do seu lado a abraçando.

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Autora aquiii: eu vou dividir esse capítulo em duas partes pq é meio grandinho, mas Dq a pouco solto a 2 parte

o delegado-BugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora