Cadê o meu filho?

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14° CAPÍTULO

NICK

Três anos... Três anos preso naquele inferno de lugar. Três anos longe da minha mulher. Sim,

minha.

A Betty é minha e de mais ninguém. Ela é e sempre foi. Eu fui o primeiro homem em sua

vida eu sou o pai do filho dela.

Ela não sabe, mas todos esses anos que passei longe, eu nunca deixei de saber um passo

sequer que ela dava. Eu tinha os meus homens sempre por perto, seja lá onde quer que ela

fosse.

Quando eu fiquei sabendo que ela estava grávida, eu não tive duvidas, sabia que era meu

filho. Eu fui o único homem na vida dela e eu sabia que era meu, pelo simples fato de eu ter

feito isso propositalmente. Eu não usei a camisinha com a intensão de engravida-la e tê-la pra sempre ao meu lado.

Eu sempre fui louco na Betty. Ela era diferente. Era a única mulher do morro que não dava a

mínima pra mim e para o meu poder. E isso me excitava, me fazia querer ela pra mim, sempre

mais. Todas as outras putas do morro faziam questão que eu as notassem. Muitas vezes elas

brigavam para ver quem conseguiria ir pra minha cama naquela noite. Elas me queriam por

vários motivos: pela minha beleza; pelo meu poder; pelo o que eu proporcionaria a elas não

só na cama, mas também fora dela caso eu as escolhessem com minhas putas fixas. E isso

enchia os olhos delas. Menos os da Betty. Ela não era assim. Ela era completamente

diferente. Eu sempre a via descendo o morro bem cedo, antes mesmo de o sol estar posto,

para estudar.

Eu sempre achei essa porra de estudos uma perda de tempo. Eu estudei até os meus 16 anos, foi quando o meu pai, o antigo dono da Rocinha, começou a ter problemas com a saúde e eu fui obrigado a largar a escola, mesmo contra a vontade de minha mãe que pra falar a

verdade, naquela época a sua vontade não valia de nada. O que meu pai dizia dentro da

favela era lei, assim também valia para dentro de casa. E se ela ou qualquer um ousasse

discordar dele sofreria com as consequências. Aquilo não me abalava nem um pouco. O meu

pai sempre me disse que as mulheres tinham que ser tratadas daquela forma. Que elas nos

deviam obediência sempre. Então eu não me espantava quando o via batendo em minha

mãe. Se ele fazia aquilo é porque, com certeza, ela estava merecendo.

Fiquei junto ao meu pai cuidando dos assuntos da favela. Naquela altura do campeonato, eu

com 17 anos, já participava de invasões e era praticamente um sub dono do morro. O meu

pai a cada dia mais piorava ainda a sua saúde e eu já sabia que o velho não iria durar muito tempo. Pouco tempo depois de eu ter completado os meus 18 anos, ele morreu e com isso, eu fiquei com comando da favela nas mãos. Não foi fácil eu me impor, não foi fácil para as pessoas me respeitarem. Afinal, eu só tinha 18 anos e já era dono de uma favela do tamanho da rocinha, nem mesmo os caras que trabalhavam comigo não colocavam muita fé em mim.

o delegado-BugheadOnde histórias criam vida. Descubra agora