20° CAPÍTULO
BETTY
Suas mãos se encontravam uma em minha cintura me acariciando de leve e a outra em meu rosto. Posso ver prazer em seus olhos, e o seu sorriso nojento não saia de seu rosto.
É inevitável não me lembrar de tudo aquilo novamente. Só que agora eu não posso mais ser fraca. Não posso deixar esse medo transparecer.
Eu tenho o meu filho, que está em algum lugar desse morro, precisando de mim. E por um momento eu tenho que respirar fundo e deixar toda essa dor, todo esse trauma de lado e
reagir. Reagir por ele.
Eu prometi pra mim mesma, que nunca mais deixaria o Nick encostar em mim daquela maneira e nem de maneira nenhuma.
Ele ia chegando mais perto e eu ia tentando tirar suas mãos de mim. Mas era em vão. Ele era muito mais forte.
- Me solta Nick. – tento deixar minha voz firme para não transparecer o medo. Mas ele não se importa.
- Você nunca muda, não é? Sempre marrenta, fazendo cu doce, mas na hora...
Em um movimento rápido, ele consegue capturar a minha boca, e suas mãos agora envolvem
brutamente a minha cintura. Meu celular começa a toca insistentemente em meu bolso e ele leva a sua mão para a minha bunda e antes de tirar o meu celular do bolso ele a aperta. O
que me faz grunhir de nojo.
O Nick separa a sua boca da minha por um momento e eu a limpo com as minhas mãos, tento me soltar dele, mas ele me prendia com tanta força na parede que estava me deixando sem ar. Ele olha no visor do celular e eu consigo ver que é o Jughead me ligando.
- É o merdinha, filho da puta. – diz jogando o celular com toda força na parede fazendo com que ele pare de tocar.
Antes que eu possa dizer algo e tentar me soltar dele, ele toma minha boca novamente. Eu já estava muito enjoada com aquilo tudo, eu sentia que poderia vomitar a qualquer momento.
Fecho minha boca com força não dando acesso nenhum para ele, e começo a distribuir socos pelos seus braços na tentativa de me soltar. De repente eu ouço um choro na sala e uma voz feminina.
- Nick ele não para de chorar, faz alguma coisa, eu não aguento mais.
Nesse momento eu mordo a boca do Nick com força e ele se afasta de mim.
- PORRA BETTY!
O seu olhar era de raiva. Ele leva sua mão até a sua boca que sangrava pela intensidade da mordida. Mas antes que ele faça alguma coisa, eu saio correndo em direção a Isabela, a irmã do Nick, que estava com o Dylan nos braços.
Pego o meu filho rapidamente de seus braços, ele me abraça com força e deixa sua cabeça cair no meu ombro.
- Calma meu filho. – dizia passando as mãos por suas costas. – Está tudo bem. A mamãe está aqui agora.
- ‘To com medo, mamãe.
- Não precisa ter medo meu amor. Eu estou aqui, agora. – deixo um beijo em sua bochecha e ele me olha. Seus olhos e bochechas estavam extremamente vermelhos pelo choro.
- Eles fizeram alguma coisa com você, meu filho? Eles te machucaram?
- Você acha que eu sou um monstro, né Betty?! Até parece que eu ia fazer alguma coisa com o moleque, ele é meu filho.
Ele diz vindo da cozinha com um gelo na boca.
- Eu não acho que você é um monstro. Você É um, seu desgraçado. E não, ele não é o seu filho, nunca foi e muito menos será.
- Ele é meu filho sim, porra. – ele joga o gelo no chão e vem pra cima de mim com raiva. Eu recuo. A Isabela entra na nossa frente o impedindo de chegar mais perto.
- Nick para. Olha o seu filho, você está assustando ele, deixando ele com medo, cacete. É isso que você quer? Que ele tenha medo de você?
- Não caralho, mas ela falando que ele não é o meu filho, isso me tira do sério.
- Mesmo assim, você fazendo isso só vai fazer com que ele te considere menos ainda como pai.
Eu nem sequer me atrevi a me meter na conversa, eu apenas observava.
Vê-se que a Isabela não é que nem o irmão, pelo menos é o que parece, eu nunca tive contato com ela, até porque ela sempre foi muito na dela. Ela falava com quem falava com
ela, e como eu também era assim, o resultado era nenhuma de nós duas nos falarmos. Mas o que eu não fazia muito questão e também pelo fato da minha mãe não gostar muito que eu
tivesse contato com ninguém do tráfico eu não me importava nem um pouco. Por mais que ela não tivesse nada a ver com as coisas que o irmão fazia. Mas bem ou mal, ela vivia daquilo.
- Aah caralho tá desculpa ai. – ele diz estressado, pega uma arma que eu nem vi, mas estava em cima da mesinha de centro, coloca na cintura e sai da casa.
Segundos depois ele volta e aponta a arma pra mim.
- Não tente nenhuma gracinha pra tentar sair daqui, ou você já sabe. – a sua voz tinha um tom frio, que me fez arrepiar por inteira, eu via raiva.
O Dylan já tinha parado de chorar, mas mesmo assim não se desgrudou de mim. A Isabela se senta no sofá e me chamou para sentar também. Penso duas vezes antes, mas por fim
aceito. Ela não ia me faria nenhum mal, pelo menos eu acho. O pior já foi embora e de qualquer jeito, eu já estou aqui, já estou ferrada mesmo. O negocio agora é eu ter fé de que o
Jughead tenha recebido a carta e que ele venha nos tirar daqui o mais rápido o possível.
Sento-me ao seu lado, mas um pouco mais afastada.
- Eu nunca imaginaria que o Dylan fosse filho do meu irmão... Meu sobrinho. – ela franze a
testa parecendo pensar. – Cara, isso é tão surreal. Você era a menina mais na sua que eu já vi nessa Rocinha, eu poderia jurar de pés juntos que você era a única que nunca daria moral
para o meu irmão.
Ela falava e em cada palavra tinha incredulidade e espanto.
- Tanto que quando se espalhou por ai a noticia de que você estava grávida e não sabia de quem era o pai, eu logo pensei que era fofoquinha de gente que não tinha o que fazer. Nunca
que a Betty que eu via passando na rua toda quietinha e na dela, ficaria grávida tão cedo, muito menos não saber quem era o pai do próprio filho.
- Vai ver foi por isso que o seu irmão fez o que fez. Porque ele sabia que eu nunca daria moral
pra ele.
- Como assim, Betty? Eu não estou entendendo. O que o meu irmão fez?
- Ele me estuprou, Isabela.
- O..o quê você está me falando, Betty? – ela parecia não acreditar nas minhas palavras.
Seus olhos se encheram de lágrimas sua expressão era de incredulidade.
- Que o seu irmão me estuprou, ele me forçou a transar com ele. O seu irmão foi o culpado de eu não conseguir mais ser tocada por homem nenhum por três anos da minha vida. O seu
irmão foi responsável por me ferir da maneira mais suja que existe no mudo. O seu irmão tirou a minha virgindade da pior forma possível. O seu irmão é a pessoa mais nojenta e sem escrúpulos que eu já vi em toda a minha vida e a única coisa que eu quero dele é distancia. Se eu estou aqui hoje, Isabela é por causa do meu filho, que ele teve a crueldade de
sequestrar.
Quando eu terminei de falar ela se encontrava em lágrimas no sofá. Ela chorava de soluçar. E eu não entendia o porquê daquilo.
Até parece que ela não conhece o irmão que tem. Ela leva as suas mãos ao rosto parecendo não acreditar em tudo o que eu disse.
Não sei como, mas o Dylan já estava adormecido em meu colo.
- E-eu não estou acreditando. Is-iisso não é.. não é possível, Betty. O meu irmão, ele... ele é bandido eu sei, mas ele não é um estuprador. Ele nunca faria uma coisa suja dessas. Ele tem
uma irmã..ele... ele não faria isso.
- Mas ele fez, Isabela, ele foi cruel. Sem pena. E posso dizer que ele não se arrependeu nem um pouco por todo mal que ele me causou todos esses anos. O seu irmão é um doente, ele precisa de tratamento. Ele realmente acha que eu sinto algo por ele... Huum! Mas eu sinto mesmo, sinto nojo, sinto raiva por tudo que ele me causou. Nada mais que isso.
- E-eu... eu realmente não consigo entender como ele pode, como ele teve coragem de fazer isso com você, Betty. Ele sempre teve a mulher que ele queria aqui no morro, não tem
sentido ele fazer isso.
- Vai ver foi por isso. Eu era a única que não dava a mínima pra ele. Eu estava pouco me importando se ele era ou não o dono do morro, se ele era ou não bonito, não estava nem ai
para poder que ele exercia aqui, pois era exatamente isso que as mulheres gostavam nele. Eu simplesmente não gostava dele, eu não me sentia bem com seus olhares... E com o tempo
eu aprendi que os homens gostam das mulheres difíceis, das mulheres que não dão à mínima pra eles.
- Eu nunca imaginei que o Nick fosse capaz de fazer uma coisa dessas, ele é sangue frio, já fez e faz várias coisas erradas, mas agora, á estuprar alguém isso é demais pra mim.
Ela estava inconformada.
Surpreendo-me quando ela me abraça. Não consigo retribuir, pois estou segurando o Dylan
- Eu queria tanto te ajudar a sair daqui, Betty, mas eu não posso.
- E eu acho que nem conseguiria. Eu vi o tanto de bandidos armados tem ali fora. Não vai ser tão fácil assim eu sair daqui.
- Mas eu não vou te deixar sozinha um minuto, ouviu bem? Eu não vou deixar que ele abuse de você novamente.
- Eu nunca permitiria que ele me fizesse isso de novo. Mas mesmo assim eu agradeço, Isabela,
muito obrigada.
- Não precisa agradecer. É o mínimo que eu posso fazer. Você não tem noção do quanto eu estou envergonhada disso tudo.
- Você não precisa se envergonhar de nada, não foi você que fez isso comigo.
- Mesmo assim.
Ela me da um sorriso fraco e eu retribuo.
- Você pode colocar ele no meu quarto.
- Não. Não confio em deixa-lo sozinho nessa casa. Eu não sei do que aquele maluco é capaz de fazer.
- Ei, fica tranqüila, não vai acontecer nada com ele. Eu sei que o meu irmão é louco e eu tive mais certeza ainda depois do que eu acabei de saber. Mas ele não faria mal nenhum ao Dylan. Desde quando ele chegou aqui ele tenta se aproximar, mas parece que o Dylan tem medo dele.
- As crianças sentem mais do que a gente quando as pessoas são do mal.
- Tá, mas fica tranquila que eu não vou deixá-lo fazer nada com o Dylan. Pelo menos quando eu falo, ele me ouve. E o Nick acabou de sair agora, pelo visto foi pra boca, não vai
voltar tão cedo, e seu braço vai cansar e você deve estar com fome.
- É..eu realmente estou morrendo de fome.
- Então pronto. Vamos lá, a gente o coloca na cama e depois fazemos a janta. Tudo bem?
Ela me parecia estar sendo muito sincera, mas eu tinha medo de que desse a louca no Nick e ele machucasse o meu filho, ou disso tudo ser apenas um teatrinho dela. Mas ela me parecia tão sincera em suas palavras. A Isabela teria que ser uma ótima atriz se ela estivesse mentindo.
- Tudo bem.
Deixo o Dylan no seu quarto e depois descemos para a cozinha pra fazermos algo pra comer.
Eu estava inquieta, com medo do Nick aparecer a qualquer momento e tentar algo, ou só dele aparecer mesmo já me deixava aflita.
Eu estava torcendo para que o Jughead tivesse lido a carta e já estar traçando algum plano para nos tirar daqui.
[...]
Levanto-me da cama correndo e vou até o banheiro que tinha ali naquele quarto para vomitar todo o meu jantar. Fico cerca de dez minutos com a cabeça abaixada na borda do vaso colocando tudo o que comi, para fora. Minha cabeça estava zonza e eu tive que me controlar para não desmaiar.
Quando me sinto um pouco melhor, levanto-me devagar, vou até a pia e lavo minha boca.
Volto novamente para o quarto e me deito na cama tentando controlar a tontura.
Isso aqui parece mais uma prisão do que um quarto. O Nick nos colocou aqui dentro assim que ele chegou da boca, ele ainda estava com raiva e nos trouxe para cá. Um quarto bem
escondido no final do corredor. Por um lado eu agradeci muito a Deus por isso, pois ele não tentou mais nada. Apenas nos jogou aqui e disse que seria nosso quartinho por tempo
indeterminado, ou só até a gente aprender a conviver com ele. Pelo menos foi isso que ele disse.
O quarto tem uma cama grande e um banheiro. Mas em compensação as janelas são todas reforçadas por grades de ferro e bem fechadas com cadeados. Assim como a porta também é trancada pelo lado de fora, também por um cadeado. Eu já estava me sentindo sufocada aqui
naquele quarto. E também fiz de tudo para não dormir, com medo de que isso tudo fosse um truque e ele aparecesse de madrugada querendo me estuprar de novo. Mas o cansaço do meu corpo falou mais alto, quando eu vi já estava acordando com o vômito entalado na garganta. Só tive tempo de chegar ao vaso e pôr tudo pra fora.
Isso é tão estranho, eu não comi nada de diferente e nada que me fizesse mal, muito menos estragado.
A ultima vez que eu senti esses sintomas eu estava... Grávida.
CACETE EU ESTAVA GRÁVIDA!
Mas não, não é possível. Daquela vez que eu e o Jughead transamos sem camisinha eu tomei a pílula do dia seguinte e também fui ao médico para tomar os remédios certos e a Doutora
me garantiu que eu não estava grávida. Depois desse dia eu passei a tomar os remédios certinhos, eu não me esquecia de tomar nenhum dia sequer. Até alarme para me lembrar eu colocava.
Não! Não pode ser.
Eu não estou grávida novamente, não agora, não no meio dessa loucura toda.
Eu não posso e eu não estou.
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o delegado-Bughead
RomantizmElizabeth Cooper era ainda uma menina quando viu a sua vida virar de cabeça pra baixo ao ser estuprada por um dos bandidos mais procurados do Rio de Janeiro. Três anos se passaram e ela se vê, novamente em um beco sem saída, tendo que, agora mais do...