25° CAPÍTULO
BETTY
Ouço aquela voz de sempre me chamando e sinto o seu toque em minha mão.
Eu estava em um lugar escuro... Era sempre assim, sempre essa escuridão. De vez em quando eu ouço algumas vozes falando comigo, mas não consigo saber quem é, mas eu consigo sentir a dor e muita das vezes o desespero nelas.
Eu queria sair dali, queria sair daquele lugar escuro, eu queria voltar pra casa, para o meu filho, esse bebê que eu estou esperando. Eu não sei o que aconteceu, eu só sei que eu não
consigo acordar e sair daqui. E isso me angustia, em meio ao meu desespero interno de sempre, lutando para acordar, ou seja lá em que estado eu estou, minha mente consegue
fazer algo que não conseguia fazer, ela parou para prestar atenção no que aquela voz tão sofrida falava comigo.
- É meu amor mais um dia...
Essa voz, eu... eu acho que eu conheço essa voz, mas ainda está bem distante em minha mente.
- Mais um dia sem poder ouvir sua voz, sem poder te beijar...
Jughead... é o Jughead.
Eu sinto... Sinto-o segurar a minha mão... A sua voz... Ela está tão triste, tão sofrida.
- Você não sabe o quanto é difícil te ver desse jeito, ou até saiba de tanto que eu me lamento disso aqui com você. Mas eu só queria te dizer o quanto preciso de você de volta, eu já não aguento mais. Não aguento mais, Betty te ver desse jeito, não aguento mais vir aqui pra esse hospital te ver ao invés de chegar em casa e te encontrar na cozinha fazendo o nosso jantar. Ainda me dói muito todas as vezes que eu me lembro do nosso bebê.
Ele sabe do bebê!
- É difícil quando eu tenho que explicar ao Dylan que eu não sei quando a mamãe dele vai acordar, pois isso só depende de você reagir, os médicos estão fazendo tudo o que deve fazer, Betty, mas você também tem que lutar, você não pode se entregar a isso. Por favor, não desista, não desista de você, não desista da gente. Não desista de viver.
O meu filho... Ele precisa de mim, o Jug precisa de mim.
Eu ainda não entendi direito o que aconteceu e muito menos porque eu vim parar aqui, mas como ele disse: Eu preciso voltar, preciso voltar por eles. Mas eu não consigo. Eu não tenho forças o suficiente pra voltar, seja lá onde eu estiver nesse momento.
Eu sei que o meu filho precisa de mim.
Os meus filhos precisam de mim.
O Jughead precisa de mim.
Eu tenho que ser forte.
Sinto um toque leve e carinhoso em meu rosto e depois esse toque desce para minha mão e é possível eu escutar bem lá no fundo. Bem no fundo um...
- Eu te amo... Preciso tanto de você, Betty, tanto.
Essas simples palavras serviram como um dispositivo que me deu forças, forças não sei de onde, pra voltar, seja lá de onde eu estava, mas eu voltei.
Depois de tanto tempo na escuridão, assim que abro os meus olhos a luz extremamente clara irrita os meus olhos, mas antes que eu os feche, consigo vê-lo de relance com sua cabeça abaixada, posso ouvir o seu choro e sentir lágrimas escorrendo pela minha mão.
Aperto a mão do Jughead de leve, na verdade isso foi o máximo que eu consegui fazer naquele momento. E segundos antes de eu fechar os olhos por completo, consigo ver aqueles
lindos, mas ao mesmo tempo, agora tristes, olhos azuis me olhando.
O seu choro se intensifica.
- Meu Deus eu não acredito.
Sinto o seu corpo de leve sobre o meu. E a minha vontade era de retribui-lo o abraço, mas eu ainda estava um pouco sonolenta e aquele tubo na minha boca me incomodava.
– Você acordou, Betty, você acordou... Você voltou pra mim, eu sabia que você ia voltar... eu sabia, eu sabia.
Ele dizia aos prantos, distribuía beijos e mais beijos pelo meu rosto.
Consigo finalmente deixar os meus olhos abertos, a claridade já não me incomodava tanto.
Incomodava um pouco, mas eu conseguia mantê-los abertos.
- Meu Deus, eu não estou acreditando, você não sabe quanto tempo eu sonhei e esperei por esse momento.
Ele passava as mãos freneticamente pelo meu rosto e cabelo, parecia não acreditar em me ver acordada, imagino. Os seus olhos que há minutos estavam tristes. Agora transbordam felicidades. Pouquíssimo tempo depois, chegam três homens todos de branco e um deles pede para o Jughead se retirar. Presumo que seja o médico. Vejo o Jughead o olhando como quem dissesse que não sairia de perto de mim, mas o médico o convenceu de que logo ele poderia me ver novamente. Mas eu não queria que ele fosse, eu queria que ele ficasse aqui comigo, ao meu lado, como sempre esteve todo esse tempo.
[...]
Quinze dias depois...
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o delegado-Bughead
RomanceElizabeth Cooper era ainda uma menina quando viu a sua vida virar de cabeça pra baixo ao ser estuprada por um dos bandidos mais procurados do Rio de Janeiro. Três anos se passaram e ela se vê, novamente em um beco sem saída, tendo que, agora mais do...